Cruel Intentions (Romancier)

POW - Christopher Uckermann

Estava com Maite. Acabara de entregar uma rosa à ela, coisa que, devo acrescentar, achei de muito bom gosto. Nunca havia feito aquele tipo de coisa, mas me pareceu bom fazer por ela. Maite é delicada, inocente, apesar de esperta. É diferente das outras garotas e eu tenho que confessar que ela me intriga de uma maneira absurda. Estava com ela esperando dar o horário da aula quando meus olhos caíram sobre uma pessoa que nos observava perto da escadaria principal. Soltei um suspiro cansado e tentei ignorá-la a todo custo durante os minutos que me restavam com Maite, mas, infelizmente, o tempo passou rápido e quando me vi, já estava em frente à Belinda.
– Você quer estragar tudo? – perguntei antes que ela pudesse falar qualquer coisa.
– Acho meio difícil – Belinda sorriu. Seus olhos estavam brilhando daquele jeito que eu não gostava – Você está indo bem, devo admitir. Essa jogada da flor... Uau.
– Não foi jogada nenhuma – soltei inconscientemente fazendo com que ela arregalasse os olhos azuis – Afinal – eu acrescentei rapidamente – O que você tem a ver com o que eu faço? O que te interessa é o resultado.
A puxei discretamente para longe dos estudantes que agora se encaminhavam em massa para dentro do prédio do Strathallan.
– Mas os seus métodos me encantam – ela riu parando atrás de um arbusto – Você merece um Oscar.
A verdade era que eu estava cansando daquilo. Nada parecia tão divertido como das outras vezes em que Belinda e eu fazíamos aquelas apostas e eu tinha certeza que o problema era ela. Ela e aquele ar de superioridade e a mania de querer controlar tudo.

– Eu não preciso de Oscar – eu disse a olhando seriamente – Sou Christopher Uckermann.
Belinda piscou, talvez, surpresa pelo o meu tom de voz, mas logo se recompôs.
– O Christopher Uckermann de antigamente já teria terminado essa história há muito tempo. Você mudou tanto assim? – ela perguntou cruzando os braços – Ou, não me diga que você está gostando da virgem?
Não me dei o trabalho de responder. A deixei ali e fui para a aula decidido que acabaria com aquilo o mais rápido que pudesse.

Já sabia que Maite era diferente, mas ainda sim ela conseguia me surpreender cada dia mais. As coisas que falava, o modo como se comportava, tudo nela me surpreendia e tornavam as coisas agradáveis. Quando aceitei a aposta de Belinda pensei que seria uma tortura ficar ao lado dela, mas me enganei, devo admitir. Ela tinha alguma coisa que eu jamais vira em outra garota.
– Está tudo bem? – perguntei a observando, sentando ao lado dela no gramado.
Fazia alguns minutos que Maite não falava nada. Desde que chegamos ali, num dos pontos mais altos da cidade. Apesar de ser um lugar quase deserto, possuía a melhor vista da cidade em minha opinião. Ela olhava, de cima, para as luzes brilhantes que enfeitavam Londres.
– Está – ela se virou para mim e sorriu. Não pude deixar de sorrir de volta – Só estou pensando...
– Em mim?
Maite riu deixando com que alguns fios negros caíssem sobre o seu rosto.
– Digamos que sim. Em nós, mais especificamente.
Concordei silenciosamente, ainda olhando para ela. Um vento fraco soprou fazendo com que os cabelos de Maite esvoaçassem delicadamente.
– Gosto quando fala nós.
Ela me olhou com a expressão intrigada. Seus olhos castanhos escuros brilhavam contrastando com a luz da lua.
– Gosta?
– Sim – dei de ombros – Junta você e eu na mesma palavra.
Vi que ela piscou confusa algumas vezes e abaixou a cabeça. Levei a minha mão até a dela e a apertei devagar.
– Essa é uma boa noite para nós, eu acho. – ela sussurrou ainda sem me olhar.
– Em que sentido?
– Em todos – Maite me olhou e percebi que a cor da pele de suas bochechas mudara para um tom rosado – Nunca pensei que ficaria assim com alguém. Nem com Sebastián...

Tentei me controlar, mas sempre era pego de surpresa e a menção do nome dele ainda me trazia lembranças ruins.
– Desculpe – ela murmurou arregalando os olhos, provavelmente entendendo errado a minha reação – Eu não devia mencionar ele. Regra número um: nunca falar sobre ex-namorados.
Eu sorri e acariciei o rosto dela com as costas da minha mão.
– Está tudo bem. Você está comigo agora e não há regras a serem seguidas.
Foi a vez de ela concordar sorrindo. Me peguei pensando em como gostava daquele sorriso.
– Chris – Maite me chamou, desviando o olhar para a cidade – Seus pais estão em casa?
– Estão na Irlanda cuidando de negócios – respondi rapidamente ainda que estranhasse a pergunta.
– E Belinda? – ela perguntou parecendo interessada nas poucas estrelas que enfeitavam o céu.
– Não aparece em casa desde ontem. Deve estar torturando o namorado.
Esperei Maite se manifestar. Ela ficou mais alguns segundos olhando o céu até que se virou para mim. Se colocou sob os joelhos num movimento delicado e só então percebi o quão estávamos perto. Podia ver seu rosto com detalhes ainda que estivesse escuro. Ela colocou uma mão sobre o meu ombro e acariciou subindo até a minha nuca. Não preciso falar que me arrepiei no mesmo instante.
– Torturando o namorado? – ela repetiu fazendo com que seu hálito quente batesse em minha boca – Não faço ideia de como seria isso.
Então ela aproximou seu rosto e eu me preparei para sentir seus lábios macios nos meus, o seu gosto em minha boca, mas não foi exatamente isso que aconteceu. Eu senti sua boca roçar na minha e sua língua passar em volta dos meus lábios timidamente. Segurei sua cintura instantaneamente. Ela queria me matar?
– Eu estava pensando... – ela falou baixo grudando a testa na minha – Que talvez... – ela olhou para a minha boca e apertou minha nuca – Nós p...

Ela não precisava falar mais nada. A puxei com mais força do que desejava e invadi o espaço entre seus lábios com mais desespero do que poderia, assumo. Seus braços se prenderam em mim e eu fiz força pra não arrancar aquela blusa branca que ela vestia e cobria o que eu mais desejava no momento.
Quando nos separamos, Maite me olhou assustada, mas eu apenas sorri. Me levantei e estiquei a mão para ela que a pegou, insegura.