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Sem beta hoje, então pôde ter erros de português.

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Naquela manhã, riscou outro nome, ficando apenas três. Eram as únicas que faziam sentido considerando como eram os dentes que estavam crescendo.

E, no entanto, não havia lenda que conhecesse que explicasse o porquê de continuar ficando fraco. Seria até um alívio se algum momento o tocasse e visse que era apenas uma febre particularmente forte, mas não acontecia. Pelo contrário, parecia estar ficando frio. Com um vampiro fora ou não, só saia do quarto para pegar qualquer coisa que achasse que ajudaria.
E, ainda, dias o bastante para o aniversário chegar e partir (e mais dentes serem trocados) depois, estava no ponto de as pupilas mais parecerem laranjas do vermelhas, porque estavam ficando translúcidas o bastante para o amarelo das órbitas atravessar.

Um consolo tinha: o clímax do inverno estava se afastando. Se não ficasse bom logo, iria dali com neve e tudo e procuraria quem pudesse ajudar. Havia risco, em ambas as partes, mas o risco de o deixar definhar sem fazer nada era quase certeza, então superava.

Mas, ao que parecia, não ia realmente ter essa abertura para ter uma única preocupação até alguma coisa acontecer.
Havia chegado outro pôr-do-sol, e havia outra vez tentado o checar (e ajudado a puxar um dente mole), mas não era um curandeiro, e só conseguia encontrar o que aparecia; havia novamente o ajudado a dormir e aninhado no cobertor.

As batidas na porta foram lentas e firmes, bem mais hesitantes do que estava acostumado lá dentro. Depois de conferir se não havia incomodado o pequeno, se levantou e a abriu. Dessa vez não era Lenine, e sim Selene.
Não que tivesse algo contra ela, de modo algum; mas mal haviam se visto desde a chegada, quem dirá conversado, então era um pouco estranho.

-- Há algo que precisa?

-- Eu, não, mas meu chefe deseja vê-lo.

-- Eu realmente preciso ir? Não quero o deixar sozinho...

-- Senhor, com todo respeito, não acho que é um que tem liberdade para recusar. E, de todo modo, pelo que posso ver, a criança dorme tranquila. Sequer notará que ficou sozinho.

Isso era verdade. Mas não queria sair. Uma parte de si achava que aquela ansiedade toda era tolice, que se quisesse (e pudesse) o fazer mal, já o teria feito, pois não era como se esperar até fugir ser mais fácil o fizesse bem algum; mas sentia, e isso não tinha como evitar.

Mas, ao mesmo tempo, sair de perto do filho fragilizado era uma sensação horrível. Como se pudesse lhe acontecer alguma desgraça enquanto estivesse fora e não pudesse o proteger...
Bom, já foi deixado óbvio que o poder é simbólico no máximo, mas talvez o aliviasse - Encre nunca ia muito longe sem seu crucifixo (lenda ou não, foi o que o manteve seguro), então não o ter era quase o mesmo que "eu volto logo". O desamarrou do pulso e, com cuidado o pôs entre o fecho do capuz e o menino, e fez um afago em sua cabeça. Se alguma divindade deseja me punir por algum pecado, que não o faça através de um inocente.

-- Tudo bem, eu vou.
Selene apenas o aguardou e andou pelo corredor ao seu lado.

Já havia se passado algum tempo quando Langer acordou com sons vindo da janela, e depois do som de ela abrindo, uma coisa batendo no chão e então fechando.

-- Pivete?
Ah, não era uma coisa, era uma pessoa.
Com algum esforço, saiu de dentro do ninho de lençóis, para poder olhar sua visita. Era aquele mesmo moço, das sardas e órbitas bonitas.
-- Você tá horrível.

-- Oi Jasper.
O tempo foi curto, mas foi o bastante para se arrepender e querer voltar para dentro. Junto com tudo, estava ficando friorento também. Onde está sua mãe?

-- "Oi Jasper"? É sério? Eu venho porque me preocupei, te vejo com cara de morto e é isso que fala?

Quando o mais velho chegou perto e foi pôr as mãos em si, poderia ter recuado, mas não realmente se importava o bastante para tentar, já que passava toda hora àquela altura. Mas Jasper era um pouco mais brusco, e chegou a pressionar o seu rosto, o que puxou seu "lábio" de um jeito incômodo; foi nessa hora que quis afastar as mãos dele de si, mesmo que não pudesse fazer muita força.

-- Mamãe já fez isso. Não acha nada.

-- Eu achei.
E, antes que o menino pudesse perguntar o quê, o sardento voltou a o cobrir com os lençóis, o fazendo ter que tirar de si. Foi algo irritante, mas o outro pareceu achar engraçado.
-- Mas, se quiser a minha solução, tem que ser um bom menino e não fazer perguntas. Tudo bem?

-- Não.

-- Que pena, então vai ficar doente.

-- Está bem.

-- Está bem ficar doente ou não fazer perguntas?

-- Não faço perguntas.

Aninhado de novo, ficou olhando o adolescente esperando que saísse pela janela como entrou, mas saiu pela porta. Se podia usar a porta por que entrou pela janela?

Devia ter pego no sono, porque acabou acordando com batidas insistentes em um dos ombros, e mau abriu os olhos o outro praticamente o puxou sentado e colocou alguma coisa de cheiro agradável perto do seu rosto.

-- É o remédio. Bebe e mais tarde vai ficar melhor.

Talvez fosse porque gostou do cheiro ou porque escutou que era remédio, mas bem rápido conseguiu terminar de acordar.
O que tinha na frente do rosto era uma taça que tinha até a metade um líquido grosso e vermelho escuro.

Em outras palavras, estranho; mas o cheiro era gostoso, e fazia o que deveria ser seu estômago contrair como fazia quando ficava muito tempo sem comer.

-- Lan, eu não tenho a noite toda, só bebe.
Bom, se não fizer bem, mal não vai, não é? Pegou a taça com as mãos pequenas e trouxe para a boca, e no momento que o líquido tocou sua língua o tomou de uma vez. Era delicioso! O que quer que fosse havia gostado, e Jasp parecia ter gostado que gostou.
-- Bom menino.

O viu pegar a taça de volta e sentiu acariciar seu crânio. Apenas sentiu, porque ficou de olhos pesados e os fechou. Podia não ser lá muito delicado, mas cada gesto era carregado de intenção, e isso o deixava feliz; podiam se conhecer a pouco tempo, mas já o considerava um amigo.

-- Se funcionar, finge que é só uma melhora súbita, ok? Ou alguém vai acabar me matando.

Acabou soltando um riso baixo, e quando abriu os olhos de novo o vermelho intenso havia voltado.

Vampire Verse - Sun and MoonOnde histórias criam vida. Descubra agora