Dúvidas e sensações estranhas

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Nami nunca pode explorar muito bem sua sexualidade, nunca pode vivenciar coisas como "amor de adolescência" e nem nada do tipo. Estava ocupada demais tentando sobreviver junto de um maldito tritão.

Desde que fez o acordo com Arlong, sua mente trabalhava 24h por dia para pensar em como iria cumprir sua parte.

Não poderia dizer que nunca se interessou por ninguém, pois ela estaria mentindo. Sentiu sim certa atração por algumas pessoas durante suas viagens, mas ficou apenas nisso, afinal quando o assunto é roubar, tudo tem de ser feito muito rápido.

Pegar e fugir. Sem tempo para conhecer pessoas novas ou sequer saber os seus nomes.

Então quando viu o homem loiro que lhe serviu quando foi para o Baratie, decidiu ignorar a vontade avassaladora de beija-lo. Até porque, não ficaria tanto tempo ali, logo iria embora e foi exatamente isso que fez.

Aproveitando todo o tumulto que acontecia no restaurante, pegou o Going Mary e partiu de volta para sua vila natal.

E como isso doeu. Doeu como o inferno trair aquelas pessoas que tinham proporcionado-lhe os primeiros momentos de calmaria em tanto tempo, mas era necessário. Uma vila inteira dependia disso.

Porém ela tinha esquecido que quando Luffy quer algo, ele tem. Quando viu a escrivaninha que lhe tomou a liberdade sendo atirada para fora, sentiu que estava sendo solta das correntes que por tanto tempo a impedirá de viver da forma que queria.

Finalmente estava livre pra correr atrás do seu sonho. Correr atrás do seu sonho junto de seus companheiros e também junto de Sanji, o cozinheiro que pensou que jamais veria novamente.

Descobriu que ter que conviver com alguém por quem sentia tanta atração não era nada fácil e cada dia que passava ficava mais difícil ainda.

Se fosse só a atração estaria tudo bem, Nami conseguia lidar com isso. Mas Sanji deixava-a completamente louca!

Não que ele a incomodasse, de modo algum! Nami na verdade adorava a forma como era bajulada. Adorava todos os doces que Sanji preparava para ela e APENAS para ela.

Também se sentia tão protegida com ele por perto, pois por ter se livrado de Arlong a tão pouco tempo, ainda tinha alguns pesadelos com ele.

Sempre sonhava que ele apareceria e mais uma vez tiraria de si tudo aquilo que mais amava. Isso aterrorizava Nami a ponto de fazê-la acordar com lágrimas transbordando em seus olhos.

Mas em noites como essa, Sanji sempre estava lá. Parecia adivinhar quando esses pesadelos voltavam a atormentar Nami, pois ele sempre abria a porta no momento certo.

Ele é o tipo de homem que não perde uma oportunidade de flertar com alguém, mas nessas noites conturbadas ele não falava nada. Apenas se deitava ao lado da navegadora e abraçava-a, até que tudo passasse.

Algumas vezes só isso era o suficiente para lhe acalmar, pois o cheiro de cigarro impregnado em Sanji lembrava sua mãe, mas em outras, ela se lembrava da forma violenta Bellé-mere havia morrido e isso fazia todos os pensamentos ruins voltarem.

E quando eles voltavam, ela chorava e chorava, até que não tivesse mais forças. Mas Sanji não se importava de ter a camisa ensopada por lágrimas, tudo que ele queria era acabar com o sofrimento de sua garota, então ele apenas a abraçava mais forte e dizia que tudo ia ficar bem.

Ela conseguia sentir os selares carinhosos que ele dava no seu cabelo bagunçado para lhe acalmar. E céus, como ela amava quando ele fazia isso. É tão… protetor.

E era o fato de Sanji ser tão incrível que enlouquecia Nami aos poucos.

Ela sempre fora o tipo de garota que tem tudo sob controle, que sempre sabe o que fazer. Mas toda manhã, quando Sanji lhe dá um beijo delicado na testa e diz "bom dia, Nami-chan", a navegadora perde o rumo

Sentia algo se remexer dentro de si sempre que conversava com ele e essa coisa a assustava tanto. Era algo que ela nunca havia sentido e cada dia ficava mais intenso

E quem poderia julga-lá? Uma paixão pode ser aterrorizante, ainda mais pra alguém que sequer sentiu isso antes.

Mas tudo entrou nos eixos em uma madrugada fria.

Era a vez de Nami ficar na vigília e como sempre, Sanji ficou acordado para fazer-lhe companhia (outra coisa que Nami também adorava).

Em madrugadas assim, Nami e Sanji tinham as mais variadas conversas. Iam de teorias sobre o que raios seria o One piece até coisas bestas, como qual seria a primeira coisa que Luffy diria ao acordar.

Nami não se lembra exatamente como, mas uma dessas conversas chegou à um assunto que a ruiva não tinha propriedade alguma para falar: Beijos.

E incrédulo era a palavra que descrevia Sanji quando Nami disse ser bv.

"Como uma garota tão linda pode nunca ter ficado com alguém?". Essa foi a pergunta que Sanji lhe fez, mas também não soube como responder.

Ela era uma garota bonita, tinha noção disso, mas nunca se interessou tanto em ficar com pessoas. E mesmo se tivesse, nunca teve uma oportunidade.

Mas agora que estavam falando disso, Nami se perguntou qual seria a sensação. Qual seria a sensação de puxar o homem ao seu lado pela camisa e beija-lo até que o sol aparecesse?

 Olhou para Sanji e percebeu que ele a encarava com um olhar diferente, não conseguia explicar direito. Era um misto de ternura e… Nervosismo?

Sentiu o coração acelerar quando ele segurou levemente o seu queixo e perguntou com uma voz rouca, que a fez arrepiar inteira, se poderia ter essa honra.

Sequer tinha forças para responder, apenas fechou seus olhos e sentiu os lábios de Sanji tocarem os seus.

E "uau" era a única coisa que conseguia pensar. Imaginava que Sanji é um homem experiente quando o assunto era esse, mas imaginar e sentir eram coisas muito diferentes.

Ele estava sendo carinhoso e paciente, afinal era seu primeiro beijo, mas Nami ainda conseguia sentir o quanto Sanji esperou por aquilo. E sentiu também o quanto ela mesma queria aquilo.

Ao mesmo tempo que era delicado, também era muito intenso. Sanji estava sedento por Nami desde o dia que a viu. Ele desejou várias mulheres, mas nunca desejou nenhuma delas tanto quanto desejava a ruiva que estava em sua frente.

Quando o beijo terminou, o cozinheiro distribuiu selinhos por todo o seu rosto. Nami pode ver os olhos de Sanji brilhando e pensou que os seus deveriam estar do mesmo jeito.

Finalmente havia entendido o que era aquela sensação estranha, aquele frio na barriga. Eram as "borboletas no estômago" que sempre ouvia dizer.

Durante muito tempo se perguntou o que sentia por Sanji e finalmente encontrou uma resposta.

Ela estava amando.

E pela forma que sanji lhe olhava e tocava, sabia que também era amada.

Não precisava perguntar para saber a resposta. Ela sabia que sempre seria a favorita dele.

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