AMOSTRA

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 ATENÇÃO: DARK ROMANCE, PODE DISPARAR GATILHOS


PRÓLOGO

 
— Olá, querida! – disse Tommy, se aproximando de uma loura
depravada que rebolava se esfregando em uma outra loura após
repetidas doses de tequila, com sua voz um pouco alterada.
Ele era meu braço direito desde sempre e hoje eu havia lhe
dado folga. Afinal, o babaca enfiou um anel de compromisso no
dedo. Era mais um idiota que se "rendia" a toda essa porra de
sentimentalismo estúpido. Dar em cima daqueles protótipos de
Paris Hilton era o máximo de que ele chegaria de ter uma
"despedida de solteiro".
A minha boate estava bombando, como sempre. Estávamos
operando em nossa capacidade máxima. Lá era o local ideal e
adequado onde as pessoas vinham para se embebedar ou se drogar
e até transar com estranhos, daquilo tudo eu extraia um monte de
dinheiro. As luzes em neon piscando e o som alto da música
eletrônica me deixavam estressado. Em contrapartida, minhas
bailarinas suspensas em cordas dançavam suas coreografias com
tamanha leveza que me fazia esquecer todo aquele barulho. O
corpo feminino. Não havia nada melhor do que o prazer que o
corpo feminino poderia dar a um homem. Eu via diariamente
aquelas mulheres se contorcerem em suas coreografias e na minha
mente eu só imaginava todas as formas como usaria aqueles
corpos para sentir prazer.

Afinal, mulheres servem para isso. E eu sou o tipo de homem
que mistura prazer e negócios. Todo o meu império foi construído
em cima de sexo e dinheiro.
Em poucas horas eu estaria embarcando para Rússia à
negócios. Então subi as escadarias que davam acesso ao meu
escritório à prova de som e imagem para minha última reunião.
Não queria ser incomodado por nada e nem por ninguém. Lá, eu
era inalcançável. Um deus.
Pressiono minha digital contra o leitor que, ao me reconhecer,
abriu a porta, me dando acesso ao seu interior. Estava tudo escuro.
Aliás, tudo na minha vida era escuro. Quando acendi algumas
luzes, fazendo um jogo de luz e sombras por todo o ambiente, me
deparei com meus móveis contemporâneos. Tudo obra de Lizzy,
minha faz-tudo dentro e fora da boate. Ou como ela mesma dizia
"minha trepada semanal bem dada". A idiota acreditava que pelo
fato de ser bem comida por mim e por eu confiar alguns dos meus
segredos a ela, isso nos tornava algum tipo de casal do crime
organizado.
Olhei o relógio, que me mostrava que estava atrasado para
minha conferência com os italianos. Liguei meu computador,
afrouxei minha gravata e a lancei contra a mesa, já entediado. Logo
as caras feias dos italianos apareceram em três janelas distintas para
mim. Os meus compradores não me viam, eu era apenas uma
sombra para eles e então iniciei a última etapa da negociação.
— Perdoem-me pelo atraso. Estava conferindo a nova remessa.
– comecei. Olhei para o meu minibar e fiquei sedento pelo meu
whisky.
— Que este atraso não se repita, Scorpion. – me repreendeu o
gorducho senhor Di Mateo com certa cautela.
— Foda-se você e o seu tempo. Não estou aqui para ouvir
reclamações por causa de um atraso discreto. Não se esqueça que
quem dá as cartas por aqui sou eu. Sem mim, não há acesso aos
russos. Contenha suas palavras, senhor.

