ᴄᴀʟᴄɪɴʜᴀ ᴠᴇʀᴍᴇʟʜᴀ

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Vontade de andar em uma R8 viu

Não sei o que ele está fazendo e morro de medo de ele estar prestes a ser a primeira pessoa a ver o que tem por baixo da minha blusa. Mas não consigo encontrar de jeito nenhum palavras que o impeçam.

Quando o segundo botão é aberto, ele desce para o terceiro. Antes de abrir este botão, seus olhos encontram os meus e ele parece tão assustado quanto eu. Continuamos nos entreolhando até que ele chega ao último botão. Quando solta, baixo os olhos para minha blusa.

Só uma parte da pele aparece acima do meu umbigo, então ainda não me sinto realmente exposta. Mas estou prestes a sentir, porque lentamente ele ergue as mãos para o topo da minha blusa. Antes que ele faça mais algum movimento, fecho bem os olhos de novo.

Não quero ver a expressão dele quando descobrir o quanto do meu corpo foi queimado. Quase todo o meu lado esquerdo, para ser exata. O que ele vê quando olha meu rosto é só uma fração se comparado ao que há por baixo da minha roupa. Sinto minha blusa sendo aberta e quanto mais de mim é exposto, mais fica dificil conter as lágrimas. É a pior hora do mundo para ficar sentimental, mas acho que as lágrimas não têm uma fama de timing impecável. A respiração dele é extremamente audivel , assim como seu suspiro quando minha blusa se abre por completo. Quero empurrá-lo para fora do closet, fechar aporta e me esconder, mas é exatamente isso o que venho fazendo nos últimos dois anos, então, por motivos que não consigo explicar, não peço para ele parar.

Arthur desliza a blusa pelos meus ombros e, lentamente, por meus braços. Puxa pelo resto do caminho, passando por minhas mãos, até que a deixa cair no chão. Sinto as mãos dele roçando nas minhas e fico constrangida demais para me mexer, sabendo exatamente o que ele está vendo ao olhar para mim. Os dedos dele sobem por minhas mãos e pelos pulsos, justo quando a primeira lágrima escorre pela minha bochecha. Mas a lágrima não o abala. Um arrepio percorre a maior parte da minha pele enquanto ele continua subindo com as mãos por meus antebraços. Em vez de correr os dedos até meus ombros, ele para. Ainda não me atrevo a abrir os olhos. Sinto a testa dele encostar delicadamente na minha e, só o fato de que ele está respirando tão acelerado quanto eu, me dá algum conforto neste momento.

Sinto um frio na barriga quando suas mãos encontram a barra da minha calça
jeans.

Isto está indo longe demais.

Longe demais, longe demais, longe demais, mas só consigo respirar louca mente e deixar que seus dedos abram o botão da minha calça, porque, por mais que eu queira que ele pare, tenho a sensação de que ele não está tirando minha roupa por prazer. Não sei muito bem o que ele está fazendo, mas estou imobilizada demais para perguntar.

Respire, Carol respire. Seus pulmões precisam de ar novo

A testa dele continua encostada na minha e sinto sua respiração em meus lábios. Tenho a sensação de que os olhos dele estão arregalados e ele está olhando para o espaço entre nós dois, observando as próprias mãos abrindo meu zíper.
Quando o zíper chega a seu destino, ele desliza as mãos entre minha calça jeans e meu quadril, tão despreocupadamente que eu chego a acreditar que nem incomoda tocar as cicatrizes do meu lado esquerdo. Ele puxa minha calça pelo quadril e começa lentamente a se abaixar, deslizando a calça por minhas pernas. A respiração de sua boca percorre meu corpo até que eu a sinto parar na barriga, mas seus lábios não tocam nenhuma vez em minha pele.

Quando a calça jeans está nos meus pés, tiro um pé de cada vez.

Não faço ideia do que vai acontecer em seguida. O que vai acontecer em seguida? O que. Vai. Acontecer. Em. Seguida? Meus olhos ainda estão fechados e não faço ideia se ele está de pé, ajoelhado ou saindo dali.

