05 • de volta ao inferno

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De todas as respostas que espero ouvir, a que recebo é totalmente inesperada:

Jimin está rindo.

Ele está, literalmente, gargalhando agora, com seus olhos fechados em dois riscos minúsculos, as bochechas infladas e o corpo curvado para frente, já afastado de mim.

A questão é que não há nada de engraçado.

Minha cabeça está me atormentando à vários dias e eu sinto, basicamente, uma necessidade de saber quem é aquele homem que dançou pra min.

Há muito tempo eu percebi que sou uma pessoa oito ou oitenta e, na maioria das vezes, isso é horrível, mas é inevitável.

A minha vida funciona entre desinteresse e obsessão constante, se algo me interessa, me interessa demais e eu vou atrás de tudo que posso para me satisfazer em relação a isso.

Não é atoa que eu fui tão longe nas minhas pesquisas sócio-científicas. O assunto me prendeu de uma tal maneira que se tornou parte da minha vida e a razão pela qual me levanto todos os dias a seis e quarenta e cinco da manhã.

E isso não é diferente das outras coisas, até pequenos gostos pessoais me fizeram ir além, por exemplo; desde a primeira vez que minha mãe me comprou um gibi do homem aranha, eu nunca mais parei de gostar e consumir conteúdos de super-heróis. Hoje, eu maratono, obrigatoriamente, pelo menos uma vez ao mês todos os filmes da Marvel. E como se não bastasse isso, a minha decoração de casa é quase toda remetida a franquia. Até mesmo o nome do meu cachorro tem a ver com isso.

Mas do mesmo jeito que eu sinto todo esse interesse em coisas específicas, se algo não me prende, o meu desinteresse é grande e eu nem sequer consigo dar uma chance ao que quer que seja.

Sinceramente, eu não acho ruim ser assim e até estava vivendo bem com meu jeito intenso, mas quando percebi que sou assim com as pessoas ao meu redor, isso se tornou um pouco nocivo.

É uma frustração constante querer certas pessoas muito próximas e outras muito longe, e não poder controlar isso.

E agora, tudo que penso é que eu quero aquele dançarino, eu o quero próximo, quero conhecê-lo, quero sentir o seu cheiro e poder falar com ele. Quero poder pergunta-lo o porque dele estar vivendo essa vida vazia. Mesmo que não seja da minha conta, eu sinto essa necessidade e não há nada que me faça desviar desses pensamentos.

É por isso e por todas as coisas que preciso saber quem ele é, preciso tranquilizar minha mente de tudo isso.

Mas, antes mesmo que eu possa perguntar o porque Jimin está rindo tanto, ele se pronuncia:

— Professor... Eu? Dançarino? Você está louco! — E da mais uma gargalhada. — Você está me confundindo.

Me sinto um palhaço. Ele está brincando comigo?

Eu sei que coincidências existem, eu realmente acredito nisso, mas tudo se encaixa: o cheiro, o cabelo loiro, as curvas do seu corpo e claro, o fato dele ter dito que trabalhava a noite.

Podia até mesmo sentir o alívio de saber que ele era a resposta que eu estava procurando, mas agora, me sinto levemente confuso.

Mil Dentes de Leão • JJK + PJM Onde histórias criam vida. Descubra agora