Espiritos

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Zuko se juntou ao lado da irmã  para começarem a busca pela mãe. Os irmãos reais e o resto do time avatar perguntaram para todos que encontravam na cidade sobre Ursa, porém ninguém a conhecia ou fazia ideia de onde ela estava.
Passaram a tarde toda falando com estranhos, Azula não abria a boca para se comunicar com ninguém, obviamente. Ela precisava deixar bem claro para aquelas crianças que ela não fazia serviço para ninguém, elas que faziam o serviço para ela. Por mais que estivesse quieta, Azula percebeu algo que pelo visto seu irmão não havia se atentado, havia alguém seguindo os dois. Azula não sabia quem era nem o porquê, mas esperava que fosse um dos lunáticos que ainda apoiavam Ozai como senhor do fogo para dar um susto no irresponsável de seu irmão. Onde já se viu o senhor do fogo deixar as tarefas reais para procurar alguém que o abandonou há anos. Se Azula ainda fosse senhora do fogo, jamais seria tão imprudente.
O grupo parou em frente à uma plataforma onde provavelmente tinha peças de teatro, em cima do palco, haviam máscaras e um cenário mal feito.
- Eu acho que você nos trouxe ao lugar errado. - Zuko disse impaciente - Não pode ser aqui, ninguém nunca ouviu falar da mamãe.
Azula revirou os olhos e tirou sua franja do cabelo, como sentia falta de usar seu coque bem alto e sua franja longa e impecável.
- Papai disse que ela fugiu para cá quando ela saiu do castelo, depois disso os olheiros dele perderam - a de vista.
- ótimo, isso significa que ela pode estar em qualquer lugar! - Sokka gritou enfurecido.
Azula deu de ombros para o menino da tribo da água do Sul e na hora que ia fazer um comentário sarcástico em direção a ele, toph alertou o grupo:
- Tem alguém se aproximando.
Todos exceto Azula se puseram na defensiva, os passos da pessoa se aproximavam até que surgiu um homem com mais ou menos 50 anos, com cabelos um pouco grisalhos e um bigode. O grupo se desarmou já que o homem não parecia ser perigo com seu "olá" sorridente.
- Eu sou o dono desse pequeno teatro, tudo bem com vocês? Vieram ver um show?
- Na verdade - Azula finalmente abriu a boca pela primeira vez para falar com um dos cidadãos da cidade - estamos aqui procurando uma mulher chamada Ursa, mas acho que você já sabia disso, não?
Zuko olhou para irmã confuso.
- Ele estava seguindo nós dois, achei que fosse um integrante do Novo Ozai mas ele parece ser muito fraco para te dar uma surra.
- Sério Azula? E você não avisou?
- Gostaria de ver você levando uma surra. Agora vamos ouvir o que o senhor aqui tem a dizer.
O sorriso do homem havia desaparecido com a acusação de Azula.
- Eu a conhecia, ela trabalhava aqui no Teatro, na verdade. Vocês são os filhos dela não são?
Zuko concordou com a cabeça.
- Meu nome é Zhou, eu conheci a mãe de vocês na adolescência mas não éramos muito próximos. - Zhou olhou para Azula - Você se parece bastante com ela.
A comparação feita mexeu em algo dentro de Azula, a dualidade em sua mente começou a gritar, Azula começou a suar e olhou com chamas nos olhos para o homem.
- Eu não pareço nada com aquela mulher.
Zhou pareceu um pouco assustado e decepcionado que a menina não tenha gostado da comparação mas tentou mudar de assunto.
- Está ficando tarde, gostariam de um local para jantar e dormir? Eu e minha mulher cuidamos de uma pequena pousada aqui do lado do teatro. Estão todos convidados!
Todos pareceram se empolgar com o convite tirando Azula, ela estava concentrada numa floresta um pouco distante de onde estavam.
- Algum problema? - Ty Lee disse dando um susto em Azula, ela nunca ouvia a menina se aproximar com aqueles pés de bailarina.
- Nada, só senti algo familiar vindo daquela floresta.
- Isso não parece ser nada. - Ty Lee retrucou
Aang que conseguiu escutar mesmo estando mais distante disse:
- também senti algo familiar vindo dali, talvez fosse bom checarmos amanhã, tem algo bastante espiritual lá.
"Por que diabos eu sentiria algo espiritual vindo de lá" Azula pensou mas logo foi interrompida por Zhou.
- Não sei se é bom vocês irem lá - Ele disse - aquela floresta é conhecida por pessoas entrando e nunca mais voltando. Mesmo se forem de dia, não sei se é uma boa ideia.
O grupo todo se entreolhou e seguiu Zhou até a casa dele.
