•capítulo único•

341 35 15
                                    


Eu tinha apenas 15 anos quando tudo aconteceu. Eram dia de aula normal, eu fui para a escola, sentei em minha cadeira e entrei em meu mais profundo estado de desespero e depressão. Aquela escola, tirava absolutamente todas as minhas energias. Eu sempre sofri bullying, isso é natural pra mim, mas naquele ano e no anterior eu tinha atingido o fundo do posso. Não conversava com ninguém, sempre almoçava sozinho e tentava ficar na minha bolha de segurança emocional desenhando e escutando música.

Aquele nao era um dia atípico, talvez até foce, mas sou péssimo com detalhes. eu não lembro do clima, não lembro das roupas que usava, das matérias que eu estava estudando. Mas nunca vou esquecer da sensação de ver aquele garoto pela primeira vez.

Ele estava sentado sozinho na última mesa do refeitório, desenhando algo em seu caderno. Era um garoto loiro, com olhos cor de céu, bem pequeno e magro. Ele parecia tão interessante, tão tranquilo e tão fofo. E era difícil para mim admitir isso sobre outro cara. Me vi confuso e profundamente encantado, mas era só o começo.

Acabei me sentando próximo a ele todos os dias, tentando criar coragem para dizer alguma coisa. Eu sempre me senti muito "normal", talvez ate um pouco estranho (se isso fizer algum sentido), mas também sentia que ninguém realmente gostaria de ser meu amigo por causa disso. Então foram semanas ali, almoçando próximo a ele só para criar coragem.

E adivinhem? Quem acabou falando primeiro foi ele, após me ver desenhando para um projeto escolar daquele dia.

Descobri que seu nome era Armin Alert, era um nome interessante a agradável de pronunciar. Ele gostou do meu desenho e perguntou se eu tinha mais, eu mostrei e começamos uma conversa agradável.

Descobri que meu programa favorito era o dele também, e quase ninguém naquele lugar conhecia aquele programa. Vi os desenhos dele de perto, e eles eram até melhores do que eu imaginava. Ele tinha um traço suave e delicado, era agradável de se olhar.

As semanas se passaram, e Armin acabou se tornando um dos únicos motivos para mim levantar e ir para aula. A gente conversava quando saia um capítulo novo daquela série, desenhava juntos, conversava sobre algo aleatório. Simplesmente fluía bem.

Acabamos no tornando realmente próximos, as vezes saíamos depois da aula para ler na praia, desenhar ou apenas jogar conversa fora. E foi uma das melhores épocas da minha vida, pois foi quando comecei a me recurar emocionalmente da depressão e da ansiedade, bem lentamente, mas melhorando.

E quando eu me dei conta, ele se tornou uma das pessoas mais importantes pra mim. Armin não era como os outros estudantes que eram enérgicos e explosivos, ele era calmo e suave, como um por do sol na praia depois de uma tarde agitada. Era ótimo estar com ele, conversar com ele, até mesmo encontrar ele no intervalo e ver ele sorrir era incrível.

foi quando eu me dei conta de que estava apaixonado.

Eu realmente gostava dele, ele era como um raio de sol na minha vida, tornava tudo mais alegre e único. Mas tinha um problema.

Nós dois crescemos em famílias bem religiosas, meu pai nunca aceitaria um filho gay. Já havia me ameaçado inúmeras vezes de tirar todo meu contato com a internet se eu continuasse com essas idéias pecaminosas.

A família dele era igualmente complicada. Ele fazia parte do grupo de jovens da igreja, já que seu avô era diácono e ele ia para acompanhar seu avô (assim como eu ia para acompanhar meus pais).

Quando eu ainda estava me descobrindo, ouvi coisas horríveis. Eu me sentia o pior ser do mundo apenas por existir, como se nada além do amor de Deus pudesse me "curar".

No início, tive muito medo de me assumir para a minha família, mas depois deixou de ser uma necessidade. Se eles eram tão babacas, realmente deveria conhecer um namorado meu? Eu não estaria fazendo nada de errado.

Piloto automático - EreminOnde histórias criam vida. Descubra agora