𝙲𝚊𝚙𝚒𝚝𝚞𝚕𝚘 𝟶𝟷

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Engulo a pílula azul.  Quando fecho o pote eu leio os números embaixo do código de barras - "23880019" , validade de 08.01.2180_G.A- de acordo com o governo isso é para nos ajudar com a manutenção de nosso hormônios, isso vai garantir com que não haja uma prévia transformação já que nosso metabolismo é bem diferente dos humanos. Cada período precisamos tomar as pílulas, de fato, passar por tudo isso para ter uma vida normal é uma droga e para quê? Sermos obrigados a nos rebaixar para a conveniência de um humano medíocre- cuidadosamente eu caminho até o banheiro- o que eu mais odeio sobre essas malditas pílulas são os efeitos colaterais, mas as vermelhas são piores ainda, a minha sorte é que eu não preciso toma-las.

Devo agradecer pelo meu banheiro ser dentro do meu quarto, mesmo assim eu caminho devagar e tateio a parede até a porta aberta, minha cabeça dói e meus olhos ardem.- eu não entendo como vamos continuar desse jeito para sempre, pensar que esse é o único jeito que metamorfos tem para viver pacificamente entre humanos, é apenas... Devastador. Nós vivemos aqui, governamos entre e acima deles. Por que deveríamos nos igualar a seres tão estúpidos ? Os superiores não vão nos obrigar a nos oprimir por eles, pois quem deveriam se viram são os impuros oras, somos Deuses e não deveríamos nos ajoelhar perante esses imundos.- jogo a água da torneira sobre meu rosto me preparando para mais uma manhã, e assim que me olho nos espelho vejo minhas orelhas arredondadas após tomar meu complemento, olhar para mim mesmo é como olhar para um cadáver;  linhas de expressão no rosto, pálpebras pesadas, olhos fundos. 

Eu estou miserável, se não fosse pela minha má vontade eu me cuidaria- não toco na toalha pendurada ao lado do espelho, deixo que meu rosto se seque sozinho, poder lava-lo já é o suficiente. Se eu estivesse no fundo do poço jamais faria disso uma prioridade- o que salva minha aparência são meus olhos gélidos, deixo meu cabelo como está, arrumo depois. 


Assim que deixo o banheiro, ouço o telefone tocar do criado-mudo. Atendo rapidamente:

-Bom dia, Eris.- uma linda voz sai da linha, eu sei a quem pertence.

-Olá querida- sua voz é um dos meus sons favoritos, pareço um tolo ao atender ao telefone tão mansamente... Toda vez que recebo uma ligação de Phoebe meu coração só falta pular da garganta.

-Me pergunto se poderíamos encontrar na praça Phoenix- passo a mão sobre meu cabelo- Eu preciso vê-lo.- pelo modo que falara parecia ser algo muito importante, eu a amo, pelo menos tenho certeza de que ela é o amor da minha vida.

-Certo, quando vamos nos encontrar?- meus dedos hesitam em continuar segurando o telefone.

-Por agora.- antes que eu possa dizer "eu te amo" ela encerra a linha.

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Estar com Phoebe me faz nervoso,  tanto no sentido bom quanto no ruim, eu a amo tanto mas eu sinto como se ela não soubesse demonstrar seus sentimentos da maneira como deveria, as vezes me sinto incerto sobre esse relacionamento mas eu sei que talvez no fundo ela me ame. Essa é a quarta vez que voltamos desde de nossa primeira briga... Ninguém é perfeito, eu não a culpo, ela faz o melhor que pode. 

Olho para o lugar procurando por sua presença, hoje não está tão lotado quanto o esperado. É um tanto refrescante, o céu está limpo e o clima agradável. Dissiri é uma bela cidade não tão longe do mar, Darya é bem conhecida pela suas praias e montanhas... Comparando com Asteria nosso país vizinho, nossas políticas não são de primeira mão, mas se eu fosse ver por outro lado pelo menos eu não vivo em um país de baixo nível como Toska ou Skaoi. Preciso me lembrar de ser grato as vezes.

ʜᴇᴀʀᴛ ᴏғ ɢʟᴀss-[ᴘᴛ/ʙʀ]Onde histórias criam vida. Descubra agora