31. Je Te Laisserai Des Mots

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Abrir um novo negócio nunca é uma tarefa fácil. É preciso saber o que está fazendo, ter foco, ter conhecimento e força de vontade. Tudo isso é a chave para tornar seus sonhos realidade. Mas quando se está no topo e de repente decide dar uma pausa da facilidade para encarar algo complicado, apenas para sair da rotina monótona que te enlouquece e te faz perder a cabeça, as coisas realmente mudam.

Depois que decidi dormir em um pula-pula no quintal da casa de minha mãe, Alison achou que era melhor eu me levantar e tentar algo novo, então Wish You Were Beer nasceu no centro da cidade. Ela havia gostado tanto da ideia, que até se ofereceu para ligar para Sarah, pois sabia que ela estava procurando por um trabalho, e aquele com certeza era perfeito para ela.

– Mas sinceramente Cosima, eu não sei o que você ainda está fazendo aqui! Vá para a sua empresa e me deixe trabalhar – resmungava Sarah sempre que eu me intrometia e perguntava como estava o seu trabalho.

Expliquei para ela que ver aquelas pessoas se divertindo com algo que eu fiz significava muito. Significava que eu não acabaria ficando louca se ficasse em minha empresa, e que minha mãe ficaria mais tranquila se eu saísse do escritório de sua casa. Mas Sarah era teimosa demais, e na verdade, eu sei que o que ela queria era espaço para dar em cima das pessoa que ficavam esperando por sua bebida no balcão sem que eu visse.

– Eu só quero uma dose de Bourbon – respondi desanimada, enquanto coçava a nuca, debruçada sobre o balcão de madeira escura.

Sarah me encarou com um olhar que eu bem conhecia, e deixando o copo e o pano que usava para seca-lo de lado, ergueu uma sobrancelha e se virou para buscar a bebida solicitada na prateleira, para logo depois servir um pequeno copo.

– Sabe que não faz sentido comprar um bar e querer que ele cresça se está tomando todo o nosso estoque, não é? – alertou ela, e sem respondê-la, virei todo o copo de uma só vez.

– Se o estoque acabar, nós o repomos Sarah – respondi dando de ombros, pegando a garrafa de sua mão para encher o copo outra vez.

– Mas até quando, Cosima? – perguntou com os cotovelos escorados no balcão para ficar mais perto de mim, e virei outra dose antes de responder:

– Até quando o quê?

– Até quando vai vir aqui cinco vezes ao dia encher a cara como se não tivesse responsabilidade alguma na vida?

Eu me esquecia do quanto Sarah era direta de vez em quando, e essa era uma das qualidades que eu mais odiava nela. Apenas não fui forte o suficiente para responder sua pergunta. Queria dizer que ficaria ali até que meu coração se remendasse e eu voltasse para a minha vida antiga, ou até quando eu criasse uma máquina do tempo e viajaria para o dia em que conheci Delphine Cormier. E naquele dia, eu não a teria convidado para jantar.

– Certo, eu entendi. Ela te enganou, mentiu, e está grávida! – disse ela – Mas isso aqui também não está certo Cos! Você ainda a ama. Você sabe que sim. E fica se remoendo dessa forma sem nem ao menos se dar uma chance. Sem dar a ela uma chance...

– Você não odiava Delphine? – perguntei surpresa por ela estar defendendo a francesa.

– E odeio mais ainda por ela ter te deixado nessa situação, mas pelo o que eu estou vendo, apenas ela poderá conserta-la. E pelo o que Dierden disse, ela esteve procurando por você por semanas! É óbvio que quer se explicar.

– Tenho coisas demais para me preocupar agora – tentei me esquivar do assunto e alcançar a garrafa, mas Sarah a pegou antes de mim, me fazendo cerrar os dentes em raiva.

– Tipo o quê?

– Tipo o fato de Alison e Alfred estarem namorando!

– O quê? – indagou como se fosse a coisa mais confusa do mundo – E que merda você tem a ver com quem Alison namora ou não?

Não diga que me amaOnde histórias criam vida. Descubra agora