Qᴜᴀɴᴅᴏ (Nãᴏ) Cᴏɴᴛʀᴀᴛᴀʀ Uᴍ Nᴀᴍᴏʀᴀᴅᴏ ᴅᴇ Aʟᴜɢᴜᴇʟ, NᴇᴊɪSᴀᴋᴜ

Olhos foram feitos para ver

Eram quase sete da noite.

A universidade de Konoha não estava tão cheia, mas eles sabiam que logo os alunos do turno da noite logo chegariam, lotando novamente os prédios e fazendo os universitários mais focados saírem das salas e correrem para a biblioteca, para estudar.

De certa forma, podia-se dizer que eles dois eram do grupo de universitários mais focados. Especialmente Sakura. Claro, não era atoa que ficou conhecida como o novo prodígio da Medicina no mesmo ano em que entrou para a faculdade, mas entre ela e Neji, a rosada era a que mais tinha motivação naquele momento, por assim dizer. O término do relacionamento com o Uchiha deixou marcas profundas e duradouras, e uma delas foi a quase perda do semestre. Precisou praticamente comer livros e vídeos para recuperar o tempo que perdera lamentando ter se livrado daquele garoto — era verdade, na época ela não enxergava isso, mas atualmente a lembrança só a fazia se sentir mais idiota — já que digerir a informação havia lhe custado meses de sua sanidade e vida acadêmica.

Ficava mais fácil com a rotina caseira e muito amorosa com o novo namorado, mas mesmo que Neji estivesse lhe ajudando a estudar — mesmo sob os protestos da rosada sobre estar se sentindo uma exploradora, para os quais arrumou uma justificativa que a Haruno não podia refutar, por mais que quisesse: ajudá-la era como fazer uma revisão de alto nível, porque os dois passavam horas discutindo a matéria sem sequer se cansarem — era um processo exaustivo, exigente, já que Sakura precisava aprender matérias passadas e atuais. Teria ficado catatônica sem Neji? Certamente que sim. Talvez até mesmo teria cometido um crime de ódio ao perceber o quanto atrasou sua vida por causa do cretino de Sasuke Uchiha.

Era bem verdade que o convívio com o Hyuuga suavizava a revolta que aquela descoberta gerava, mas Sakura realmente não sentia ódio de Sasuke. Claro que não caía de amores por ele, mas ódio era um sentimento forte demais para descrever o que o Uchiha era naquele momento. Na realidade nem mesmo a Haruno se importava em classificá-lo, o irmão de Itachi apenas era uma parte de seu passado que ela queria deixar ir e tinha o infortúnio de ver todos os dias. Mas isso nem a afetava.

Por isso, ela não praguejou ao fechar sua enciclopédia de anatomia, apenas olhou para o namorado com a expressão de cansaço que o deixava completamente derretido.

— Mi amore, acho que por hoje está bom. — A rosada levantou-se e caminhou na direção dele, fazendo Neji largar o livro que segurava para abraçá-la quando ela sentou em seu colo. — Vamos embora?

— Vamos deixar os exercícios para amanhã, então? — Selou-lhe os lábios, assentindo mesmo que estivesse esperando a confirmação que veio por parte de Sakura. — Quanto falta para você recuperar o que perdeu em Anatomia Humana?

— Acho que já estou fora de perigo, mas é que preciso entregar um trabalho na semana que vem, mi amore.

— Entendi, sua plagiadora. — Outro selar e o Hyuuga fechou o livro corretamente e o afastou, indicando que iria juntar os materiais para que fossem embora. — Então bora, temos que descansar.

— Depois que tomar um banho fico nova em folha, talvez dê até para fazer umas anotações. — Anunciou ela, levantando-se e caminhando para a mesa. Começou a juntar sua bela coleção de canetas e marcadores de texto enquanto perguntava: — Vai dormir lá em casa de novo, mi amore?

O Hyuuga riu, o que involuntariamente — ou não tão involuntariamente assim — aqueceu o coração da rosada.

— Acho que você vai acabar me fazendo morar no apartamento. — Fez uma pausa dramática, acompanhada de uma risada curta e maliciosa que Sakura sabia significar mais uma de suas piadinhas. — Ou será que quer umas aulas particulares?