Five

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Sim, há pelo menos três dúzias de balões. Umas coisas grandes em tons pastéis, do tamanho da cabeça de ETS.

Um determinado balão se destaca no meio de todos os outros e mais imponente do que os demais. É o único em tom vívido. É vermelho, um vermelho bem forte, e tem o formato de um coração isto deveria ser um coração, mas para mim mais parece com um enorme traseiro.

Entrego uma nota de vinte para o motorista, digo-lhe para ficar com o troco e saio do carro. Mal fecho a porta e ele já sai cantando pneu em busca da próxima corrida.

Não consigo enxergar o rosto dela. Nem o tronco. A cintura também não. Da metade para cima, o corpo dela está totalmente encoberto por balões, mas eu poderia reconhecer aquelas pernas em qualquer lugar.

Gaby praticava corrida no ensino médio, tem pernas belas e bem torneadas, com panturrilhas atléticas. São a própria personificação do pecado quando ela usa saltos altos. Aliás, as panturrilhas dela são uma delícia de qualquer jeito, mesmo quando ela está vestindo tênis e meias brancas, como agora.

Gaby provavelmente saiu hoje cedo para a sua corrida matinal.

Olhando na direção dela, observo o desenrolar de uma cena curiosa enquanto avanço pela calçada em longos passos.

Gabrielly tenta passar o buquê para uma mãe que está empurrando um carrinho de bebê. A mãe balança a cabeça recusando e ainda dando uma risadinha de escárnio. Sigo caminhando na direção de Gaby, aproximando-me cada vez mais dela.

Ela agora está oferecendo os balões a uma menina que parece ter uns dez anos.

- Sem chance! - a menina grita e sai correndo na direção oposta.

Atrás do amontoado de balões, Gabrielly bufa, frustrada.

- Vamos vei se eu consigo adivinhar - eu digo quando a alcanço. - Você vai largar o The Lucky Spot para tentar uma nova carreira como vendedora de balões? Ou será que Henrique Furtado atacou de novo?

- É a terceira vez esta semana! Ele não consegue entender o significado das palavras "não vamos voltar de jeito nenhum". - Gaby empurra os baIões para afastá-los do rosto, mas eles encostam em seu cabelo. Novamente ela tenta empurrá-los, mas a eletricidade estática está trabalhando contra ela.

Os malditos balões são implacáveis e uma leve brisa continua mantendo-os colados ao seu cabelo.

- Essas porcarias são a coisa mais estúpida da face da terra! Aposto que os outros moradores estão falando sobre o plano dele para voltar comigo, porque todos com certeza já sabem que é ele que faz essas coisas.

- Ele acabou de enviar isso, não foi?

- Sim! - ela responde brava, os dentes cerrados enquanto agarra com força o buquê. - Logo depois que falei com você, eu estava saindo para tomar um café rápido quando o porteiro interfonou para avisar que haviam deixado esses balões para mim. Mas eles eram grandes demais para caber no elevador, "então será que você pode vir buscá-los?". Mesmo que eu quisesse ficar com essa tralha gigante, eu não conseguiria levá-la para o apartamento.

- E você está tentando dá-la para alguém? - pergunto e estendo a mão, gesticulando para que Gaby entregue os balões a mim.

- Eu imaginei que uma criança pudesse aproveitá-los melhor do que eu. Por incrível que pareça, já faz tempo que abandonei meu fetiche por balões.

Com seu ruído característico, um ônibus começa a parar diante do prédio e a fumaça do escapamento empurra um balão direto para o rosto de Any.

- Uuuhh - ela reclama quando é atacada por um perverso balão cor-de-rosa, como algodão doce.

Just Friends | ᵇᵉᵃᵘᵃⁿʸ.Onde histórias criam vida. Descubra agora