Capítulo 1

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Era 31 de dezembro, já sabia o que ela iria me perguntar. Quando seu sorriso lentamente sumiu de seu rosto, meu coração se apertou, como todas as vezes que eu assistia a pouca felicidade que a proporcionava se esvair. Alessa me encarou, odiando a si mesma por colocar aquele peso em mim, odiando sua mente que implorava para a resposta ser diferente de todas as outras. Mas não seria. Eu nunca permitiria.

— Sim ou não? — sua pergunta saiu em um sussurro, quebrando o clima e meu coração junto. Seus olhos se encheram de lágrimas.

Permitir-me observa-la, seu rosto pálido e incrivelmente magro, o corpo frágil e as roupas largam que tentava esconder suas falhas dos outros. Analisei todos os seus membros cansados, os ombros que sempre pareciam estar curvados para frente, as olheiras roxas abaixo das orbitas negras das noites em que sua ansiedade não a deixava dormir. E por fim analisei seus olhos negros vazios, solitários, implorando pela a minha deixa.

— Não, querida — as palavras me deixaram, sem pensar e nem considerar. Não tinha condições de a resposta ser diferente e observei quando ela a recebeu. O tão familiar suspiro cansado que saiu de seus lábios rachados, as lágrimas costumeiras que encheram seus olhos.

Não importava o quão desesperada Alessa estivesse por paz. Ela nunca quebraria uma promessa. Nunca me deixaria sem ter certeza que eu ficaria bem. Essa era a Alessa e ela é maravilhosa.

Ela respirou fundo e secando os olhos molhados. Quando me encarou captei o filete de raiva tempestuosa e antiga ali, foi apenas um milésimo de segundo, pois no momento que ela piscou novamente, não estava mais lá. Sabia que era um monstro por negar isso, mas como subsistiria com a culpa de que fora eu que a empurrei? O que falaria para sua família? Como iria viver sem ela?

— Okay.

Seu rosto se contorceu em uma careta, tentado simular um sorriso. Mas tudo bem, eu poderia sorrir por nós duas até ela apreender a sorri de novo.






E no final ela disse simOnde histórias criam vida. Descubra agora