Rain Miller
... ouvi vozes discutindo.
Foi inevitável não escutar de quem eram as vozes e o que elas falavam.
- Eu estou dando o meu melhor! - Ouvi a voz desesperada do Marcus.
- Eu sei, mas o seu melhor não é suficiente. - Foi a vez da diretora falar.
Que véia filha da...
Um silêncio preencheu o lugar e em seguida, ouvi uma cadeira ser arrastada e passos até a porta.
Arregalei os olhos e corri para o início do corredor.
Lição número cinco: Nunca seja apanhado no flagra.
Aprendi isso apanhando por beber direto na boca da garrafa...
Quando o Marcus abriu a porta, ele parecia completamente enfurecido.
Eu tive vontade de abraçar ele quando o seu olhar perdido encontrou o meu.
É estranho ver ele sem aquela droga de sorriso bobo idiota.
Coloquei um sorriso no rosto e fingi que estava chegando agora. Ele não falou nada, apenas passou por mim e eu entrei na diretoria.
- Rain... - Cumprimentou a diretora assim que me viu. A voz dela parecia cansada.
A briga deve ter sido longa...
- Deixa eu adivinhar, o professor de matemática te acusou de mais uma barbaridade? - Se forçou a sorrir enquanto eu me sentava. - Assaltar as coisas dele? Desenhar coisas inapropriadas? Ou talvez ameaçar ele?
- Na verdade, ele me pediu para entregar isso. - Contei entregando o ficheiro que tinha o meu nome.
A diretora, confusa, abriu o ficheiro e arregalou os olhos em surpresa.
- Uau... Isso é incrível. - Sorriu. - Como você conseguiu tirar a nota mais alta da turma?
- O Marcus me ajudou. - Contei e ela arregalou ainda mais os olhos.
- O Marcus? - Repetiu surpresa.
- É. - Encarei ela. - Ele tem passado praticamente a semana toda estudando comigo na biblioteca. Eu aprendi mais nessa semana que na minha vida toda estudando. - Contei.
- O meu filho fez isso? - Perguntou ainda em choque. Ela parecia surpresa.
Ela soltou o ficheiro na mesa e voltou a me encarar. Por um momento, ela ficou apenas em silêncio me observando.
- Você é exatamente igual à sua mãe... - Comentou com um sorriso.
- Eu acho que sim. - Sorri envergonhada.
- Vocês têm os mesmos olhos. - Apontou.
- Os olhos cansados? - Ri.
- As mesmas mãos.
- Eu nunca notei. - Confessei olhando para as minhas mãos.
- Mas a sua personalidade... - Me olhou com os olhos semicerrados. - A sua mãe não carrega essa raiva toda.
- A diretora tem razão. A minha personalidade é uma das coisas que eu peguei do meu pai.
[...]
- Você já percebeu que quando você passa muito tempo olhando para escuridão, parece que a escuridão começa a encarar de volta? - Comentei com um sorriso sentindo o Marcus fazer carinho no meu rosto.
A gente tá no terraço e eu estou deitada no peito do Marcus.
- Sem a escuridão, a gente não conseguiria ver as estrelas.
- Eu amo as estrelas.
Senti a mão do Marcus descer do meu rosto até o meu pescoço, onde ele começou a fazer carinho também.
- Eu também amo as estrelas. - Falou e eu encarei ele. - Mas eu trocaria todas elas pelos seus olhos. - Sorriu.
- Isso é estranhamente familiar. - Ri.
- Ah, sério? - Usou o sarcasmo. - Quer dizer que eu não tenho sido o único elogiando os seus olhos? - Me deu um sorriso de lado e eu ri.
- Idiota... - Sussurrei e ele riu.
- Qual a sua hora favorita? - Perguntou.
- Quando eu to dormindo. - Sorri. - E a sua?
- Agora são 01:11, então essa é a minha hora favorita. - Sorriu de volta e eu arregalei os olhos.
- Eu nem vi a hora passando. - Me sentei no chão frio, o que me fez sentir falta do corpo do Marcus.
- Você quer ir embora agora? - Perguntou se sentando também.
- A gente meio que precisa. - Sorri me levantando.
Saímos do terraço e logo estávamos andando pelos corredores.
- Eu posso te pedir uma coisa? - Questionei.
- Tudo que você quiser, meu amor. - Brincou me olhando com um sorriso de lado.
- Eu quero que você fale com a sua mãe. - Mencionei e o sorriso do Marcus desapareceu na hora.
- O quê? - Perguntou confuso.
- Eu sei que vocês andam brigando muito ultimamente, e eu quero que você fale tudo que sente pra ela. Você precisa contar pra ela como você se sente com essa situação toda que ela te coloca. - Expliquei sentindo o olhar dele sobre mim.
- Sem jeito... - Falou ele baixinho.
- Marcus, por favor... - Olhei pra ele pelo canto do olho.
O Marcus parecia estar considerando me jogar pela janela ou me dar um soco.
Eu preferia que ele me desse um tapa na bunda ou no rosto...
- Eu vou fazer isso, só por você, ok? - Falou por fim e eu sorri orgulhosa dele.
continua...
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O Colégio Interno
Roman pour AdolescentsRain Miller é uma garota problemática que sempre se envolve em qualquer encrenca possível. Ela vê seu mundo ficar de cabeça pra baixo, quando seus pais decidem colocar ela em um colégio interno, após Rain ter "acidentalmente" incendiado o escritório...