QUANDO JEAN CHOROU, foi o dia em que o Sol se tornou um pouco mais frio. Os deuses não costumavam chorar com a mesma frequência que os mortais, mas ele mesmo poderia chorar por centenas de milhares de anos inteiros, mas não seria tempo suficiente para a dor que existia em seu peito abandoná-lo. E o motivo daquela dor era um mortal, que estava em seus braços fortes naquele exato momento, no meio daquele campo na cidade de Delfos.
A cabeça do jovem pendia para o lado, a vida abandonando o corpo frágil e o deixando mais pálido a cada segundo. Seus olhos azuis antes brilhantes e alegres agora estavam vidrados; não tinham mais brilho, não tinham mais vida. A ferida aberta em sua têmpora esquerda transbordava sangue, pintando sua pele e seus fios loiros de vermelho carmesim. Quem segurava seu corpo nos braços era um deus, o deus do Sol, que chorava desesperadamente enquanto tentava, em vão, estancar o sangue da ferida de seu amado.
Enquanto sentia o corpo do jovem ficando cada vez mais frio, Jean se perguntava como o que era para ser apenas um jogo de lançamento de disco em um encontro qualquer se transformar naquela tragédia; o impacto do disco pesado de metal na cabeça de Armin fora violento, abrindo seu crânio de um jeito tão impiedoso que nenhum mortal jamais sobreviveria, nem mesmo com a maior bênção de um deus. Entre soluços e lágrimas sufocantes, Jean se curvou sobre o corpo em seus braços e o segurou firmemente, sem querer deixar a coisa que ele mais amara na vida deixá-lo para seguir ao Mundo Inferior. O deus do Sol tentou aquecer o loiro com seu próprio calor, em vão, apenas recebendo de volta o frio cortante e frustrante.
Ao finalmente perceber que não tinha mais volta, e que seu amado nunca mais voltaria a ser seu, Jean reconheceu a derrota. Juntou toda a angústia e dor que infestava seu coração e as transformou em um grito descontrolado; a ferocidade do som assustando as aves que ocupavam as árvores ao redor, que logo levantaram voo para longe dali. Jean se culpava profundamente pela morte de seu amado, e pela primeira vez em seus inúmeros séculos de idade, se sentiu terrivelmente mal por ser amaldiçoado a viver para sempre, por precisar ser um deus eternamente; por que ele não podia seguir Armin?
Não havia ninguém ali para responder todas aquelas perguntas ao deus, apenas o vento vindo do oeste que zunia e parecia sofrer, ou até mesmo chorar, por dentro das árvores da floresta ao redor. Seu criador, o deus Eren, demonstrava seus sentimentos naquele momento através de seu vento, escondido entre a mata, se perguntando como tinha conseguido chegar àquele ponto. Assustado e incrédulo, o deus foi embora, apenas deixando sua essência para trás, temendo a ira de Jean e sofrendo com a morte do jovem mortal que tanto tinha amado, mas que não tinha lhe retribuído o sentimento.
Jean fechou os olhos de Armin com os dedos trêmulos, seus olhos cor de mel apreciando mais uma vez o rapaz em seu colo, gravando em sua memória aquele último momento e cada detalhe daquele rosto angelical que poderia deixar até a deusa da beleza com inveja. O deus deitou o corpo frágil e sem vida na grama fofa do lugar e se inclinou para beijar os lábios agora frios e rígidos uma última vez. De seu olho direito uma lágrima pingou e caiu sobre a têmpora ensanguentada abaixo de si e sussurrou leve e dolorosamente:
_ Meu amado Armin, em meu coração você viverá eternamente. Que sua memória também viva entre os homens, para que se lembrem de sua bondade e compaixão, que não se comparam a nenhum poder de um deus poderoso.
E com a palavra de Jean, uma flor de cor lilás e com um aroma natural doce cresceu da têmpora do rapaz que agora pertencia ao deus dos Mortos. Logo o deus do Sol reconheceu um fato interessante sobre a planta: lilás era a cor favorita de seu amado. Tomou a flor em mãos delicadamente e nostalgia. Nomeou-a com o nome de seu falecido amor, para lembrar a humanidade eternamente de sua beleza, rezando silenciosamente para a deusa da agricultura procriar aquela planta delicada e especial. Segurou o corpo de Armin novamente em seus braços, se levantando e indo em direção à praia favorita do loiro, para seguir as tradições antigas de seu povo em um funeral digno para o mortal.
E foi daquele dia em diante que o mundo conheceu a trágica história do deus do Sol e de seu amante mortal, Armin, e de como a fusão de suas lágrimas divinas e seu sangue mortal deram origem a algo tão belo.
FIM
Oi gente, trago hoje pra vocês uma one-shot sobre mitologia grega
Eu gosto muito do assunto, principalmente esse mito de apolo e jacinto, entao nao dava pra eu ficar sem fazer algo sobre o isso aaaaaaa
Infelizmente não vou conseguir falar mais detalhes sobre o mito aqui, mas eu recomento bastante voces pesquisarem sobre ele pq é muito bom e bem sad tbm
Amo uma depressão sabe❤️
Apolo, como dá pra perceber, é o Jean, Jacinto é o Armin, e o Eren é Zéfiro, deus do Vento Oeste.
Espero muito que tenham gostado, eu gostei muito de escrever essa one-shot, por mais que eu não tenha conseguido fazer algo um pouco mais poético (que era o meu objetivo inicial)
Me avisem sobre qualquer erro ou crítica pfvr
Obrigada por terem lido até aqui :)
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Apolo e Jacinto
Fanfiction𝗷𝗲𝗮𝗻 + 𝘢𝘳𝘮𝘪𝘯 (愛) 𝗚𝗥𝗘𝗘𝗞 𝗠𝗬𝗧𝗛𝗢𝗟𝗢𝗚𝗬 "E foi daquele dia em diante que o mundo conheceu a trágica história do deus do Sol e de seu amante mortal, Armin, e de como a fusão de suas lágrimas divinas e seu sangue m...