Capítulo 16

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   Molly parou o carro em frente à casa do Peter.
- Ei gatinha, você está bem?
   Fiquei calada desdo shopping.
- Talvez eu deva voltar para a minha casa. - olhei para a Molly e ela me encarou.
- Você sabe que pode ir lá para casa sempre quiser, né?
- Sim, sei sim. Obrigado Molly. Mas acho que já está na hora de voltar.
- Conversa com ele, Claire. Vocês são um casal agora, bem eu acho.
   Sorri para ela e sai do carro batendo a porta.
- Você não afirmou e nem negou! - gritou a Molly da janela do carro.
   Só sorri e continuei andando.
   Abri a porta e fui surpreendida com um cheiro maravilhoso.
- Você preparando a janta? - digo sorrindo, colocando a minha bolsa no sofá.
- Sim. - disse ele. - Parece surpresa. Eu cozinho bem!
- Eu nunca disse que você cozinhava mal. - digo beijando sua bochecha.
- Fico feliz por ter voltado hoje. Pensei que ia dormir na casa da Molly.
- Vamos dizer que eu mudei de ideia. - digo, lembrando que o Matt iria lá mais tarde.
- Eu sei que você não aguentaria ficar um dia longe de mim. - disse ele sorrindo.
- Você é muito convencido. - digo pegando um pedaço da torta de morango.
- Ei! Espera! Não pode comer ainda!
   Sai correndo pela sala e subi as escadas.
- Aqui Mia! Come rápido!
   Mia se assusta com a gente, mas comeu o morango.
- Não! - disse o Peter. - Vocês estragaram a minha surpresa.
- Está uma delícia, não é Mia?
- Está sim! - disse ela sorrindo.
- Então vou terminar o resto da surpresa. - disse o Peter descendo as escadas.
   Fiquei ao seu lado por um tempo.
   Peter me encarou e chegou mais perto. Sorriu pra mim é logo em seguida sujou a minha bochecha com o recheio do bolo de chocolate.
   Gritei rindo.
- Não acredito que você fez isso. - digo sorrindo.
   Quando ele virou para pegar um pedaço de papel, faço a mesma coisa com ele.
   Ele me encara e corre atrás de mim.
- Isso não é justo. - disse ele sorrindo.
- É mais do que justo.
   Ele segurou minhas mãos e me puxou para perto e lambeu o glacê que tinha na minha bochecha.
- Ahh Peter. - gritei.
   Sorrimos.
   Levei um susto com o meu telefone tocando na minha bolsa.
   Atendi rapidamente.
- Alô?
- Oi.
- Quem é? - pergunto passando a mão pelo cabelo.
- Sou eu, Claire. O Matt. - disse ele baixo. - Antes de desligar, quero me desculpar.
   Pego um pedaço de papel toalha e limpo o meu rosto.
- Estou ouvindo. - sai da sala e fui para a parte de trás da casa.
- Eu sinto muito. Eu quero que você me perdoe. Sei que é difícil, mas eu quero mudar, Claire. Eu gosto mesmo da Molly, e eu quero ficar com ela. Mas não posso.
- Está me contando isso, depois de me beijar. - digo, a raiva estava clara em minha voz.
- Eu sei. Foi um erro. Eu mudei. Quero que perceba isso. Fui um babaca eu sei, mas quero lhe compensar.
- Olha Matt, eu gosto muito da Molly, ela é a minha melhor amiga. Não quero vê-la chorando por sua causa.
- Eu sei. Eu a amo,Claire. Depois que eu soube da sua habilidade, queria te mostrar que eu não estava mentindo. Sei que fui precipitado, mas estou desesperado.
- Tudo bem Matt. Não tocamos mais nesse assunto.
- Tudo bem. - disse ele suspirando. - Desculpe estragar a noite de vocês.
- Ah, tudo bem. A Molly prefere ficar com você. Tenho que ir.
    Desliguei o telefone e voltei para a sala.
- Algo importante? - pergunta o Peter.
- Não. Nada demais. O que temos para a janta hoje?- pergunto mudando de assunto.
