Type.

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Mew Suppasit era herdeiro de uma das maiores e mais bem sucedidas empresas da Tailândia e, diferente de como havia sido criado para ser, não era frio, calculista e esnobe como o pai. Sequer gostava do que tinha. Sonhava com música e arte, mas teve suas asas cortadas desde cedo e foi arrastado para aquela vida. Um emprego de cargo alto, mas exigente e cansativo, e um casamento arranjado com uma mulher que não via mais de duas vezes ao dia e na qual ele não amava. Além do mais, era gay. Obviamente nunca teve oportunidade para contar aos pais sem que a simples menção custasse seus pequenos fiapos de liberdade.

E foram a combinação de todas estas coisas que o levaram a onde estava agora, uma boate LGBTQI+ “para adultos” com seu melhor amigo, Mild. Era sexta anoite e ele não teve escolha ao ser arrastado para ali por seu amigo que dizia “Você precisa de mais emoção nesses seus dias sem graça” e só aceitou quando ele perguntou “quando foi a última vez que fez sexo?”. Ah, muito tempo! A última vez que Mew chegou a ter qualquer singelo contato mais íntimo com alguém, foi o selinho que deu em sua esposa no dia em que se casaram. Não teve lua de mel – quer dizer, sua esposa viajou, mas ele precisou trabalhar – e também tentava ser fiel. Por três longos anos ele se saciou sozinho, jurando não trair a esposa, mas aquilo se tornou cada vez mais difícil. Sem falar que tinha quase certeza que ela dormia com outras pessoas, então poderia fazer o mesmo.

Por isso, quando Mild pagou suas entradas – combinado para que ele fosse – Mew adentrou a boate. Lá estava cheio, com mesas ocupadas em todos os cantos mais próximos do palco, onde acontecia um show de pole dance com um homem forte e músculos proeminentes, usando apenas uma box e um colete quase transparente. Os homens – e algumas mulheres – iam ao delírio aos seus pés. Mew não assistiu muito, ele não fazia seu tipo.

— Vou ver se acho meus amigos — Mild falou, deixando Mew ali. Sozinho.

Gulf Kanawut era o dono da boate, ambicioso e inteligente, administrou seu negócio para que se tornasse um dos melhores points LGBTQI+ da cidade, tinha pista de dança para quem não quisesse assistir o show e promoções boas. No começo, quando ainda era pouco frequentado e ele não tinha dinheiro para tantos dançarinos, ele fazia os shows junto de seu amigo, Earth Pirapat, mas parou quando conseguiu pagar dançarinos.

Earth ainda fazia os shows, inclusive se apresentava naquele momento. Ele também coordenava as apresentações e ensaios. Eram uma dupla.

— Eai, vai subir hoje? — Eath perguntou após descer do palco — A clientela está uma beleza. Posso escolher a dedo.

Ah, tinha aquilo. Além dos shows e dança, tinha o “paraíso superior”, que era o andar de cima que era composto por quartos que podiam ser alugados para... o que quisesse, obviamente com prevalência em sexo. Tinham até uma ala BSDM no porão que chamavam de “inferior quente”.

— Hoje não — Por mais que fosse o dono, gostava de se camuflar na multidão e observar o que acontecia na boate de perto — O palco está vazio, quem é o próximo?

— Boun — Earth respondeu — Vejo você mais tarde, vá lá servir suas bebidas.

Gulf revirou os olhos e seguiu pela boate. Todos olhavam para ele com desejo, mas não ousavam se aproximar, pois sabiam que ele era um lobo em pele de cordeiro. Podia usar roupas apertadas e abertas, com bastante pele à mostra, mas que era uma armadilha para os desavisados. Já foi chamado de “Himeros”, deus grego do desejo sexual, pois era a satisfação que qualquer um poderia buscar, homem ou mulher. Embora preferisse ser chamado de “Type”, pois era “o exato tipo que você busca”. Mas ninguém chamava sua atenção há eras. Até aquela noite.

Gulf estava andando pela área ao redor do palco quando viu alguém que o fez parar os passos. A beleza em forma de homem, com a sensualidade emanando de seu corpo como uma aura própria. Embora ele estivesse apenas parado olha o celular, Gulf não podia ver ser mais sexy. Com mãos grandes e fortes, veias proeminentes que desciam por seus braços até a camisa dobrada até o cotovelo. O decote mostrava que um peito malhado era oculto naquela camisa preta. A calça justa nas coxas torneadas.

Exatamente seu TypeOnde histórias criam vida. Descubra agora