10: O problema

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Lily Evans se apaixonou pelo problema. O problema vestia blusas de flanela xadrez e calças jeans surradas. Antes, Lily Evans apenas se contentava com os mais estilosos caras da NYADA e agora, estava apaixonada por um aprendiz de caipira que tocava e compunha música clássica e se vestia mal.

E que mal penteava os próprios cabelos. E por fim, amava outra pessoa. Fazia cinco dias desde o fim de semana na casa de James e Lily não tinha o respondido e nem aparecido por lá, mesmo que Alice e Sirius vivessem naquele apartamento, ela sempre falava para eles inventarem qualquer desculpa.

Ela tinha um problema e precisava resolvê-lo. O problema é que ao cruzar o corredor para ir para sua aula de canto ela viu o problema parado ali. Ela tentou voltar para o final do corredor, mas o problema estava a encarando enquanto sorria descaradamente para ela.

- O que faz aqui? – ela perguntou tentando parecer o mais calma possível enquanto a simples ideia de vê-lo balançava todo o seu corpo e deixava sua cabeça em choque.

- Acalme-se, eu não vim te sequestrar! Sei que não quer me ver e jamais te forçaria a isso. – Ele disse calmamente. – Me chamaram aqui.

James a viu e ela estava linda. Obviamente, ele não admitiria isso. Ele havia sido chamado ali, jamais a perseguiria, mas estava feliz de poder vê-la. E é claro que aceitou estar ali apenas para estar próximo dela.

- James Potter. – Lily observou Prudence, a diretora da Nyada cumprimentar James. – Ah, Lily vejo que já está aqui, isso é bom. Venha, vamos entrar todos.

Na sala de canto. Todos os alunos estavam sentados, Lily foi para o seu lugar enquanto observava Prudence com atenção. A sala tinha a acústica perfeita foi construída para os alunos não poderem errar nenhuma nota. A pressão era gigante e poucos alunos conseguiam cursar a disciplina.

- Olá, pessoal! Tudo bem? Creio que todos aqui conheçam, James Potter. O estudante da Julliard. – Prudence observou os alunos balançarem a cabeça com sinal de positivo. – Quero que os recebam bem, pois ele irá compor com vocês a música de encerramento do semestre. – Lily observou os alunos da Nyada protestarem enquanto James observava tranquilo. Claro que ninguém aceitaria bem. James tinha razão quando dizia que os alunos eram vaidosos e eram.

- A ideia é que vocês produzam um momento em conjunto. Com dança, canto e composição. James está nos ajudando de boa vontade e ele é excelente em composição. – Prudence saiu da sala e James assistiu o restante da aula.

Após uma pequena reunião James sabia mais ou menos como fariam.

- Pronto para ser engolido pelos leões? – Lily sorriu para ele e ele retribuiu o sorriso, causando uma revolta no estômago dela.

Ele era um problema.

- Tudo bem, eu vou sobreviver. – ele respondeu tranquilamente.

Mas o que James fez surpreendeu a todos. Ele pegou o violão que estava encostado na beira da parede e começou a tocar e cantar, Lily amava aquela música, que falava sobre não ser o lugar e sim a pessoa.

A voz dele era diferente de tudo que ele já havia ouvido. Era calma e afinada. Era como ouvir John Mayer ao vivo e a cores.

Ela não sabia que ele cantava, ainda mais daquele jeito. A sala não mentia. Ele não errou uma nota e foi aplaudido. Ele ganhou todos os leões ali.

James e Lily ficaram conversando e ela o levou para o dormitório dela dentro do campus. A pequena cozinha e tudo muito menor que a casa dele não o deixou menos entusiasmado. Ele estava tão feliz de estar perto dela novamente.

Ela tomou um banho e ele ligou a tv.

- James, sobre o que eu disse. – ela ia começar a dizer quando ele a interrompeu.

- Não precisamos falar sobre isso se você não quiser. – ele disse sorrindo para ela.

Aquele sorriso era um problema.

- Mas nós temos, não temos? – Lily se sentou de frente para ele e o encarou sem desviar o olhar. – Quer dizer, se quisermos ser amigos, afinal.

Amigos, James pensou, é claro. Ela quer ser amiga dele.

- Se vamos ser amigos não precisamos falar sobre o que você disse. – ele decretou tentando não demonstrar seu desgosto.

Lily não compreendeu que ele estava irritado e assimilou que tinha resolvido aquele problema. Eram amigos e pronto.

- Não posso quebrar seu coração frágil, James. – ela sorriu para ele de um jeito que o fez tremer.

- Eu não tenho coração, senhorita Egocêntrica! – ele respondeu tranquilamente para ela.

- Por que fazemos isso? – Lily indagou. – Por que nos provocamos o tempo todo?

James continuou a encarando enquanto olhava dos olhos verdes aos lábios dela.

– Somos amigos, amigos fazem isso. – Ele respondeu quase encostando os narizes deles.

Lily sentia a respiração próxima tão perto. Ele estava tão perto. E ao mesmo tempo tão longe.

- E se eu disser que eu não faço isso com meus amigos. – Lily disse enquanto afastava minimamente os rostos deles para tentar respirar sem o querer tanto.

- E se eu disser que eu queria te beijar como amiga? – James perguntou observando os olhos verdes se arregalarem para ele.

Lily se surpreendeu com a pergunta dele. Ela não esperava aquele tipo de atitude. Ela estendeu a mão e passou pelo rosto dele de leve sentindo e observando ele fechar os olhos com o toque. A pele se arrepiar apenas com aquele toque.

Ele tinha ajudado durante meses de ensaio e o máximo que se tocar foi quando ela o abraçou, depois a quase declaração deles no fim de semana. Há seis meses ela conheceu um cara com quem fez duas apostas, a primeira ele ajudou a ganhar e agora ele estava ajudando a perder a segunda.

- E se eu. – Lily ia falar, mas Sirius abriu a porta do dormitório pouco discreto e ela e James se afastaram instantemente.

- Lily, eu, James, me desculpa, eu volto depois. – Sirius ficou cerca de 10 segundos no quarto e foi o suficiente para que o clima acabasse.

- É melhor eu ir. – James se levantou ajeitando a camisa que tinha amassado levemente. – Se for passar o fim de semana sozinha, o pessoal lá de casa vai para a casa deles e como eu não tenho onde ir eu fico em casa, se quiser ir até lá.

- Ah, eu vou pensar.– Lily disse de costas para ele. Não conseguia nem olhar nos olhos dele.

Ele se foi e ela constatou que tinha um problema. Ela não conseguia ficar longe de problemas.

Por quanto tempo vou te amar? James e LilyOnde histórias criam vida. Descubra agora