Belos Traços

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  Uma história curta e feliz para relaxar
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1

  Perto das três horas, comecei minha caminhada para um café local. Levando um pequeno caderno com folhas sem linhas e um lápis para rabiscar.

  Andei por entre os arbustos que seguravam seus frutos amadurecendo com o tempo para cair com o vento. O ar fresco da tarde parecia levar minhas preocupações para longe.

  Chegando perto do café, eu já podia ouvir a música da jukebox. Uma música dos anos 90, um vocal feminino e um masculino.

  Quando entrei no café, o pequeno sino dourado no alto da porta anunciou minha chegada. Todos me conheciam e acenaram para mim assim que sorri para eles. "Sempre com seus companheiros, moça", diziam para mim, vendo minhas mãos com o caderno e o lápis. "Sempre", eu dizia para eles.

  Sentei-me em uma pequena mesa redonda, com apenas dois acentos. Abri meu caderno, peguei o lápis e observei a minha volta. Havia dois casais, um mais jovem que o outro, dançando ao som da música lenta dos anos 90. Depois de muito assistir, os desenhei em rápidos rabiscos.

  Sempre peço um mocaccino (café com chocolate). Essa bebida aquece meu coração mesmo nos dias mais frios. Assim que meu mocaccino acabou, o sino anunciou a chegada de outra pessoa. Sinceramente, gosto de olhar toda vez que aquele sino toca, é de mim gostar de ver os traços de cada ser vivo.

  No entanto, ele passou tão rápido, mal consegui ver seu perfil e aquele rapaz já estava sentado no balcão fazendo seu pedido. Do lugar em que estava, só dava para ver uma pequena parte de seu rosto. Ele tinha um pequeno corte no alto da bochecha.

  Não vi direito seus traços, mas o pouco que vi... que belo desenhado possuía. Abri meu caderno e o desenhei pela primeira vez. Seus traços eram fortes, chamativos. Me pergunto como seriam seus olhos.

  Ele era muito visível no café de aura leve que a tristeza quase nunca invadia. Não que ele parecesse triste de aura maligna. O que quero dizer é que ele parecia um pontinho preto no meio do rosa.

  Nenhum outro casal dançou naquele dia. Aquele rapaz, do mesmo jeito que apareceu, sumiu sem deixar rastros. Pela porta, vi apenas sua jaqueta passando.

  Assim que ele saiu, juntei minhas coisas e saí do café. Como alguém conseguia andar tão rápido? O segui por uma esquina quando desapareceu entre a multidão. Por mais que seus traços fossem belos e diferentes, era difícil encontrá-lo no meio de tanta gente.

  Voltei para casa pensando se no dia seguinte ele apareceria novamente.

2

  Perto das três, me arrumei para ir ao café. Estava chovendo, coloquei a capa de chuva, calcei as galochas e sai correndo protegendo meu caderno entre as vestes.

  O sino anunciou minha chegada. Comparado ao dia anterior, menos pessoas estavam presentes. Pedi o tradicional mocaccino e me sentei no mesmo lugar.

  Em dias de chuva não ia tanta gente, e a jukebox era raramente ligada. Em dias de chuva, não havia muito o que desenhar, mas valia muito a pena pelo mocaccino.

  Estava esperando a chuva passar quando o mesmo garoto tocou o sino do café. Suas vestes estavam encharcadas. Seu cabelo preto ondulado se tornou um liso pingando água.

  Mais uma vez não vi seu rosto. Então me atentei em ouvir sua voz, mas ele falou muito baixo. Pouco tempo depois, um cheiro forte de café puro pairou no ar. Ele estendeu a mão para pegar a xícara e notei ataduras em sua mão. Seus dedos eram longos e magros. Sem nada para desenhar, abri meu caderno e tracei suas mãos.

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