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ㅡ Cole, que porra está acontecendo?

Afasto as mãos da cabeça e Caroline está parada na porta. Está com uma aparência péssima, como se tivesse enfrentado uma ventania, porém mais calma do que alguns minutos atrás.

ㅡ Ele a levou. - Minha voz sai rouca enquanto me esforço para controlar a
raiva e o desespero.

ㅡ Quem?

ㅡ O noivo dela.

ㅡ Lili tem um noivo?

ㅡ É complicado.

Ela cruza os braços e franze a testa, parecendo genuinamente preocupada.

ㅡ Você parece arrasado.

Lanço um olhar urioso para ela.

ㅡ E estou. ㅡ Eu me levanto devagar. ㅡ Acho que a mulher com quem pretendo me casar acaba de ser sequestrada.

ㅡ Casar?
Caroline fica pálida.

ㅡ Sim. Casar, porra! ㅡ Minha voz ressoa nas paredes e nos encaramos intensamente, as palavras pairando entre nós cheias de arrependimento e recriminação.

Caroline fecha os olhos e arrnuma o cabelo atrás da orelha. Quando me encara outra vez, seus olhos azuis estão determinados.

ㅡ Bom, então é melhor ir atrás dela ㅡ diz.

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Lili está com o olhar vidrado na janela do carro, afogada em lágrimas que não param de cair. Elas escorrem livres, a dor encobrindo sua tristeza.
Cole e Caroline.
Caroline e Cole.

O que ela viveu com ele era tudo mentira?
Não! Não pode pensar isso. Ele disse que
quer acreditar nele, mas é claro que isso não importa. Nunca mais vai vê-lo.

ㅡ Por que está chorando? ㅡ pergunta Anatoli, mas ela o ignora. Não se importa com o que fizerem com ela agora. Seu coração está despedaçado, e ela sabe que nunca vai se curar. Ele liga o rádio e uma música pop animada ressoa pelos alto-falantes, abalando os nervos de Lili.

Ela desconfia que ele tenha feito isso para se distrair dos soluços abafados. Anatoli abaixa o volume e lhe entrega uma caixa de lenços.

ㅡ Aqui. Seque os olhos. Chega dessa bobagem, ou vou arranjar um motivo para você chorar.

Ela pega um chumaço de lenços e continua olhando pela janela, indiferente. Nem sequer consegue encará-lo.

Sabe que vai morrer nas suas mãos. E não há nada que possa fazer. Talvez consiga fugir. Na Europa. Talvez possa escolher como morrer...
Lili fecha os olhos e mergulha em sua própria versão do interno.

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ㅡ Ir atrás dela? ㅡ pergunto, a mente a mil por hora.

ㅡ Sim ㅡ diz Caroline, entática. ㅡ Mas preciso perguntar: o que faz você pensar que foi sequestro?

ㅡ O bilhete dela.

ㅡ Bilhete?

ㅡ Aqui.

Entrego a ela o pedaço de papel amassado e me viro, estregando o rosto, tentando organizar meus pensamentos embaralhados.

Para onde ele vai levá-la?
Será que ela foi por vontade própria?
Não. Ela sentia repulsa pelo sujeito.
Ele tentou quebrar os dedos dela, cacete!
Deve tê-la forçado a ir.
Como foi que a encontrou?

ㅡ Cole, este bilhete não passa a impressão de que ela foi sequestrada. Será que ela não decidiu ir para casa?

ㅡ Caro, ela não foi embora de boa vontade. Confie em mim. Preciso trazê-la de volta.
Merda.

Mister | SprousehartOnde histórias criam vida. Descubra agora