- 𝖳𝗁𝗂𝗋𝗍𝗒-𝗇𝗂𝗇𝖾

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Não voltei para o carro imediatamente. Tudo que tinha diante de mim eram escolhas impossíveis. Como eu poderia encarar Noah depois do que acabara de acontecer?

Depois de nos beijarmos, depois de eu sair correndo atrás de Aidan ? Minha mente estava girando em um milhão de direções diferentes. Eu tocava meus
lábios. Então toquei o pescoço, onde estava o colar. Fiquei andando à toa pelo campus, mas, depois de um tempo, voltei para o carro.

Que escolha eu tinha? Não podia simplesmente ir embora sem falar
com ninguém. E não era como se eu tivesse outra maneira de ir para casa.

Acho que Aidan pensou a mesma coisa, porque, quando voltei para o carro, ele já estava lá, sentado no banco de trás, com a janela aberta. Noah estava sentado no capô.

— Oi — cumprimentou.

— E aí — respondi, hesitante, sem saber o que viria a seguir.

Pela primeira vez, nossa conexão telepática não funcionou comigo, porque eu não fazia ideia do que ele estava pensando. Era impossível ler seu rosto.Ele deslizou do capô para o chão.

— Pronta pra ir pra casa?

Assenti, e ele me atirou a chave.

— Você dirige.

                              ✩✩✩

No carro, Aidan me ignorou completamente. Eu não existia mais
para ele. E, apesar de tudo que eu tinha dito, aquilo me deu vontade de morrer. Eu nunca devia ter vindo. Nenhum de nós estava se falando. Eu havia perdido os dois.

O que Emma diria se visse a bagunça em que estávamos agora? Ela ficaria muito decepcionada comigo. Eu não havia ajudado em nada. Só piorara tudo.

Justamente quando a gente pensou que as coisas ficariam bem entre nós, tudo desmoronou.

Eu estava dirigindo pelo que parecia uma eternidade quando começou a chover. Gotas grossas começaram a cair, e o céu desabou. Era muita água.

— Você está conseguindo ver bem? — perguntou Noah

— Estou — menti.

Mal conseguia ver meio metro à minha frente. Os limpadores iam e vinham furiosamente.

O trânsito estava lento, até que quase parou. Havia luzes das sirenes de polícia mais adiante.

— Deve ter havido um acidente — comentou Noah.

Ficamos parados no trânsito por mais de uma hora quando começou a chover granizo.

Olhei para Aidan pelo retrovisor, mas sua expressão estava impassível. Ele poderia muito bem estar em outro lugar.

— Não seria melhor a gente parar?

— Sim. Pegue a próxima saída e vamos tentar encontrar um posto de gasolina — concordou Noah, olhando para o relógio.

Eram dez e meia.

                               ☆☆☆

A chuva não aliviou. Ficamos sentados no estacionamento do posto pelo que pareceu uma eternidade. A chuva fazia muito barulho, mas o silêncio dentro do carro era tamanho que, quando meu estômago roncou, tenho quase certeza de que os dois escutaram. Tossi para
disfarçar o barulho.

Noah saiu do carro e correu para dentro do posto. Quando voltou, seu cabelo estava pingando. Ele atirou um pacote de biscoitos de manteiga de amendoim e queijo na minha direção sem nem me olhar.

It's not a game without you • Aidan gallagherOnde histórias criam vida. Descubra agora