POW - Maite Perroni

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Eu tinha mais 20 minutos livre antes da aula seguinte e eu os passaria sentada no lugar mais escondido no jardim de Strathallan. Queria me esconder de Christopher pelo resto da vida, mas Anahí me obrigou a ficar em um lugar bem visível.
– Pelo amor de Deus, Maite – os olhos azuis de Anahí me olhavam com irritação – Você é a única pessoa na cidade inteira que foge de Christopher Uckermann.
– Eu só não quero falar com ele agora, tudo bem? – bufei tentando sair do meio das pessoas que saiam das salas.
– Tudo mal né? Se você me explicasse o que está acontecendo pelo menos.
Tentei ignorar Anahí, mas sabia que ela não me deixaria em paz nunca.
– Não é nada. – eu falei baixo enquanto sentava no banco próximo à entrada do prédio onde teria aula.
– Não é nada? – ela repetiu incrédula – Eu vejo como você olha pra ele, como fica perto dele... Maite! – Anahí me chamou quando eu desviei os olhos de cima dela – Você gosta dele.
Eu não respondi imediatamente. Do outro lado do jardim pude ver Christopher conversando com Belinda. Ele não parecia estar gostando da conversa, pois mantinha uma expressão desgostosa. Quis me levantar e sair dali o mais rápido possível, mas Christopher me viu. No segundo seguinte ele estava caminhando em minha direção.
– Mai.
Anahí, percebendo que sobraria, fora conversar com outras pessoas antes que Christopher se aproximasse. Eu não consegui olhar nos olhos dele de tanta vergonha. Só de lembrar da noite anterior, na casa dele eu tinha vontade de sumir daquela cidade.

– Christopher, eu preciso entrar pra aula – eu levantei rapidamente, ainda sem olhá-lo. Mas ele não deixou que eu me afastasse nenhum milímetro, me segurando delicadamente pelo braço.
– Eu quero falar com você, Maite.
Por fim, eu consegui olhá-lo. Seus olhos me fitavam com apreensão e Christopher parecia muito preocupado com alguma coisa.
– Tudo bem – eu assenti, sentindo meu coração disparar.

Eu senti que acabaria perdendo a aula, mas pela primeira vez aquilo não me incomodava. Minha cabeça estava em Christopher que andava ao meu lado silenciosamente. Paramos em um lado mais afastado do jardim do colégio – exatamente onde eu queria ter me escondido dele. Ele parecia desconcertado quando paramos aos pés de uma árvore.
– Mai – Christopher começou a falar, passando a mão pelos cabelos – Eu queria te pedir desculpa.
Me encostei ao tronco da árvore, com os olhos levemente arregalados. Aquilo sim foi uma surpresa.
– Pelo o que?
– Bom – ele deu um sorriso tímido, que de verdade, me encantou – Eu sei que passei dos limites ontem.
Meu olhar caiu instantaneamente. Ele estava pedindo desculpa, mas eu também tinha culpa, afinal, eu tinha correspondido.
– Christopher...
– Será que você pode me perdoar? – ele perguntou com a voz baixa.
Minha cabeça trabalhava rapidamente, mas o meu coração atrapalhou tudo. Eu não estava me reconhecendo. Eu não era daquelas meninas bobas que se apaixonavam fácil, apesar de parecer. Então por que eu ficava assim perto dele?
– Eu não tenho que te perdoar de nada – eu falei depois de um grande esforço para fazer minha voz sair – Eu só não estou preparada pra isso ainda, entende?
Ele concordou silenciosamente, levando uma mão ao meu rosto que acariciou devagar. Christopher sorriu ao ver que eu me arrepiara com o toque. Eu precisava me controlar, ou ele me acharia uma boba.

– O que acontece – eu voltei a falar desviando os olhos para conseguir juntar as palavras – Eu tive um namorado. – eu olhei pra ele, mas Christopher não mudou a expressão – Sebastián. Talvez você o conheça.
– Apenas de nome – ele respondeu ainda me olhando, só que mais sério. Sua mão agora estava em meu cabelo e seus dedos brincavam distraidamente com a ponta de alguns fios negros – Por que terminaram?
Suspirei alto tentando criar coragem para reviver mentalmente o que me acontecera.
– Bom, eu sou uma garota normal Christopher – eu, por fim, o olhei diretamente em seus olhos castanhos – Como todas as outras – ele sorriu e eu soube que ele estava prestes a discordar de mim – Mas com relação a isso eu sempre tive certeza de como queria e Sebastián não se sentiu capaz de esperar o momento certo.
Eu respirei fundo me sentindo um pouco aliviada. Christopher ficou muito quieto por algum tempo deixando que eu escutasse apenas o barulho do vento batendo nos galhos das árvores.
– Eu vou te esperar Mai – ele finalmente disse enquanto entrelaçava a mão por entre os fios do meu cabelo – E vou me comportar.
Eu iria responder, mas ele me beijou com ternura e eu acreditei em suas palavras.

Cruel Intentions (Romancier)Onde histórias criam vida. Descubra agora