O rapaz nomareano despertou-se em sua casa de um cômodo só, assim que levantou foi até uma bacia do lado de sua cama, encheu-a de água e lavou o rosto, encheu uma caneca com a água e espremeu um limão dentro, bochechou e cuspiu na bacia. Nomarea tem um povo higiênico e avançado se comparado aos outros continentes, a vaidade era importante para os mais nobres e refletia nos mais ordinários.
Ele se preparava para mais um dia comum, onde ele ajudava o povo de sua vila com poções e habilidades de curandeiro.
Conheceu seu ealyt pessoalmente quando ele precisou de um curandeiro para seu
Akheto, o ealyt de Atonen, mandou chamar o rapaz alquimista em sua casa e deixaram uma carta explicando a necessidade do ealyt. Boatos sobre o curandeiro corriam pela vila abaixo do palácio e logo chegaram ao próprio palácio, um curandeiro gentil e habilidoso que ajuda quem precisa apenas cobrando uma refeição para não morrer de fome e sede e os alquimistas do ealyt, o rei, eram todos especializados em venenos e os curandeiros não sabiam o que fazer com o animal do rei, que planta usar para seu alívio. Já haviam fechado a ferida de sua queda, mas a aparência não estava boa e o réptil estava febril.
O animal doméstico do ealyt, era um alzadaraea ou réptil armadurado, um animal agressivo, mas leal, com patas dianteiras enormes e fortes e as traseiras menores, suas costas cobertas por uma pele grossa como uma bolsa de pedra ou uma armadura.
O curandeiro gentil atendeu o chamado e foi ao encontro do seu ealyt. O rapaz ereto, apesar de baixo, forte da pele escura como um alazão e cabelo sedoso e branco como gelo, que chegou ao palácio, impressionou Akheto.
Quase todo nomareano tem pele escura e cabelo claro, mas o curandeiro tinha sua cor diferente, era avermelhada, sem manchas e o cabelo bem cuidado sem se embaraçar, Akheto apreciava tudo no curandeiro porque não era comum aquele cuidado e natureza. E um ealyt merece tudo o que há de incomum e de melhor.
O rapaz notara a imponência do seu ealyt, por debaixo do cabelo curto e branco havia um rosto retilíneo com uma maquiagem de ouro e azul e pintura corporal vermelha destacava o escuro de sua pele, mais escura e mais bela que a maioria, vestia apenas um colar de ouro e tecidos, uma saia de igual feitio e sandálias, notara também, que ele andava com movimentos cuidadosos, passos delicados e fala serena, parecia o tentar impressionar, ou era apenas movimentos de um ealyt vaidoso.
— Você tem mãos hábeis — disse o ealyt notando a delicadeza em que o curandeiro passava o medicamento na ferida. — O que é?
Isso deixou o rapaz sem jeito, sabia que não tinha posição de intimidade com o governador de Atonen.
— É unguento anestésico e ajudará a combater a infecção, senhor... alteza... majestade — respondeu envergonhado. Não sabia como se portar na frente de um ealyt.
— "Meu ealyt" é de meu agrado! — ajudou o rapaz a descobrir como o chamar.
— Sim, meu ealyt.
Os olhos da eaunet, a rainha, fitavam seu homem. Akheto não fazia questão de ver o trabalho de meros curandeiros ou qualquer que fosse a profissão de pessoas abaixo dele. Mas para o curandeiro era totalmente compreensível seu ealyt estar observando seu trabalho, pois seu animal estava machucado, ele estava preocupado, mas a eaunet via algo mais ali. E ela poderia saber, ele fez o mesmo com ela. Os mesmos olhos e a mesma atenção.
Quando o rapaz terminou seu serviço, o ealyt agradeceu.
— Você é um ótimo curandeiro, rapaz. Qual o seu nome?
O curandeiro respondeu sem graça, não era timidez o que sentia, era a grandeza do seu ealyt que o fazia sentir pequeno e não era de todo mal, o ealyt tentava o deixar confortável, mas a maquiagem, a roupa, a postura e a altura o mantinha na sua grandeza.
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O alquimista e o rei
Short StoryUm curandeiro gentil, reconhecido por ajudar todos na sua vila, é chamado para trabalhar para o rei. Depois de se conhecerem querem se aproximar mais e mais, mas a vida de um rei não permite tal aproximação.