-
Chegando lá, o grupo avatar encontrou uma senhora que aparentava ser um pouco mais nova do que Zhou e uma menininha que era a filha do casal. A senhora, mesmo com o rosto cansado, exibia uma alegria que irradiava o lugar. Ela ficou muito contente de receber o avatar e o senhor do fogo em sua humilde pousada.
- Qualquer coisa que vocês precisarem, só me chamar! Me chamo Su-Lee! Vou para a cozinha fazer o jantar!
O nome daquela senhora era igual ao nome que sua mãe havia dado para a primeira boneca que azula ganhou. Era a única boneca que Azula não tinha queimado a cabeça. Azula sentiu sua blusa sendo puxada e se virou, era a filha do casal a chamando.
- Oi moça! Você é muito bonita! Meu nome é Nikki, quer brincar de boneca comigo?
Azula não precisou dizer nada pois Ty Lee respondeu no lugar dela que as duas amariam brincar junto da menina.
- Tão gentil essa menininha né? Ela tem algo que me lembra demais a nossa infância, na verdade, esse local todo me faz lembrar, principalmente a  senhora Su! Ela te passa essa sensação também?
Azula com as bonecas da criancinha da mão, processou a fala da antiga amiga na mente e percebeu que sim, aquele lugar realmente trazia algo familiar, principalmente aquela senhora, o jeito que ela agia lembrava bastante a Ursa e isso deixou Azula muito desconfortável.
- Aí está minha garotinha! - A voz de Su Lee surgiu no comodo- vem me ajudar a colocar a mesa para nossos convidados!
Nikki foi correndo em direção a mãe enquanto Azula ficava olhando a situação. Bem lá no fundo Azula se perguntava se sua mãe a trataria dessa mesma forma se vivessem nessa pequena cidade e não no Palácio da nação do fogo com Ozai. Óbvio que esse pensamento foi reprimido por ela mesma, como ela podia pensar dessa forma de seu próprio pai que sempre demonstrou amor por ela, enquanto sua mãe, não.
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No dia seguinte, a equipe avatar tomou um café da manhã bem rapidinho, agradeceu ao casal a estadia e foram em direção a floresta descobrir se havia algum sinal da mãe de Zuko e Azula por lá.
- Eu acho isso uma péssima ideia - Sokka pronunciou
- Tudo que envolve espíritos você acha uma péssima ideia Sokka - Katara respondeu o irmão.
- Dessa vez eu concordo com o camponês- Azula disse.
- Olha aqui moça, me chama mais uma vez de camponês e você será boomerangada - Sokka disse fazendo uma cara feia para Azula, que contribuiu a cara feia de Sokka mostrando a língua para ele.
- Parecem duas crianças! - Katara disse com raiva e por um momento todos riram da situação, inclusive Azula.
- Fico feliz que esteja se enturmando!- Zuko disse para a irmã - Gosto bastante de ver essa Azula sabia?
Azula franziu a testa e voltou com a cara emburrada de sempre.
- Não tenho culpa se você anda com um bando de palhaços de circo com você. E pare de falar comigo como se eu fosse uma criancinha.
Zuko fechou a cara e os dois seguiram calados até o interior da floresta. O grupo andou bastante mas não havia nada nem ninguém ali, era ridículo continuarem explorando a floresta juntos e avançando pouco.
Azula decidiu se afastar do grupo e procurar sozinha, ela avançou para uma parte escura da floresta e precisou de seu fogo para conseguir se guiar. Cada vez que ela avançava, mais frio ficava, até que de repente ela percebeu que subiu em cima de um lago congelado. Ela chegou o fogo próximo do gelo (mas não tão próximo para o mesmo não derreter) pois tinha algo dentro dele que ela não conseguia reconhecer de longe. Era um rosto. Azula levou um susto e percebeu que não existia só um rosto ali, mas sim, vários.
Ela começou a ficar desconcertada com a situação que se encontrava e sua cabeça começou a doer, ela não sabia o que fazer, o que era aquilo? Desesperada, Azula demorou a perceber a imagem de sua mãe a frente dela tentando se comunicar.
- De novo não, o que você faz aqui?
Ursa parecia querer guiar a dominadora para algum lugar mais a frente do lago. Com raiva, Azula seguiu a imagem de sua mãe, ela não aguentava mais isso, essa mulher era a razão de Azula estar quebrada, ela tinha que acabar logo com isso.
Ursa guiou Azula até uma árvore toda congelada e desapareceu, a menina não entendia o porquê desses jogos mentais que a mãe fazia com ela. Por que ela não saía logo da cabeça dela?
A princesa se aproximou de árvore com sua chama azul para ver o que tinha lá. Era mais um rosto, mas não um rosto qualquer. Era o rosto de sua mãe.

you should see me in a crownOnde histórias criam vida. Descubra agora