• Eles chegaram

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Jake on

Oitavo mês de gestação.

Gritos, choros e desespero. Mariano estava tão nervoso que mal conseguia guiar o carro até o hospital mais próximo onde seria a chegada dos esperados gêmeos.

A porta do hospital estava escura, era madrugada em SP e acredito que aquela correria toda poderia até acordar os pacientes que ali estavam. As dores eram tão fortes e intensas que eu não conseguia ao menos responder às perguntas do meu esposo, preocupado com a intensidade das minhas dores.

Dr.Raul foi rápido em sua chegada, não se mostrava surpreso por eu não poder completar os devidos nove meses.

Na verdade, poderia até contar vitórias por eu aguentar tanto tempo, mas agora eu só queria que aquela dor fosse de alguma maneira embora.

Dr.Raul: Oito meses e 15 dias contados, você foi muito bem Jake. - disse observando minha barriga - chegou a hora de trazê-los ao mundo, você vai se vestir naquela sala ali com as enfermeiras. Mariano? Se você quiser acompanhar o parto tudo bem.

Jake: Ele vai, ele vai ficar do meu lado - Digo loucamente cega pela dor - Ele tem que ficar, pelo amor de Deus.

Mariano: Eu vou meu amor, fica calma. - Suas mãos tremiam.

Eu poderia morder alguém com meus próprios dentes sem piedade ou sanidade alguma, aquela dor era como uma cegueira e maior do que qualquer coisa que eu já sentira em toda a minha vida. Eu suava, gritava e chorava em meio aos pedidos de calma do meu marido e mãe preocupada.

Apertava a sua mão, tentava abrir os olhos, mas tudo que eu via era as minhas lágrimas deixando tudo ainda mais confuso.

Dr.Raul: Você já alcançou os 10 centímetros de dilatação e os dois bebês estão de cabeça para baixo, o que é ótimo, podemos começar.

Demorou alguns minutos para eu me deitar naquela cama cheia de aparelhos conectados ao meu corpo, sinto minhas forças indo embora aos poucos e o Mari ao meu lado, segurando a minha mão com lágrimas nos olhos.

Antes de fechar os meus olhos completamente diante da dor, escuto a voz temerosa de meu marido nervoso ao meu lado. É, chegou a hora.

Mariano on

Fui para o lado da Jake e peguei na mão dela, dando um beijo na sua testa. Ela sorri, mas logo solta um grito de dor, segurava a minha mão, o seu rosto pálido e seus lábios entre os dentes fazia eu me sentir a pessoa mais inútil do mundo.

Ela gritava, uma enfermeira cuidava em fazer movimentos em sua barriga na intenção de deixar e facilitar a saída dos bebês. Eu estava nervoso, queria poder abraçar ela de algum modo e tirar toda a dor e agonia que ela sentia, mas era impossível.

Dr.Raul: Respire fundo. - falou para ela. - Vou contar até três e no três você empurra com toda a sua força.

Como ele disse ela fez força. Passo minha mão livre na sua testa tirando alguns cabelos que estavam grudados ali. Ela voltou a fazer força e apertava minha mão na mesma intensidade.

Dr.Raul: Mais força, mamãe. Posso ver a cabeça do primeiro bebê.

Jake: EU NÃO CONSIGO! - Ela grita frustrada chorando - Eu não consigo, não consigo mesmo.

Era desesperador, o médico esperava que ela continuasse, mas todos sabiam que ela já estava sem forças e isso me matava por dentro. Tento ao máximo ser forte, passar toda a emoção e orgulho que eu sentia dela.

Mariano: Amor, olha para mim - peço carinhoso - São os nossos bebês, você precisa ser forte e continuar. Eu sei que está sendo difícil meu amor, eu sei que está doendo, mas eu acredito em você e sei que você vai continuar por eles.

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