— Levante os braços — diz ele.

Sua voz sai rouca e próxima de mim, e me assusta de tal modo que meus olhos se abrem involuntariamente. Ele está de pé bem na minha frente, segurando o vestido que largou no chão.

Olho para ele e de maneira nenhuma esperava ver aquela expressão. Seus olhos são tão acalorados e ferozes que é como se ele precisasse de cada grama de moderação para não retirar minhas duas últimas peças de roupa.

Ele pigarreia.

—Por favor, levante os braços, Carolina.

Faço isso e ele coloca o vestido pela minha cabeça, puxando-o por meus braços. Puxa até passar pela cabeça, e continua, ajeitando-o sobre minhas curvas.

Quando o vestido finalmente está no lugar, ele levanta meu cabelo e o deixa cair nas costas. Dá meio passo para trás e me olha de cima a baixo. Pigarreia, mas sua voz ainda sai rouca quando ele fala.

— Bonita pra cacete — diz ele, abrindo sorriso devagar. — E vermelha.

Vermelha?

Olho para o vestido, que sem dúvida é preto.

— Sua calcinha — disse ele, esclarecendo. — É vermelha.

Solto uma lufada de ar com o que pensei que fosse um riso, porém parece mais um choro trinado. É quando percebo que as lágrimas continuam escorrendo por meu rosto, então tento enxugar com as mãos, mas continuam escorrendo.

Não consigo acreditar que ele acabou de despir para provar seu argumento. Não acredito que eu permiti. Agora sei exatamente o que Arthur quis dizer quando falou que acha dificil controlar sua indignação na presença do absurdo. Ele considera minhas inseguranças absurdas e assumiu a tarefa de me provar isso.

Arthur dá um passo para a frente e me abraça. Tudo nele é reconfortante e quente e não faço ideia de como reagir. Uma das mãos dele toca minha nuca e ele pressiona meu rosto em seu peito. Estou rindo de como minhas lágrimas são ridículas, porque, quem faz isso? Quem chora quando um cara tira sua roupa pela primeira vez?

— É um recorde — diz Ben, me afastando do seu peito para me olhar. — Fiz minha namorada chorar em menos de três horas de relacionamento.

Rio outra vez, depois pressiono o rosto em seu peito e o abraço também. Por que ele não estava lá no segundo em que acordei no hospital, dois anos atrás? Por que tive de enfrentar dois anos inteiros antes de finalmente ter alguma confiança? Depois de mais um ou dois minutos em que tento conter minhas emoções erráticas, finalmente me sinto calma o bastante para notar que ele não tem um cheiro tão bom quando minha cara está enfiada numa camisa que ele não tira há dois dias.

Eu me afasto e passo os dedos embaixo dos olhos de novo. Não estou mais chorando, mas tenho certeza de que tem rímel para todo lado.

— Vou usar esse vestido idiota com uma condição — digo. — Se você for para casa e tomar um banho primeiro.

O sorriso dele aumenta.

— Isto já fazia parte dos meus planos.

Ficamos ali em silêncio por mais um tempo, depois não consigo ficar neste closet nem por mais um segundo. Empurro os ombros dele e o expulso do quarto.

— São quase quatro horas — digo. — Volte às seis e estarei vestida e pronta para sair.

Ele segue para a porta do meu quarto, mas me olha novamente antes de sair.

— Quero que você prenda o cabelo no alto está noite.

— Não abuse da sorte.

Ele ri.

— Pra que existe sorte, se não posso abusar dela?

Aponto para a porta.

— Vá. Banho, e faça a barba no chuveiro.

Ele abre a porta e começa a se afastar.

— Barba, é? Pretende roçar sua boca no meu rosto hoje à noite?

— Vá — digo com um riso exasperado

Ele fecha a porta, mas ainda ouço o que ele diz a Babi e Victor assim que entra na sala de estar

— É vermelha! A calcinha dela é vermelha!

Arthur tá levando muito a sério esse negócio de calcinha viuKKKKK

The Date~Volsher Adaptation~Onde histórias criam vida. Descubra agora