- É surpresa. - disse ele.
  A porta faz um barulho estranho e a maçaneta gira. Amanda chegou já se sentando no sofá.
- Oi queridos. - disse ela cansada.
- Oi Amanda. - disse o Peter.
- Oba! Janta. - disse a Amanda.
- Sou o cozinheiro chef hoje. - disse ele sorrindo. - Mas até agora só fiz a sobremesa.
   Ela forçou um sorriso.
- Vou tomar um banho. - disse ela subindo as escadas.
   Eu a olhei. Ela não estava bem.
- Amanda! - subi as escadas atrás dela. - Podemos conversar depois? Queria um concelho seu...
- Claro querida!
   Sorri para ela.
   Parei por um segundo e olhei para a Amanda entrando em seu quarto. Desci às escadas, voltando para a cozinha.
- Sua mãe não está bem, Peter. - digo subindo na pia ao seu lado.
- Notei também. Mas não sei o que posso fazer. Ela não quer falar sobre isso.
- Vamos dizer que eu sou a arma secreta. - balanço minhas mãos no ar.
   Ele me encara e sorri.
- Isso é trapaça. - disse sorrindo.
- Mas vale de qualquer jeito. - pego outro morango disfarçadamente. - Vou conversar com ela depois.
   Coloco o morango na boca e ele vê.
- Vai acabar com a sobremesa. - disse ele sorrindo.
   Peter chega perto de mim e morde a metade do morango que estava na minha boca.
- Isso não vale! - digo empurrando ele.
   Um barulho vem lá de cima. Peter desliga o fogo.
- Espera aqui. - disse ele tirando o avental.
- Vou com você. - digo pulando da pia.
   Peter revira os olhos com a minha teimosia.
   Subimos as escadas, a Mia estava tomando banho. Peter empurrou devagar a porta do quarto da Amanda. Ela estava caída no chão.
- Mãe! - grita ele.
   Uma das poucas vezes que o vejo a chamando de mãe.
  Peter a pega em seus braços e a coloca na cama.
- Meu deus! O que aconteceu com você? - pergunta ele.
   Vou correndo ajudá-lo a deixar confortável.
- Meu deus... - minhas palavras ficam no ar.
- Mãe? - pergunta o Peter.
- Peter, eu posso fazer isso. Só me deixa à sós com ela.
- Tem certeza?
- Tenho... - digo abaixando os olhos.
- Vou falar com a Mia. - disse ele preocupado.
- Só traga uma toalhinha e um pouco de água.
- Ok.
   Peter trás tudo o que pedi. Sento ao seu lado na cama e respiro fundo. Preciso de máxima concentração.
- Claire...
- Está tudo bem. Você vai melhorar, espero.
  Seguro suas mãos e começo a ver flashes. Eu a vi muito pequena correndo atrás de uma borboleta e um jardim magnífico. Pessoas completamente belas. Um menininho de olhos verdes acenando para ela. E então os flashes começaram a ir rápido demais. Ela e a minha conversando. Ela e a minha mãe, MEU DEUS MINHA MÃE. Eu nunca à vi. Ela me abandonou. tenho meu pai... E agora descubro do meu irmão. A morte da minha mãe, ela viu. Eu não sabia... Minha mãe... Morta.. Ela e o Peter conversando. Vi tudo. Até momentos antes. Ela estava conversando com um homem alto de olhos mais escuros que eu vi, mas tinha um tom avermelhado, eles estavam discutindo. Ele da um tapa na cara dela e ela cai no chão. Depois os flashes foram rápidos demais. E escuto uma voz antes de voltar para a casa.
"Você está ficando mais forte, Claire. Estou orgulhoso."
  
   Larguei suas mãos e ela estava me olhando. Minha cabeça doía tanto que parecia que ia explodir.
   Ela abre um enorme sorriso para mim, mas não abre os olhos.
- Você vai ficar bem, Amanda. Só precisa descansar. - digo colocando uma toalhinha em sua cabeça.
- Obrigado. - disse ela segurando a minha mão.
   Sorri para ela e fechei a porta de seu quarto. Sentei contra a porta, abracei os meus joelhos, e chorei.
