Eu vomito na beira da calçada.
Por um momento meu olhar se encontra fixado diante de minha criação grotesca. - o liquido laranja-esverdeado tomando posse do asfalto, não sei se é delírio meu mas vejo azul também; provavelmente do energético. - Logo me afasto da poça de odor na esperança de tomar ar fresco, antes que eu passe mal mais uma vez.
-Mas que merda é essa. - Coloco minhas mãos sobre minha cabeça, tentando chegar em um senso comum. - Como fui chegar nesse ponto?
Droga.
Uma raposa aparece do outro lado da calçada da onde estou; ela se aproxima sobre a luz expondo sua aparência. Esses olhos dourados acompanham cada respiração minha. - As pontas negras da sua cauda se destacam sobre a palidez de seu pelo, no mesmo instante ela se senta graciosamente como se me convidasse para eu chegar perto. Só consigo me lembrar da garota de hoje mais cedo, cabelos pálidos com pontas negras.
Minhas mãos se tornam um par de patas negras assim como meus pés, minha cauda se dá forma, faz muito tempo desde que eu não me transformo. - Apenas uso minhas habilidades metamórficas quando realmente é necessário, mas não queria desperdiçar essa oportunidade de qualquer forma.
Me aproximo dela com cautela, não quero parecer suspeito demais, perto o suficiente deixando um espaço respeitoso de dois centímetros. - Seus olhos piscam suavemente. - Encaramos um ao outro por um breve instante, seus passos são graciosos ao se aproximarem de mim - suas patas são brancas e macias . - Penso ao observar seus passos.
Eu a permito me rodear, me observando por partes, como se ela estivesse me convidando para dançar; sendo que não estou disposto a aceitar seu convite. - Observa-la é o suficiente. Me retraio ao sentir seu focinho úmido se aproximar do meu pescoço, estávamos perto demais um do outro, em um pulo me afasto dela. Creio que deixei minha surpresa evidente. Ainda sim, ela continua a me encarar, essa é uma péssima hora para estar embriagado.
Devo confessar, que estou agindo estranhamente desde o momento em que vi aquela pessoa na fonte hoje mais cedo. Aquela pessoa tem um nome.
"Wallace"
Quem seja, eu irei descobrir. A raposa na minha frente, foi provavelmente o que me trouxe aqui, mas... Por quê? - tento me aproximar dela, mas, ela se afasta. O jeito que torce seu nariz ao sentir cheiro de álcool em mim, cujo nitidamente incomoda a ela. - Eu olho para o bar atrás de mim, percebo como as luzes da entrada param de piscar, apenas um simples estabelecimento fechado foi o que sobrara da casa noturna. Estou sonhando? Se for, isso é real demais para ser um sonho, mas seria o sonho mais abstrato que já tive. - Por um segundo eu retorno meu olhar a raposa, mas ela já havia desaparecido feito um fantasma. - Eu apenas passei uns instantes olhando para o bar e então... Nossa... Está tão tarde assim?
⚔
Droga
Esse é meu recorde da noite, apesar de eu não ter o hábito beber. Finalmente, eu piso em frente a porta do meu apartamento, subir aquelas escadas não foi fácil, principalmente quando se esta bêbado e sem controle de suas pernas. Pelo menos eu não moro no último andar - me apoio sobre a porta pelo cansaço tentando controlar minha respiração ofegante - crio coragem e bato na porta
"Quem está aí?" - uma voz aguda ecoa através da porta
-Está aberta? - pergunto com a voz falhando
-Entre. - Presumo que seja um "sim"
Eu abro a porta silenciosamente, me deparando com a sala de estar em minha frente, um pouco espaçosa, mas é simples e confortável com um sofá grande em frente à televisão. Há uma mesinha à direita, enquanto uma poltrona marrom está posicionada na esquerda, simples e neutro, assim como as cores da mobília combinam com as paredes pintadas de avelã. - Fecho a porta atrás de mim delicadamente - no sofá cor de oliva, uma moça está sentada com a mão apoiada sobre as coxas enquanto a outra mão segura um livro, ela deve estar lendo outro rOmAnCe.
VOCÊ ESTÁ LENDO
ʜᴇᴀʀᴛ ᴏғ ɢʟᴀss-[ᴘᴛ/ʙʀ]
RandomUma sociedade onde os metamorfos vivem escondidos dos comuns ("humanos"). Seres super-humanos com "dons" divinos são chamados de metamorfos; os anjos rejeitados por Deus e condenados a viver entre os naturais (a humanidade), o que os levou a governa...