Capítulo 20

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AVISO DE GATILHO



Descemos as escadas vagarosamente. Lucy e Matt ainda não acordaram e eu tinha decidido levantar mais cedo pra poder fazer nosso café da manhã, eu só não contei que Seth teria a mesma ideia.

Sorri enquanto pegava algumas coisas na geladeira e entregava para ele. Preparei a cafeteira e depois liguei a máquina.

- O que você quer comer? – perguntei, me sentando na bancada da cozinha.

Deu de ombros.

- Só café e torrada já está ótimo – bocejou se recostando ao meu lado no balcão. – A gente devia ter planejado isso melhor – comentou e eu olhei para ele interrogativamente. – O café da manhã – esclareceu. – Não tem muita coisa para usar de ingrediente – ri.

- Tão exigente... Eles vão sobreviver com torradas e café tão bem quanto a gente...

- Eu imagino... – sorriu e se virou para mim, ficando entre as minhas pernas e apoiou as mãos ao lado do meu corpo, no tampo do balcão. – Você parece gostar de ficar mais alta que eu – brincou com o tecido de minha blusa, distraído.

- É uma nova perspectiva – concordei. Mesmo sentada sobre o balcão eu não estou tão mais alta assim que ele. – Isso te incomoda?

- Não, nem um pouco – sorriu, entrelaçando seus dedos aos meus.

- Talvez por abrir um novo leque de possibilidades? – sorri maliciosamente e ele me encarou sem reação.

- Eu preciso aprender a lidar com essas mudanças – ele murmurou para si, me fazendo rir.

- Você vai se acostumar – garanti. – Ou se preferir, eu posso me comportar – libertei minha mão da sua e fiz o contorno de seus lábios com o dedo. Ele se espremeu contra o mármore, colando seu corpo ao meu, e se esticou, buscando minha boca. Retribuí o beijo, mas o barulho repentino da cafeteira me assustou, me fazendo dar um pulo.

Seth sorriu zombeteiro, percebendo que eu tinha me assustado pra valer. Sorri também e desci do balcão.

- Vem, vou te ensinar a fazer torrada... – ele revirou os olhos.

- É só colocar na torradeira! – resmungou.

- Ok, então tenta... – apontei os pães e a torradeira. – Faça as honras... – me sentei na cadeira e fiquei observando, e não foi surpresa que os pães estivessem meio queimados quando ele os tirou de lá.

Seth me fitou com a maior cara de decepção do mundo.

- Eu queria que as primeiras torradas que eu fiz na vida fossem suas – olhou tristonho para o prato com as fatias de pão.

Sorri e peguei o prato de suas mãos.

- Obrigada – passei um pouco de manteiga como de costume e mordi. Ele me observou, calado, mas parecia feliz com esse simples gesto. – Está gostoso – falei com sinceridade.

Seth sorriu bobamente e se virou para colocar mais pães na torradeira.

- O macete é sempre tirar antes do tempo da máquina – falei. – Senão sempre vai sair queimado – pisquei um olho para ele e ele concordou, dessa vez me escutando. – Vou acordar eles – avisei, mas ele me impediu.

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