A antiga mansão

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"Uma vida não questionada não merece ser vivida."

Platão

A garoa só aumentava e o frio penetrava na pele exposta dos braços da morena, que tentava freneticamente quebrar alguns galhos que batiam em sua face, o barro úmido sendo afundado por seu tênis.

-Luz! Aonde você está? -Sua amiga arrulhava pelo celular, que a garota tentava segurar perto da orelha enquanto era chicoteada pelos gravetos secos.

-E-Eu estou quase lá- A outra rapidamente respondeu sem fôlego- Escute, Willow, não deixe o Gus sair correndo até eu sair, eu quero muito usar a câmera dele.

-Sim, tudo bem -A garota ajeitou os óculos sobre os olhos, ela se sentou no meio fio com uma expressão preocupada- Você não acha que deveríamos ir mais devagar? Tipo, você nem sabe se essa mansão existe mesmo!

-E é bem por isso que quero descobrir! -Luz chiou feliz pelo outro lado da linha e sua voz falhou-Opa, eu acho que o sinal está ficando ruim, até depois!

-Luz! Tome cuidado! -Willow choramingou do outro lado, sua voz Mau saia direito por conta dos chiados.

-Sim, se eu achar essa mansão mau assombrada vou bater muitas fotos! -A morena finalizou com uma risada e desligou o aparelho, o guardando no bolso de trás de sua calça jeans.

Willow suspirou ao perceber que a outra havia desligado e olhou para o rapaz ao seu lado, ambos sentados no meio fio. Tudo começou quando as garotas fizeram uma dupla para um trabalho de tema livre e a morena de súbito sugeriu fazerem algo referente a monumentos antigos da cidade.

Então, Luz e Willow combinaram de se encontrar na parte vazia da rodovia, onde poucos carros passavam por lá e supostamente, o antigo casarão estaria localizado. A morena de cabelos curtos ficou rapidamente frustrada quando chegaram lá de bicicleta e não avistaram o antigo edifício por perto, foi aí que a mesma sugeriu para a garota com óculos de que ela iria adentrar na vegetação densa e encontrar a casa.

Obviamente Willow não aceitou, mais acabou cedendo por insistência da amiga e resolveram chamar Gus, um amigo de ambas para ajudar em caso de apuros e para não deixar a garota sozinha na estrada enquanto esperava a latina.

Luz resmungou baixo quando se aproximou de uma árvore e enfiou a mão no bolso, depois amarrou um lenço roxo em sua casca grossa para que tivesse uma ideia de onde estava vindo, pois estava cada vez mais difícil de enxergar dentro daquela vegetação.

Não estava exatamente escuro, era final do dia e estavam em horário de verão, porém naquela parte da cidade havia uma neblina pairando sobre a floresta e a estrada, dificultando um pouco a visão do local. Para o azar de todos uma garoa fraca e sem forças começou a cair, porém não era aquilo que iria impedir a garota naquele momento, movida por pura curiosidade.

Luz xingou olhando ao redor, ela não havia se afastado muito da árvore e não sabia mais aonde estava, mal conseguia pensar em qual direção seguir. Ela sentiu um gelo na espinha quando algo pequeno escalava suas costas, a morena estremeceu e olhou para o seu ombro hesitante: era uma aranha peluda e marrom, que congelou sobre sua roupa quando trocaram olhares

Luz gritou freneticamente e correu por puro instinto, batendo em algumas árvores e rodopiando batendo no próprio ombro na tentativa de afastar o aracnídeo, até que seu pé pisou em algo inexistente e o peso de seu corpo foi atraído pela gravidade, caindo uma pequena ladeira.

-Mais que... yo no creo-Luz murmurou em espanhol, deitando de bruços no chão, cada centímetro do seu corpo doía e seu coração batia descompassado.

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