Capítulo único: Arrependimentos

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"Meu orgulho, meu ego, minhas necessidades e meu jeito egoísta

Fizeram com que uma mulher boa e forte como você saísse da minha vida

Agora eu nunca, nunca conseguirei limpar a confusão que eu fiz, oh

E isso me assombra toda vez em que fecho meus olhos."

Bruno Mars – When i was your man



É estranho acordar pela manhã e não a ver deitada ao meu lado, dormindo calmamente com sua respiração suave, suas feições tão relaxadas e sua mecha no meio de seu rosto. A cama parece dez vezes maior sem ela aqui.

Por quanto tempo eu estava dormente? Por quanto tempo tive essa visão sem me importar devidamente com ela, sem apreciá-la em toda sua perfeição?

Não há outra palavra para descrever aquela mulher. Perfeição, apenas.

Olho para o lado, e suas fotos ainda estavam ali. Fotos que você batia em viagens que fizemos, mesmo comigo relutante em batê-las. O sol iluminando seus fios negros e seu rosto alvo, mas nada era mais iluminado do que o seu sorriso.


Sorriso que um dia foi meu, mas hoje, não mais.


Quando você parou de sorrir por minha causa, Mikasa?

Não sei dizer.


Agora é tarde pra correr atrás, só me resta lamentar por não tê-la mais ao meu lado.


Nunca vou esquecer o quanto me chocou quando Mikasa veio conversar comigo, dizendo que queria terminar. Eu poderia esperar qualquer coisa dela, menos isso. Mikasa me amava loucamente, quase como se eu fosse um ser divino digno de devoção. Me beijava, me abraçava, dizia o quanto ela era feliz por estar comigo, por me ter ao seu lado. Lembro o quanto era dedicada a mim, paciente, compreensiva e companheira, amante incomparável...


Ela era perfeita.

E eu era um completo idiota.


Não percebia o quanto a deixava de lado, o quanto a tratei mal inúmeras vezes, e nunca notei seus olhos inchados de chorar, do qual ela sempre dava uma desculpa, e agora eu sei que eram apenas desculpas pra não dizer que na verdade, o motivo de sua tristeza era eu.

Eu, minha arrogância, meu ego, minha imaturidade. Esse ser defeituoso que sempre perde tudo de bom que tem na vida.


Eu não a mereço. Mas eu ainda a amo.

E odeio vê-la com ele.


Talvez eu odeie porque sei que ele dá a ela tudo o que eu deveria ter dado, quando ela era minha, e não dei.


Agora me lembro de todas as vezes que recusava saídas com ela, quando era queria dançar, dançar comigo, e eu sempre inventava uma desculpa porque simplesmente preferia ficar em casa. Todos os nossos aniversários de namoro dos quais eu esquecia, e via seu rosto em expectativa, esperando um buquê de flores ou chocolates meio amargo que ela tanto gostava, e ela sempre dizia que estava tudo bem quando eu dizia que não lembrava.

Era claro que não estava tudo bem.

Lembro de todas as horas de desperdicei bebendo com os amigos enquanto deveria estar com ela, enquanto ela ficava em casa, a minha espera, pra assistirmos um filme. Quantas vezes cheguei em casa bêbado e a vi adormecida no sofá, com um filme romântico passando na tv?

Perdi as contas.

Quantas vezes a via com os olhos brilhando, dizendo que sonhava em casar como nos filmes que ela adorava assistir, e eu tirava o brilho de seus olhos, dizendo que isso era apenas uma forma de se mostrar para os outros?

Ela me deu todo o seu amor, me deu tudo de si, tudo o que ela tinha de melhor, e eu não soube retribuir à altura.

Nunca saberia. Nunca fui merecedor dela.

Agora, um ano depois daquela maldita noite onde eu vi suas orbes cinzas sem nenhuma emoção ao dizer que queria terminar pois estava apaixonada por outro, sou obrigado a vê-la com ele.


Com ele.


O maldito Jean.


Maldito Jean, que é tudo o que ela precisava, e eu nunca fui.

Maldito Jean, que lembra de cada detalhe bobo, como a cor favorita, o filme favorito, ou a música favorita dela.

Maldito Jean, que sempre está nos fins de semana com ela, assistindo filmes clichês.

Maldito Jean, que a leva em todas as festas que ela sempre quis ir comigo, levando-a pra dançar como ela sempre quis dançar comigo.

Maldito Jean, que agora a tem em sua cama, tem seus beijos, suas carícias, seu corpo e seu coração. Agora, é ele quem ouve um "eu te amo" saindo da boca dela.

Maldito Jean, que a enche de mimos e presentes, que lhe leva rosas vermelhas e seus amados chocolates, e sempre gosta de dizer aos quatro ventos o quanto é um cara sortudo por ter o amor dela.

Maldito Jean, que hoje deu a ela um anel de noivado na frente de todos, o gesto que ela sempre quis. A pediu em casamento, e ela com os olhos marejados, aceitou.

Maldito Jean, que a tirou de mim.



Na verdade, ele não a tirou de mim. Eu mesmo fiz isso.


Na verdade, eu deveria agradecê-lo por fazê-la tão feliz, como eu nunca fiz.


O maldito sou eu, que só enxerguei o que tinha, quando não mais tinha.





NOTAS FINAIS

- Essa oneshot foi baseada na música de Bruno Mars, com o mesmo nome da fic.

- espero que tenham gostado. obrigada por ler!

When I was Your ManOnde histórias criam vida. Descubra agora