Molly Weasley nunca foi como os seus primos. Teria dado tudo para ser, mas simplesmente não era. Não era alta e magra como Victoire, não tinha longos cabelos loiros e brilhantes como Dominique, não era tão inteligente quanto Rose, nem tão divertida quanto Roxanne ou Lily Luna. Não era nem mesmo tão bonita quanto a sua irmã mais nova. Amava todos eles, é claro, não tinha nenhuma dúvida disso, contudo, conseguiria facilmente passar despercebida se, no lugar de Weasley, usasse o sobrenome trouxa da mãe.
Molly era normal. Nem demais, nem de menos, era como ela definiria a si mesma se pedissem. Não tinha esperanças de ser parecida com as primas. Não era. Começando pelo fato de ser a única de todas elas que era lésbica. Sabia que Dominique era bissexual, a prima havia se assumido no quinto ano quando começou a sair com uma garota. Foi tudo normal na escola, afinal, ninguém iria se atrever a mexer com Dominique, mas, em casa, foi diferente. Ninguém disse nada a ela – jamais fariam isso sabendo que Fleur Weasley colocaria a casa abaixo se sentisse que Dominique estava sofrendo algum tipo de preconceito, porém, Molly lembrava-se, como se tivesse acontecido há apenas alguns segundos, quando viu a sua mãe inclinar-se em direção a Angelina, a esposa de seu tio George, apenas para dizer:
– Pelo menos ela é bissexual e não... você sabe. Ainda pode ficar com um rapaz.
Pelo menos ela é bissexual e não lésbica. Era isso que a mãe queria dizer. Isso que a mãe mal conseguira dizer.
Isso que Molly era.
Molly sabia que era lésbica desde os 13 anos quando Maya Thomas-Finnigan, sua melhor amiga, teve a maior queda do mundo por um garoto qualquer da Corvinal, fazendo Molly perceber que todas as suas amigas gostavam de um garoto, mas não ela. A ruiva tinha olhos unicamente para Lina Bell, a artilheira do time da Grifinória.
Demorou muito para Molly entender que o que sentia por Lina não era apenas admiração. Não gostava de ir aos jogos de quadribol somente para torcer pelos primos e, quando a pegavam olhando demais para Lina, a resposta "o cabelo dela é lindo, não é? Será que consigo amarrar o meu assim?" poderia ser convincente para os outros, entretanto, não para Molly. Não de verdade. Ela conhecia a si mesma melhor do que isso.
Então ela soube. Gostava de Lina. E, depois de Lina, gostou de outras. Molly gostava de garotas. Apenas de garotas. Sabia que não tinha nada de errado nisso, mas sempre que pensava em contar para alguém, além de Maya, desistia. As palavras de sua mãe sobre Dominique a acertando com força e como ela não havia conseguido nem sequer dizer a palavra.
Iria dizer um dia, no entanto, não tinha pressa para isso. Nunca havia se apaixonado, então qual era o ponto? Para a Weasley, fazia sentido entrar em guerra com a mãe apenas quando fosse necessário.
Molly também gostava muito de Hogwarts, mas ainda se sentia imensamente feliz ao lembrar que este seria seu último ano no castelo. Seus N.O.Ms haviam sido muito bons e tinha certeza que os N.I.E.Ms também seriam, principalmente quando Maya a obrigava a estudar tardes inteiras na biblioteca. Molly gostava de tudo, mas só amava os dragões.
Quando tinha 11 anos, seu tio Charlie estava voltando para Romênia quando parou em sua casa. Era uma tarde ensolarada e Molly havia passado o verão inteiro remoendo como seria ir para Hogwarts – os "é tudo normal, Molly, eu garanto" de Victoire não haviam servido para nada – e seu tio chegou com uma caixa presa a sua vassoura. Sua mãe não estava em casa e, por isso, foi tão fácil para Molly se esgueirar para perto da vassoura, enquanto Charlie e Percy conversavam, e abrir a caixa, deixando sair um pequeno filhote de Olho de Opala com as suas escamas claras, íris verdes e expressão curiosa. Molly pensou ser a coisa mais bonita que já havia visto. Seu pai entrou em pânico assim que notou, mas, quando isso aconteceu, Molly já estava sentada com o filhote brincando com os seus pés. Seu tio garantiu que era uma das espécies menos agressivas que existiam, porém, ainda ficou surpreso com o quanto Molly era boa com ele.
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Summer Love I MOLLY WEASLEY II
FanfictionNa Romênia, Molly Weasley se apaixonou por tudo: pelo país, pelo santuário de dragões e por Anastacia Sorin, a romena de beleza e personalidade tão perigosas quanto um Rabo-Córneo Húngaro. [Fanfic feita para o Pride Month Fanfics 2021 no twitter]