ɪᴅɪᴏᴛᴀ ᴛᴇᴍᴘᴇʀᴀᴍᴇɴᴛᴀʟ

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Continua...

— Eu... — olho para ela, sem acreditar — É dormi de bruços. E estava atrasado para a aula.

Ela assente como se fosse algo de que ela já soubesse.

O garçom aparece com um prato novo de comida e serve mais água para a garota. Ele abre a boca como de quisesse dizer alguma coisa para ela, que não presta atenção. Ainda olhando para mim, ela resmunga um agradecimento para ele.

O garçom parece preste a de afastar, mas antes de fazer isso ele para e se vira para ela . Retorce as mãos evidentemente nervosos para fazer a pergunta que está quase saindo de sua boca.

— então...Humm. Luis Voltan Marzin? Ele é seu pai?

Ela olha para o garçom com uma expressão indecifrável.

— Sim — responde de uma forma monótona.

O garçom sorri e relaxa com a resposta dela.

— Nossa — ele balança a cabeça, fascinado — Mas não é incrível? Ter o Doutor Caio como pai?

Ela não sorri nem se retrai. Nada em seu rosto indica que está é uma pergunta que ela já ouviu milhões de vezes. Espero por sua resposta sarcástica, porque com base em como respondeu aos comentários absurdos do pai, de jeito nenhum o coitado do garçom vai sair daqui ileso.

Justo quando acho que ela vai revirar os olhos, a garota suspira baixinho e sorri.

— É muito surreal. Sou a filha mais sortuda do mundo.

O garçom abre um largo sorriso.

— Que legal.

Quando ele se vira e se afasta, ela me olha de novo.

— Aula do quê? — pergunta.

Preciso de um instante para processar a pergunta dela porque ainda estou tentando processar a resposta boba que ela acabou de dar ao garçom. Quase pergunto sobre isso, mas penso melhor sei que para ela é mais fácil dar respostas que as pessoas esperam ouvir, em vez de um sermão repleto de verdades. E ela deve ser a pessoa mais leal que já conheci, porque não sei se eu conseguiria dizer essas coisas sobre aquele homen se ele fosse meu pai.

— Redação criativa

Pensativa, ela sorri e pega o garfo.

— Eu sabia que você não era ator — Ela come uma garfada do salmão e antes mesmo de engolir, já está cortando outro pedaço. Os vários minutos seguintes se passam em completo silêncio, enquanto nós dois terminamos de comer. Limpo todo meu prato, mas a menina afasta o dela antes de terminar a metade — Então, me diga uma coisa — ela se inclina para a frente — Por que você achou que eu precisava que viesse me resgatar com aquelas besteiras de namorado falso?

E aí está. Ela está chateada comigo, pensei mesmo que estivesse.

— Não achei que você precisasse ser resgatada. É só que as vezes tenho dificuldade de controlar minha indignação quando presencio algo absurdo.

Ela ergue a sombrancelha

— Você só pode ser escritor, porque quem é que fala desse jeito?

Rio.

— Desculpe. Acho que estou tentando dizer que posso ser um idiota temperamental e devia cuidar da minha própria vida.

Ela tira o guardanapo do colo e o coloca no prato. Um dos seus ombros se ergue num leve gesto de indiferença.

— Não me importo — diz ela com um sorriso — foi meio engraçado ver meu pai tão atrapalhado. E nunca tive um namorado falso antes.

— Nunca namorei alguém de verdade — respondo.

Os olhos dela se fixam no meu cabelo.

— Pode acreditar, isso está óbvio. Ninguém que eu conheça teria saído de casa com essa sua aparência.

Fico com a impressão de que ela não se importa tanto com a minha aparência. Não tanto quanto está demonstrando. Com certeza sofre discriminação física, então tenho dificuldade de acreditar que ela seria do tipo que coloca a aparência física de um cara no topo da sua lista de prioridades.

Fico achando que ela está me provocando. Se eu não tivesse alguma experiência na vida, diria que está dando mole para mim.
É eu definitivamente deveria ter saído desse restaurante há muito tempo, mas este é um dos poucos momentos em que agradeço com sinceridade pela enorme quantidade de decisões ruins que costumo tomar.

O garçom traz a conta, mas antes que eu consiga pagar. Carol pega o dinheiro que o pai jogou na mesa e entrega a ele.

— Precisa de troco? — pergunta o garçom.

Ela gesticula com desdém.

— pode ficar.

O garçom limpa a mesa, quando se afasta não resta nada entre nós. O fim iminente de refeição me deixa um pouco inquieto, porque não sei o que dizer para mantê-la aqui por mais tempo. A garota está de mudança para Nova York e é provável que eu nunca a mais veja. Não sei por que pensar nisso me deixa ansioso.

— Então — diz ela. — Devemos nós separar agora?

Rio, embora ainda esteja tentando decifrar se ela tem uma cara de pau inacreditável ou não tem nenhuma personalidade. Há uma fronteira tênue entre as duas coisas, mas aposto que é a primeira. Quer dizer, estou torcendo para que seja.

— Não faz nem uma hora que estamos namorando e você já quer dar um fora em mim? Não sou muito bom nesse lance de namorado?

Ela sorri.

— Meio bom demais. Para ser sincera, isso me faz sentir esquisita é este o momento em que você acaba com a ilusão definitiva de namorado, e me diz que ficou com a minha prima enquanto estávamos dando um tempo?

Não consigo deixar de rir outra vez. Sem dúvida nenhuma, cara de pau.

— Não fiquei com sua prima. Ela já estava grávida de sete meses quando dormi com ela.

Ouço uma gargalhada contagiante e nunca fiquei mais agradecido por ter um senso de humor um pouco decente. Só vou permitir que essa garota saia da minha frente quando ouvir pelo menos três ou quatro dessas gargalhadas.
Sua risada enfraquece, seguida de um sorriso. Ela olha para a porta.

— Você se chama mesmo Arthur? — pergunta ela, encontrando o meu olhar. Confirmo com a cabeça.

— Qual é o seu maior arrependimento na vida, Arthur?

Uma pergunta estranha, mas vou na onda. O esquisito parece totalmente normal com essa garota e pouco importa que eu nunca contaria para ninguém meu maior arrependimento.

— Acho que ainda não passei por isso — minto

Ela me encara pensativa.

— então você é um ser humano decente? Nunca matou ninguém?

— Até agora...

Petição para vender um
Arthur na Shoppe
/ Eu

The Date~Volsher Adaptation~Onde histórias criam vida. Descubra agora