O vento batia no meu rosto fazendo os fios do meu cabelo balançarem, o céu estava escuro, não se podia ver estrelas, as nuvens escondiam tudo, iria chover. Logo abaixo eu podia ver as pessoas passeando com suas famílias e amigos, tudo estava iluminado e ninguém parecia se importar com o céu nublado.
Eu estava na beirada do prédio, mais de 20 andares, estava realmente disposto e me jogar daqui até atingir o chão, até acabar com a minha dor.
Sun-Woo você não tem família para te impedir? Oh não, minha mãe morreu no parto e meu pai sumiu meses depois, fui criado pela minha vó que faleceu há anos atrás, e desde então eu não tinha mais parentes com quem contar, estava sozinho.
E amigos, onde estão seus amigos? Provavelmente curtindo uma festa sem mim onde podem dizer o quão chato e irritante eu sou, se falam isso na minha frente, imagine então o que dizem por trás.
E um amor? Namorado ou namorada? Eu passei a minha vida toda ouvindo as pessoas me chamarem de esquisito, acha mesmo que alguém se interessaria de verdade por mim?.
Eu estou sozinho, completamente sozinho, já pensei em todos os motivos do mundo que pudessem me fazer ficar mas não tenho nenhum, estou sozinho, como sempre.
Respirei bem fundo e fechei os olhos, dando mais alguns passos para frente, é agora.
3...
2...
1...
— Ei moço, por favor não pule — Eu me virei para trás assustado, encontrando um garoto de cabelo castanho claro usando um moletom preto e calça jeans — Não deveria fazer isso.
— E por que não deveria? — Eu me afastei da beirada e andei só alguns passos na direção do garoto.
— Eu não sei o que está passando, mas acredite, eu sei como é a sensação de querer acabar com tudo, mas estou aqui, firme e forte agora, consegui passar pela minha tempestade e acredito que você também consegue — Ele se aproximou e eu me afastei para que ele não me tocasse.
— A minha tempestade dura desde que cheguei a terra, eu não devia ter nascido.
— Não pense assim moço, pode parecer que não tem mais esperança mas tem sim, você só precisa acreditar um pouquinho mais.
— Eu não consigo, não consigo acreditar em mais nada, eu não tenho família, não tenho amigos, eu sou sozinho, por que eu gostaria de viver assim?.
— O senhor ainda estuda? — Ele pergunta de repente.
— Não..
— Então deveria estar estudando para entrar numa boa faculdade, viva por isso, faça algo que goste e trabalhe em algo legal e que te faça bem, as pessoas confiáveis e boas irão chegar na hora certa, e então você não será mais sozinho.
— Isso se eu conseguir entrar numa faculdade, teria que ser muito inteligente para conseguir uma bolsa porque não consigo pagar.
— Moço, aqui em cima está muito frio, vamos descer? Eu moro alguns andares abaixo — Eu fiquei quieto olhando para as pintinhas do seu rosto, ele não parece ter mais que 20 anos na verdade e parecia ser um bom menino, mas eu não posso confiar em qualquer um assim — Não precisa ter medo, juro que sou bonzinho.
— Isso não me deixaria mais confiante.
— Por que eu te faria mal? Por favor, eu só quero te ajudar.
Mesmo receoso eu assenti e comecei andar atrás dele, ainda desconfiado mas o que poderia acontecer de errado não é? Se ele me matasse estaria fazendo um favor para mim.
No elevador ficou um silêncio absurdo até chegar no décimo sexto andar, ele andou na minha frente e abriu uma das portas, me convidando para entrar.
— Heeseung hyung, cheguei — O menino diz para um outro cara que estava sentado no sofá assistindo "Hora de aventura".
— Niki, já estava preocupado, quem é esse?.
— Um... Amigo novo, Sunghoon hyung está em casa?.
— Ainda não chegou, foi no mercado comprar as coisas para a janta.
— Meu amigo vai ficar aqui para jantar, ok? Estaremos no meu quarto — O menino que agora eu sei que se chama Niki, pegou o meu pulso e me puxou pelo corredor da casa até chegar na porta onde tinha uma plaquinha com o seu nome.
— Eu não disse que ficaria para jantar — Falo assim que ele fecha a porta atrás de nós e me puxou para sentar na sua cama.
— Você já está aqui, por que não ficar para comer? — Ele sorriu e tirou os tênis para se deitar na cama e eu estando na ponta — Meu nome é Nishimura Riki, mas meus amigos me chamam de Niki.
— O meu é Kim Sun-Woo.
— Bonito, vou te chamar de Sunoo — Ele dá um sorrisinho de lado — Nós não precisamos falar dos seus problemas se não quiser, está bem? Podemos conversar sobre qualquer coisa.
— Por que quer me ajudar?.
— Como eu disse, entendo essa sensação, eu tive uma infância e adolescência bem complicada, já tentei tirar minha vida algumas vezes, tenho cicatrizes que sempre me lembram o passado, eu também estava sozinho.
— E como superou isso?.
— Meus pais me expulsaram de casa com 18 anos, eu pensei que iria viver na rua e aí seria definitivamente o meu fim, mas conheci o Heeseung hyung, ele e o seu namorado foram a minha salvação, me deram um lar e cuidam de mim como filho deles.
— Foram eles que acabaram com sua tempestade?.
— Na verdade sim, ajudaram a pagar minha psicóloga até eu começar a trabalhar, Sunghoon também tem alguns problemas então isso me ajudou a me adaptar aqui, por isso eu digo que alguma hora nossa tempestade passa, eu cresci no meio de coisas horríveis e só faz um ano que consegui fugir disso.
— Eu tento há vinte anos.
— E tenho certeza que vai conseguir, se antes você não tinha ninguém, saiba que eu e meus amigos estamos dispostos a aceitar você na nossa família, podemos te ajudar Sunoo, mas só se você aceitar nossa ajuda.
Niki segurou minha mão e eu olhei nos seus olhinhos puxados iguais de um gatinho, eu abri um pequeno sorriso sentindo pela primeira vez que estava acolhido e sendo aceito por alguém. Minha vó dizia que conhecemos as melhores pessoas das formas mais inesperadas, usava de exemplo o fato de ter conhecido meu avô numa briga de bar, talvez ela estivesse certa.
Talvez eu pudesse confiar em Niki e deixar que ele afastasse a minha tempestade.
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He Saved Me // Sunki
FanfictionSunoo ia desistir de tudo, só não contava com um estranho que parecia preocupado com si. ⚠️ GATILHOS: SUICÍDIO, DEPRESSÃO E AUTOMUTILAÇÃO ⚠️