   Minha mãe estava morta? Como eu não me lembrava? E aquele jardim, por que me parecia tão familiar? E aquelas pessoas..? Por que não consigo me lembrar? Isso está me apavorando.
   Lavei meu rosto, não queria que o Peter me visse chorando. Fui para a cozinha. E o abracei por trás com toda a minha força.
   Ele beijou a minha testa. Peguei sua mão e mostrei para ele tudo o que eu tinha visto. Seu rosto brincalhão se torna mais rígido.
   Depois de minutos ele quebra o silêncio entre nós.
- Sinto muito, pela sua mãe.
   Assenti com a cabeça abaixando os olhos.
- Vamos jantar? - pergunta ele. - Como ela está?
   Peter tenta mudar de assunto, mas nós dois sabemos que não vou parar de pensar nisso.
- Ela vai ficar bem... - digo.
- Vou chamar a Mia. - disse ele.
   Fiquei pensando. O Peter é muito mais forte do que eu pensava. Ele fica mal, mas consegue esconder isso, uma coisa que eu queria fazer.
- Ebah! Comida! - disse a Mia.
- Acho que devemos levá-la para um hospital. - disse o Peter.
- Relaxa, Peter. Ela vai ficar bem.- digo. - Se ela não melhorar, vamos com ela amanhã.
- Tudo bem. - disse ele.
   Ligamos a TV e assistimos um filme de comédia, para distrair. Peter me abraçou, sabia que ele estava nervoso, mas não sabia o que falar.
- Vou dormir. - disse a Mia. - Claire, pode me colocar na cama?
- Sim.
   Subi com a Mia.
- Boa noite, princesa. - digo à cobrindo.
- Meu pai disse que a minha mãe vai ficar bem, que os anjos estão cuidando direitinho dela. - disse ela. - Ele disse que os anjinhos estão cuidando da sua também.
- Eu sei querida. - digo beijando sua testa.
   Meus olhos se encheram de lágrimas.
- Boa noite, Claire. - disse ela.
- Boa. - digo apagando as luzes.
   Desço e ajudo o Peter com a louça.
- Peter? Você está bem?
- Estou sim, por que?
- Está tão quieto.. - digo.
   O silêncio permaneceu.
   Acabamos com a louça e fomos dormir.
- Peter, precisamos conversar. - digo passando a mão pelo cabelo.
- Claro, pode falar.
- Eu sei que não é o momento... Mas isso está me incomodando. Preciso te contar. - digo nervosa.
- Pode falar...
- O Matt me beijou...
   Falamos ao mesmo tempo.
    Peter me encara sem palavras. Não conseguia ler sua expressão.
- Peter, fala alguma coisa!
- Meu deus! Ele te beijou? Que merda de pegadinha é essa, Claire?
- Não é pegadinha! Ele... Ele me beijou.
- Quando isso?
   Peter levantou da cama e ficou na minha frente.
- Ontem.
- Ontem?
- Sim. Ele foi se desculpar...
- Ah e para se desculpar ele te beijou?
- Ele disse que sabia da minha nova habilidade, e queria provar que estava arrependido, que mudou. Eu o empurrei na hora, mas fui pega de surpresa.
   Peter começou a andar pelo quarto, o que me deixava mais nervosa.
- Peter...
- Olha Claire, sei que você não tem culpa, okay? - disse ele segurando o meu rosto.
   Minhas lágrimas já estavam saindo pelos meus olhos.
- Não chore...
   Senti uma energia muito grande entre nós dois.
- Sinto muito..
- Fico feliz por ter me contado, okay?
- Okay.
- Só vou matar esse cara, ta?
- O que? - digo rindo de surpresa.
   Ele sorri e me abraça.
- Eu te amo, Claire. Nada vai estragar isso. Nem mesmo quando o cara que eu mais odeio beija a garota que eu amo. Só vou matar ele, simplesmente isso.
   Sorri com suas palavras. Mas no fundo, eu sabia que ele não estava brincando.

A EscolhidaOnde histórias criam vida. Descubra agora