Cruel Intentions (Romancier)

POW - Maite Perroni

A aula acabou e eu olhei o meu horário procurando em que sala seria a próxima aula. Já estava no colégio há três semanas, mas mesmo assim me perdia algumas vezes e ainda não tinha entrado na rotina do Strathallan. Peguei minhas coisas e fui ao encontro de uma garota de cabelos loiros e grandes olhos azuis que me aguardava na porta.
– Por que você não deixa essas coisas no armário? – ela me perguntou com sua voz aguda enquanto andávamos pelos corredores cheios – Não vai precisar de tudo isso.
– Não estou acostumada com armários, e também, nunca se sabe.
Anahí deu de ombros.
– Você é o assunto da vez aqui em Strathallan - ela sorriu animada quando chegamos ao jardim – Sabe como é... Carne nova.
Senti minhas bochechas esquentarem violentamente. A última coisa que eu queria era chamar a atenção.
– Logo serei apenas mais uma... – eu respondi esperando que ela concordasse comigo, mas Anahí apenas sorria.
– Não sei – ela disse após refletir um pouco – Você é meio diferente das outras meninas, isso chama atenção.
– Diferente como?
Paramos em um banco perto das escadarias que levavam ao prédio onde teríamos aula. Anahí se sentou, cruzando as pernas devagar, rolando os olhos pelos jovens que conversavam animadamente até me olhar novamente.
– Maite, você é... Assim.
– Isso é ruim? – me sentei ao lado dela, apertando os lábios, sentido que havia algo de errado comigo.
– Não minha querida – Anahí riu da minha expressão, que devia estar passando todo o meu medo – Acho que é bom, afinal, você conseguiu atrair Christopher Uckermann, o menino mais cobiçado do colégio.

Respirei fundo e ergui minhas sobrancelhas, surpresa.
– Atrair? Anahí, não é nada disso! Ele só está me ajudando, assim como você.
E então ela soltou uma gargalhada prazerosa.
– Ora, Maite, por favor! Christopher não é desses que ajuda qualquer uma... Sé é que você me entende.
Não sabia se havia entendido apesar de perceber a malícia nos olhos dela.
– Ele só se apiedou de mim – sussurrei tentando retomar a tranquilidade.
– É mesmo? – Anahí se levantou de repente, olhando para algum ponto atrás de mim – E que piedade é essa que não passa? Te vejo na sala.
Ela deu alguns passos para longe, ainda sorrindo.
– Anahí! – gritei ao vê-la se afastar – Eu vou com você.
– Não! – Anahí respondeu se virando rapidamente. Já estava perto dos degraus que levavam ao prédio – Fique aí. Acho que alguém quer falar com você.
Eu não contive um sorriso ao imaginar quem era. Assim que me virei, pude ver que eu estava certa: era Christopher, que caminhava até mim em passos lentos, com um meio sorriso nos lábios.