Sorri diabolicamente. Que cara escroto!
— Calma. – pediu Ricciardo. – vamos com calma.
— Vamos ao que interessa. - disse Alonzo por fim.
- Primeiro preciso saber da transferência do dinheiro antes de
enviar o produto. – Sentenciei.
— Preciso saber se minhas garotas foram bem tratadas em
Viena. Depois, autorizo a transferência de seus milhões para sua
conta. – Ricciardo, o mais inteligente e hábil dos três se
pronunciou.
— Ah, meus queridos, não há com o que se preocupar. Ariel
cuida bem até demais das nossas garotas. SPA, cabelereiro,
manicure, massagem, roupas. Elas nunca foram tão bem tratadas
na vida. – respondi tranquilizando-os.
— Podemos vê-las? — perguntou Di Mateo cruzando seus
dedos gordos sobre a sua mesa. Dava para notar o quanto
transpirava. Parecia um iniciante.
— Bom, já que vejo que não confiam tanto em mim, apesar da
minha excelente reputação, vou mostrar suas garotas.
Digitei minha senha em um outro computador e de forma
simultânea minhas câmeras conectadas ao computador principal da
segurança passaram a transmitir imagens em tempo real das
minhas escravas sexuais em seus alojamentos. Todo o sistema era
executado pelos russos, porém orquestrado por mim. Políticos,
nobres da realeza, celebridades, empresários. Todos clientes VIPs
na compra e venda de escravas sexuais.
A imprensa europeia nos chamava de "Máfia Vermelha".
Vermelho como os lençóis de seda com os quais cobria as camas
do meu sofisticado cabaré de elite.
O plano era simples: os russos sequestravam as mulheres,
apenas as mercadorias que eram válidas no mercado escravo.
Negras, asiáticas e latinas eram as mais procuradas pelos meus
clientes. Eu selecionava e treinava as mulheres, transformando-as
em deusas selvagens do sexo. Os clientes que vinham até minha
boate diziam o que queriam, quantas queriam e como as queriam.
Eles me pagavam um valor alto e eu repassava alguma
porcentagem aos russos pelo serviço executado, a menos que o
assunto fugisse do tráfico de mulheres para tráfico de drogas,
armas e informações. Isso já não era comigo e todo o lucro ficava
com os russos. Eu só fazia a ponte nesses casos. As mulheres que
sobravam, usava como minhas prostitutas fixas de luxo. O sistema
era rígido, retilíneo, fechado e eficaz. Sem margem para erros, sem
vestígios.
Existem hoje, em toda a Europa e Ásia, clubes do sexo tão
grandes quanto o meu. Somos reconhecidos por símbolos e cada
clã domina uma região. Tudo de forma organizada para não haver
concorrência desleal.
Scorpion, El Toro, A Fênix, Dragon e Horse. No que se tratar
de sexo ou fetiches sexuais, do mais brando ao mais excêntrico, os
cinco grandes clubes forneciam o que havia de melhor.
— Nenhuma delas foi abusada? — perguntou Ricciardo.
— Nenhuma. – jurei cortando a transferência de imagens dos
dormitórios. – Elas foram vistas por médicos especialistas e
passaram por um check up completo. Estão com a saúde de ferro.
E também sendo mimadas pelo meu irmão.
— Sendo assim, envie em anexo os laudos médicos junto com a
ficha de cada uma delas. Em seguida iniciarei a transferência do
valor. — propôs Alonzo.
— Alguém mais tem algo a pedir? Não. Ótimo! – finalizo meu
discurso sem muita sutileza antes que eles começassem a solicitar
outras garantias. Negociar com os italianos era o mais entediante
possível. Sempre muito medrosos e lentos para fechar acordos.
Enviei para uma conta de e-mail segura todos os dados solicitados
e aguardei o recebimento do mesmo. Ao mesmo tempo os três
sorriram satisfeitos ao analisarem o arquivo recebido, então
Ricciardo iniciou a transferência do meu dinheiro.

Segundos depois chequei meu saldo bancário, confirmando a
transação. Sorri satisfeito e imediatamente transferi toda aquela
grana para uma outra conta.
— As garotas serão transportadas em contêineres e dentro de
24 horas estarão no local indicado. Divirtam-se!
Dei por encerrada aquela transação enfadonha, chequei minha
lista atualizada de pedidos dos sádicos do parlamento inglês e só
então pressionei o botão na minha mesa chamando Brace, o meu
guarda-costas reserva. Minha porta se abriu, dando passagem ao
segurança.
— Dê a ordem para levá-las ainda hoje.
O negro assentiu e sumiu da minha vista. Com meu controle
remoto inteligente baixei as luzes até ficar quase complemente no
escuro, liguei o som com minha playlist instrumental e me servi de
uma dose tripla do meu whisky favorito.
Desembacei a parede de vidro do escritório e vi muitos corpos
dançando alucinadamente lá em baixo. Vi Brace guiando alguns
engravatados por uma escadaria lateralizada dando acesso ao que
minhas putas chamam de "gaiola". €2,500 a hora em uma cabine
com massagista e uma das minhas putas de luxo esfregando suas
bundas, peitos e bocetas nesses velhos gordos e impotentes. Vez
ou outra tenho problema com alguma esquentadinha que ainda
não aprendeu a dançar conforme a minha música ou algum
pervertido que tenta burlar as minhas leis. Apenas minhas garotas
podem tocar seus clientes, mas seus clientes não podem tocá-las na
gaiola.
Quando essas mulheres não me servem mais, estão velhas,
grávidas ou apaixonadas por seus clientes, dependendo da situação
posso vendê-las aos clientes ou dar uma surra até quase matá-las.
Se sobreviverem à surra, voltarão para suas casas em suas cidades
natais e vão esquecer que um dia viveram sob meu teto e
trabalharam para mim.

Acionei novamente o botão, tornando-me invisível para os
demais. Todo o vidro ficou embaçado, me ocultando. Deitei no
meu confortabilíssimo sofá e fechei os olhos. Tinha que encontrar
Yuri Volkov. 

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⏰ Última atualização: Jul 14, 2021 ⏰

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