Cruel Intentions (Romancier)

POW - Maite Perroni

Eu entrei naquela casa receosamente. Quando Belinda me ligou e pediu para ir até lá um pouco antes do combinado com Christopher me vi preocupada, pensando que algo poderia ter acontecido com ele ou com alguém de sua família. Nós iriamos jantar e ele me daria a tal surpresa. Minha preocupação só aumentou quando entrei na sala de estar e vi uma pessoa sentada no sofá. Não era quem eu imaginava.
– Belinda? – eu perguntei correndo até ela que tinha o rosto manchado por lágrimas – O que aconteceu? Você está bem?
Ela confirmou silenciosamente com um movimento rápido.
– Christopher está bem? – minha voz quase não saiu sendo abafada pelo nó que se formou em minha garganta. Nada podia ter acontecido com ele.
– Sim – ela murmurou passando as mãos pelo rosto. Sua maquiagem, sempre muito carregada, manchara suas faces bronzeadas – Ele não sabe que eu te pedi pra vir mais cedo.
Arregalei meus olhos enquanto tentava acalmá-la apertando sua mão. Belinda soluçava baixo e seu corpo tremia levemente.
– Eu preciso te contar – ela soltou de repente me olhando diretamente nos olhos – Por que você não merece isso.
Senti que minha respiração começou a falhar e como se o sofá começasse a parecer desconfortável demais.
– Do que está falando, Belinda?
Ela respirou fundo e apertou forte a minha mão. Não estava entendendo nada. Não conseguia ver motivos para tanto desespero.

– Eu sinto muito – Belinda sussurrou com a expressão chorosa – Primeiro eu quero que saiba que a culpa é minha. Christopher pode ter feito coisas erradas, mas é tudo culpa minha.
Não disse nada. Apenas esperei que ela se acalmasse e começasse a falar.
– Quando você chegou a Strathallan eu reparei em você. Tão diferente de todas as outras garotas fúteis e mesquinhas – ela fungou e eu apenas a escutava com o coração batendo forte em meu peito – Todas as outras com que Christopher já havia ficado. Eu achei que ele precisava mudar. Parar de se divertir com essas meninas que não o levariam para lugar nenhum. Achei que ele precisava encontrar uma garota decente, assim como você.
Eu estava paralisada deixando que as palavras de Belinda entrassem em minha cabeça devagar. Nada do que ela falava parecia fazer sentido. Não para mim.
– Mas eu sabia que ele não olharia pra você – ela voltou a falar e eu arregalei meus olhos – Você é linda, Maite. Mas Christopher gosta de outro tipo de meninas. As que deem para ele exatamente o que ele quer sem que ele tenha que fazer muito esforço. E eu sabia que você não era assim, Sebastián me disse como você era... Diferente.
Não gostei do jeito que ela falou aquilo. Sim, eu era diferente, mas aquilo não era ruim. Umedeci meus lábios e continuei respirando fundo olhando para Belinda que voltou a secar os olhos com as pontas dos dedos. Eu não conseguia ver onde ela queria chegar com tudo aquilo.
– O que Christopher está fazendo comigo então? – consegui falar com a voz baixa.
– Oh, Maite – ela soluçou voltando a chorar – É minha culpa! – Dulce fechou os olhos deixando que as lágrimas rolassem livremente pelo seu rosto. Eu esperei pacientemente, ansiosa e nervosa por ouvir o resto – Nós apostamos.

Primeiro eu pensei que fosse brincadeira, apesar do choro incontrolável da menina em minha frente. Esperei algum tempo esperando que ela se consertasse, mas ela apenas chorava. Eu tossi sentindo que algo voltava de meu estomago e que o ar não conseguia entrar em meus pulmões. Minha cabeça deu um giro e eu tive certeza que ia desmaiar.
– Me desculpe - ela murmurou desesperada – Eu disse... Que ele nunca conseguiria uma menina como você, que só fica com alguém quando realmente ama a pessoa. Ele riu e disse que você deveria ser com todas as outras. Então ele... – Belinda gaguejou em meio suas lágrimas – Ele sugeriu que nós apostássemos.
– Apostaram o que exatamente? – eu perguntei sentindo meus olhos arderem fortemente. Mas eu engoli em seco: Não choraria, não demonstraria fraqueza.
– Que ele tiraria sua virgindade.