Capítulo 3: Amigos Estranhos

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  Quando saímos daquele lugar, nós continuamos andando pelas areias, em baixo do sol é claro... Agatha estava um pouco mais tagarela que o normal, eu achei que poderia ser insolação, como eu queria que fosse isso. Ela estava começando a aceitar a ideia de um time comigo só que eu não estava nem pensando na possibilidade disso acontecer, continuamos por umas horas caminhando até que vimos um comboio de Escavadores, eles são pessoas que entram em prédios abandonados ou em locais de escavação para pegar itens pra venda é assim que ganham dinheiro não são gente ruim, é a única fonte de renda deles, não os julgo geralmente são pessoas boas... mas nem sempre é assim. Quando chegamos perto do comboio parado um dele virou surpreso e acenou com um sorriso de orelha a orelha olhando pra nós, ele chegou perto e disse bem assim...:
- Opa casal!, como cês tão? -  ele até levantou a mão para que eu apertasse, não neguei.
- Eerh... Oi, estamos bem ,só passando  por aqui para irmos para a cidade mais próxima
- Aaaah tendeu... pera aê tendeu não, vocês estão indo a pé? - ele disse isso olhando pra ela
- Sim, não temos um veiculo pra poder ir mais rapido
- Veic... aaaah sei que que é, é os negocio que cê dirige pra ir mais rápido, tipo a Cleide aqui - ele bate no caminhão
- Isso ai!
- Ah tendeu, ó casal, eu e meus parceiro aqui tamo voltando pra cidade aqui pertin se cês quiserem uma carona tem espaço - ele começou a ir pra trás.
   Após isso ele foi para trás do caminhão e começou a revirar umas coisas, uns pedaços de ferro caindo depois. Ele sai da traseira e vai na nossa direção, ele nós entregou uma arma para nos defendermos, ele realmente confiou na gente, passamos um tempo esperando, até que o homem gritou para chamar os amigos dele.
  Todos nós entramos no caminhão e começamos a ir para a cidade, todos eles tiraram um tipo de marmita da mochila e começaram a comer, Agatha estava olhando para fora "apreciando" a paisagem, toquei no ombro dela e a entreguei um pedaço de papel, nele estava escrito, somos um casal?. Ela o dobrou e guardou no bolso, segurei a vontade de rir e comecei a mexer na minha mochila pra procurar um pouco de agua e comida, achei as latas que tinha guardado junto as garrafas de agua, a entreguei uma lata e uma garrafa de agua, ela fez questão de pegar essas coisas passando a mão na minha mão, desconfio que só de birra pela pergunta no papel, segurei meus pensamentos e minha vontade de rir... 
  Horas depois chegamos a cidade, o caminhão para nós descemos e fomos agradecer ao senhor que nos ajudou. Logo depois começamos a andar pela cidade, tinham muitas pessoas pra minha surpresa talvez o mundo não estivesse tão desolado assim quanto nós pensávamos, para a nossa máxima felicidade vimos uma estação de trem nós corremos para a bilheteria para comprar um bilhete de viajem, eu pedi os dois tickets e olhei o dinheiro que tínhamos achado quando estávamos com a Beth em uma das nossas viagens, só tínhamos dinheiro pra um ticket apenas... eu paguei a moça e entreguei o bilhete pra Agatha, junto com a mochila, só tirei meu caderno e meu lápis ela olhou pra mim com um olhar cheio de tristeza mas era o melhor a se fazer ela ficou parada olhando pra mim por alguns segundos tentando falar algo, eu a abracei e cochichei no ouvido dela, para que seja lá onde for que esse trem a levasse eu em algum momento a iria achar de novo e poderemos conversar melhor, talvez até virarmos amigos. O trem chegou e ela visivelmente não queria ir pois por mais que ela aparentemente não gostasse de mim, eu era a única pessoa que ela era familiarizada, ela entrou, e ficou olhando pra mim pela janela, eu acenei e... ela foi embora, novamente sozinho... estou acostumado mas é estranho a sensação depois de tanto tempo perto de alguém, sai da estação e fui tentar arranjar um jeito de fazer algum dinheiro e caso você não saiba não usamos mais papel moeda como dinheiro e sim moedas de prata que ainda continuam valiosas e abundantes pela região, entrei em um bar para procurar alguém que me oferecesse um emprego me sentei em um banquinho e fiquei próximo a bancada do barman, logo ele me viu e veio me perguntar o que eu queria, o respondi que nada e estava a procura de um emprego, ele abriu um sorriso e apontou a uma sala que não havia visto antes eu o agradeci e fui em direção a porta.
Quando fui bater para perguntar se tinha alguém ali, dois homens abriram a porta e saíram de lá rindo conversando um com o outro entrei na sala e olhei uma mesa com cinco homens nela... jogando pôquer... odeio esse jogo... me sentei e olhei pra eles, ninguém se importou comigo lá, eles eram todos senhores de uma certa idade, talvez sessenta anos, sessenta e cinco talvez. Um deles me olhou e perguntou:
- O que faz aqui meu jovem?, esta tentando ganhar a vida no mundo das apostas?
- Ah não... vim aqui a procura de uma indicação de um emprego temporario
- Aah, sim olha... não posso te garantir nada, você vai ter que jogar pra refrescar a minha memoria - ele da uma pequena risada
- Hummm eu não entendo muito disso
- Não se preocupe, olha vou propor um jogo de duplas certo?
- Certo...
  Ele fala mais alto que os outros e chama a atenção deles, um homem ficará encarregado de dar as cartas para os demais, enquanto os outros quatro jogarão, ele olhou pra mim e me entregou um pedaço de papel eram códigos feitos de cacoetes, um código Morse do pôquer, gravei todos na memoria e partimos para o jogo, em resumo ganhamos de lavada, o time adversário não tinham combinado nada, ou seja estavam sozinhos. E você pode se perguntar, eles não podiam mostrar as cartas um do outro pro colega do time?, e eu te respondo. Não, era uma regra, não podíamos mostrar as cartas pro amigo.
   O senhor se apresentou como Jouwy, um garimpeiro, ele me disse onde encontrar uma vaga mas teria que ficar na cidade por mais um dia, o agradeci me despedi de todos e sai do bar a procura de um lugar para passar a noite, achei o senhor de antes do comboio, ele me reconheceu e disse:
- Opa! eai colega como vai? - ele diz olhando pros meus lados
- Bem... até
- Cadê a tua mileide? - um sorriso passa-se a ser um rosto preocupado
- Foi embora com o trem, estou procurando um emprego mas preciso passar a noite aqui na cidade
- Aah... me desculpa a pergunta... ó acho que você pode passar a noite no caminhão nós vamos deixar aqui na cidade e vamos pras montanhas ali... praaaa aquele rumo ali ó! - ele aponta pras minhas costas.
  Apertamos as mãos e entro no caminhão me deito em um banco e fico olhando pra cima, irei parar de escrever e dormir logo. Amanha será um dia looongo.

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