O menino de meus sonhos (Namgi)

O menino misterioso

O som do piano ecoava no extenso corredor vazio e mal iluminado de uma escola primária abandonada, Namjoon sentia calafrios conforme andava pelos corredores, os seus sapatos sociais -Ferracini preto- batia contra o piso sujo de areia e folhas do outono, conforme andava o som ficava mais alto sua respiração começou a diminuir e o corredor passou a ser mais extenso que o normal.

Ele gostaria de gritar e correr o mais longe possível daquele lugar mas não conseguia, parecia que algo lhe manipulava o fazendo caminhar lentamente conforme a melodia de um piano, pode enxergar no final do corredor um pouco iluminado,  uma luz, que parecia ficar mais forte conforme se aproximava, junto do som do piano muito bem afinado.

Namjoon estava pronto para entrar em contato com a luz misteriosa, tampou os olhos com o antebraço por causa da claridade e o vento forte que surgiu do nada, pode escutar de fundo bater de armários, asas de pássaros a voarem e folhas se chocando uma com as outras a baila com o vento. Namjoon sentiu a amargura na boca e um cheiro forte de mar, quando tirou o antebraço dos olhos castanhos -após o vento cessar-, não podia se ver mais um corredor medonho, sim um mar azul de água cristalinas, com gaivotas e um lindo pôr do sol que se deitava além do horizonte, era lindo a visão mas não podia acreditar que estava em um lugar como aquele.

O som do piano tinha se estagnado deixando seu interior ansioso, tinha algo de errado. Namjoon olhou para baixo, estava em cima de um deque de madeira escura caindo aos pedaços, não tinha ninguém à sua volta além dele mesmo e o mar.

As ondas batiam contra o pé do deque e algumas rochas cobertas por musgos e fezes de pássaros.

Suspirou aquilo tudo não passava de um sonho ele sabia muito bem daquilo, apesar de ser tão real desde cheiros, contatos e sons que nunca pode escutar como antes -tinha sérios problemas auditivos, que tinha que fazer uso do aparelho que sempre o permitiu escutar, e toda noite e obrigado a tirá-los por segurança em não quebrá-lo ou qualquer outra coisa-, se não fosse estava ficando louco.

Se virou contra o mar olhando uma imensidão branca, que estranho? Agora estava em uma espécie de um vazio branco? Inclinou um pouco a cabeça e deu o primeiro passo, o som do piano voltou com um grande arrepio na espinha.

Namjoon se perguntou, quando aquele sonho acabaria, seguiu o som do piano, que soava muito longe lhe deixando ansioso para saber de onde vinha. Todos os sonhos tinham um significado e o seu parecia que não, era tão confuso e sem sentido, todos os lugares que passou até agora eram lembranças que tinha, quando era criança e adolescente.

A escola que estava de início e sua escola primária que fora atingida por um tsunami anos atrás, o deque e a representação da sua adolescência que sempre ia para esfriar sua cabeça de alguma besteiras que cometeu quando era mais novo. Já aquela imensidão branca e seu trabalho como pintor, ele tinha que olhar aquela tela branca sempre iniciaria alguma pintura que demoraria anos a ser terminada e vendida por algum admirador de artes ou um rico sem admiração querendo comprar por comprar e exibir em alguma sala, corredores até mesmo quartos quase sem vida.

Mas já o piano não sabia dizer o que representava, era um mistério que tentava entender há anos.

Namjoon agora corria pela imensidão branca com o som do órgão instrumental soar cada vez mais alto e rápido como se a "pessoa" responsável a tocar aquilo estivesse correndo contra o tempo para finalizar a melodia que soava calmamente e sem pressa.

Correu cada vez mais e mais rápido sentindo a sola dos pés doerem,Namjoon sentia o suor escorrer pelas suas têmporas e seu fôlego acabando em pouco em pouco pelo esforço em correr até o som, sentiu a necessidade em parar um pouco e respirar mas seus pés pareciam não querer então continuou correndo sem rumo algum até aparecer um porta de madeira escura.