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Eu preferiria que Bella tivesse inventado algo, que tudo fosse uma mentira, mas a verdade estava ali o tempo todo, inegável e cruel. Vampiros... Edward era um maldito vampiro, e não era só ele, toda a família, com seu ar de capa de revista, também o era. No começo, pensei que Bella pudesse ter comprado alguma droga alucinógena naquele maldito karaokê, o que, considerando minha experiência rebelde em Los Angeles, não julgaria de imediato. Afinal, ser a filha do chefe de polícia tinha que ser um tédio, com todos os olhos e ouvidos atentos, esperando que você fosse um modelo exemplar de conduta. Apenas o pensamento de viver sob tal escrutínio já me causava náuseas.

No entanto, então eu comecei a ligar os pontos: eles eram pálidos, incrivelmente belos, possuíam força sobre-humana, velocidade surpreendente e evitavam a luz do sol como o diabo foge da cruz. Ou eram criaturas mitológicas que se alimentavam de sangue, ou estavam tentando ingressar em um grupo de K-pop. Ambas as opções eram igualmente surreais.

_Alex, você sugeriu brincarmos e agora está indo embora sem cumprir nenhum desafio._ Ângela protestou no banco traseiro, sua voz soando preocupada.

_Teve um problema._ respondi, lançando um olhar pelo retrovisor para Bella, que estava encolhida, sua cabeça apoiada na janela, parecendo alheia ao mundo ao seu redor. Tão calma, como alguém podia ficar tão calmo depois de encher minha mente com tantas paranoias?

_Que tipo de problema?_ Ângela insistiu.

_O tipo de problema que antes não existia e agora existe._ Na verdade, o problema sempre esteve lá, eu apenas não sabia.

Ângela pareceu desapontada, seus ombros caindo e uma expressão triste tomando conta de seu rosto.

Eu sabia que precisaria pedir desculpas mais tarde. Ela tinha um coração gentil, sempre pronta para ajudar e preocupada com o bem-estar de todos, e agora estava se tornando irritante. Enquanto eu pensava que poderia dirigir em silêncio até em casa o mais rápido possível, a boca maldita da Jéssica Stanley decidiu abrir.

_Isso é só uma desculpa! Ela está com medo! Era minha vez de fazer um desafio e eu tinha algo incrível planejado. Isso só prova que você é uma covarde!_ Sua voz esganiçada cortou o ar como uma faca.

_Covarde? Eu?_ Gritei com fúria, meu rosto ficando vermelho de raiva. Quem essa garota achava que era para me chamar de covarde? Já não era suficiente descobrir que criaturas sugadoras de sangue existiam? Eu não merecia isso.

_Alex..._ Ouvi um murmúrio fraco.

_Eu vou te mostrar quem é a covarde, quando enfiar a mão na sua garganta e arrancar sua língua!_ gritei, meu sangue fervendo, sem perceber que estava apertando o volante e acelerando o carro de forma inconsciente.

_Alex, Alex... Vamos bater..._ Bella tentou me advertir em vão.

_Você não seria capaz! ... Não é mesmo?_ Eu olhei para ela, seus olhos agora expressavam medo.

_ALEX! TEM UM CARA NA ESTRADA! VOCÊ VAI ATROPELÁ-LO!_ Alisson finalmente conseguiu gritar em desespero.

E, num ato de puro desespero, freiei o carro bruscamente, fazendo com que o que antes era um tumulto de vozes e insultos se transformasse em completo silêncio.

...

Ao frear bruscamente o carro, o silêncio se abateu sobre nós, interrompendo o caos de insultos e acusações que ecoavam no interior do veículo. A poeira da estrada se assentou e, no silêncio tenso, pude ouvir o som dos pneus do carro raspando o asfalto.

Assim que nos recuperamos do susto, saí do carro para verificar o que havia na estrada. Lá, no meio da via, um homem de estatura imponente se levantava devagar, parecendo estar ileso, apesar do susto que levou.

Era Jacob Black, um rosto familiar da reserva. Seus olhos negros me encararam com intensidade, sua expressão exalando desconfiança. Ele não precisava dizer uma palavra; o olhar era suficiente para transmitir seu desconforto com a situação.

_Desculpe pelo susto,_ murmurei, sentindo um aperto no peito pela situação inesperada.

O silêncio pesado continuou a pairar sobre nós, como se a tensão no ar fosse palpável. Jacob parecia avaliar a situação, seus olhos escuros saltando entre os rostos confusos no carro.

_Você está bem?_ Bella finalmente conseguiu falar, sua voz trêmula.

Jacob acenou com a cabeça, mas sua expressão ainda era cautelosa. _Acho que sim. Estava distraído_ admitiu, embora seus olhos continuassem cravados em mim.

Nesse momento, Ângela, que parecia aliviada por escapar do acidente iminente, quebrou o silêncio. _Sinto muito, Jacob. Foi um erro terrível.

_Está tudo bem, Ângela. Acontece._ Jacob respondeu, finalmente relaxando um pouco. _Só não esperava encontrar todas vocês aqui.

O constrangimento era palpável, mas pelo menos estávamos todos bem. Nossos olhares se encontraram por um momento, e eu podia sentir que Jacob estava prestes a fazer mais perguntas, mas então a voz estridente de Jéssica Stanley rasgou o ar.

_Merda, merda, que merda! Você amassou o carro do meu pai, sua maluca!_ ela berrou, apontando com raiva para mim.

Frustrada, eu me virei e a encarei, sentindo minha raiva se intensificar. _Isso é culpa sua, Jéssica! Se você não tivesse começado com essas provocações estúpidas...

A tensão se desfez em meio a um novo tumulto de acusações e reclamações. Jacob observou por um momento antes de se afastar, desaparecendo na escuridão da estrada. Nosso encontro inesperado com Jacob Black deixou uma sensação de inquietação no ar.

Enquanto estávamos ainda discutindo sobre a situação, Bella pegou o telefone e, com as mãos trêmulas, começou a digitar uma mensagem. Ela não estava prestando atenção em nós, seus olhos estavam fixos na tela. Finalmente, após alguns minutos de tensão, ela olhou para cima e disse: _Recebi uma mensagem.

A mensagem na tela do celular de Bella era uma foto. Uma foto dos pés de uma mulher, descalços e incrivelmente elegantes. A pele era perfeita, e as unhas eram pintadas de vermelho sangue. Mas o que realmente chamou a atenção era o anel de diamante que adornava um dos dedos.

_Rosalie..._ Bella sussurrou, com um largo sorriso.

Em seus olhos - Jacob BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora