27: Perdas

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7 meses

Lily despertou mais uma vez. Abriu os olhos sentindo o ar fresco que entrava pelas janelas. Não sorria. Mas estava grata pela oportunidade de ir vê-lo mais uma vez.

Lily Evans agora se contentava com todas as minúsculas doses de felicidade do dia a dia. Ela, que um dia fora tão cheia de energia, agora comemorava a mínima energia que surgia para enfrentar o dia.

James havia retirado os aparelhos após um mês de UTI. Ele, agora, respirava sozinho. Mas ainda permanecia dormindo com um sorriso calmo no rosto.

Já faziam seis meses que ele respirava sozinho e sete meses do atropelamento. As circunstâncias do acidente ainda eram um mistério. A princípio, ele estava bêbado e chorando ao atravessar a rua sem perceber a sinalização. Uma total tragédia e descuido se o motorista não estivesse embriagado também na hora do atropelamento.

As investigações estavam abertas. Mas quem lidava com essas questões mais de perto era Remus e Frank. Lily se preocupava em permanecer o maior tempo possível ao lado de James no agora quarto em que ele estava no hospital. Ela lia para ele, contava as histórias das turnês, fazia noites de conversas com os amigos.

Ela sentia falta do olhar arrogante dele quando se tratava de música ou trabalho em grupo. Era injusto que alguém que prezava tanto o trabalho em equipe, agora estivesse lutando sozinho pela vida.

James fazia fisioterapia todos os dias. Lily acompanhava as sessões sempre observando para poder ajudá-lo quando ele, finalmente, despertasse. No início, ela falava sobre James, mas vendo os olhares cheios de pena de todos, ela simplesmente decidiu guardar as esperanças infindáveis para ela.

Quando estava a três meses, Remus decidiu reabrir a academia e chamou Lily para ministrar aulas de dança e canto. Ela havia concluído a faculdade com méritos de sobra e tinha dançado na maior companhia de dança europeia, ela era uma estrela e os alunos seriam sortudos de tê-la se ela aceitasse. A princípio, Lily achou que não conseguiria conciliar as aulas e suas responsabilidades com James e o hospital.

Mas Remus enfatizou tanta vezes que James não gostaria que ela vivesse em função dele. Sirius, Remus, Alice e todos amigos deram apoio para não apenas ela aceitar o cargo de professora, mas também para ela fazer testes na Broadway. A primeira opção ela aceitou, a segunda ela não sabia se conseguiria. Ela simplesmente não se via mais nos palcos sem James Potter em outro continente tocando seu piano.

Ela precisava dele vivenciando a música para poder vivenciar também.

De corpo e alma.

Ainda na cama, Lily se refletia que era um dia importante. Levantou e observou a caverna de James Potter. Faziam sete meses que ela dormia na cama do amor de sua vida sem ele ao lado dela.

Remus foi o primeiro a chegar no hospital. Ele estava ansioso. Era um dia importante. Quando Lily chegou eles se dirigiram a sala que continua uma pequena placa de identificação: " Petúnia Evans".

- Remus, Lily, entrem e sentem-se, por favor. - Petúnia disse para eles.

- E aí?- Remus perguntou sem segurar a ansiedade. Lily não conseguia segurar a ansiedade, assim como não conseguia falar sobre o assunto.

- Sim, nós conseguimos. O médico francês vai vir fazer a cirurgia das vértebras de James. - Petúnia viu o rosto de Lily se iluminar. Nós últimos meses, Lily passou por muita coisa, desde o acidente de James até a perda da mãe. Elas sofreram muito, mas se apoiaram muito também. O médico que havia desenvolvido técnicas para a recuperação das vértebras que não haviam se danificado completamente e Petúnia havia tentado de tudo para que ele viesse e enfim, ela conseguiu. - Também vou fazer a intervenção neurocirurgica que comentei.

Petúnia estava estudando todas as técnicas e estruturas do coma de James e acreditava que algum coágulo não identificado podia estar afetando a progressão do paciente. Era arriscado, mas qualquer cirurgia era, afinal.

- Tudo bem. A recuperação leva quanto tempo? - Remus sabia o porquê de Lily perguntar aquilo. Ela transformou um dos quartos do andar debaixo do duplex no local ideal para James. Ela o queria em casa. Queria poder cuidar dele ainda mais.

- Cerca de dois meses. - Petúnia respondeu sob o olhar da irmã. Lily era implacável. Ela estava determinada a levar James onde ele pudesse estar próximo a música.

- Ok. Depois disso. Ele vai para casa. - Lily não estava perguntando. Ela estava afirmando que o levaria para casa.

Ele precisa de casa, da música. Lily pensou.

Ficar mais perto de mim e das pessoas que o amam.

Remus saiu daquela sala mais esperançoso do que jamais havia estado ao longo dos sete meses. Mesmo quando James conseguiu respirar sozinho, ver ele deitado o machucava. Remus queria vê-lo bem, reclamando e tocando piano.

Por quanto tempo vou te amar? James e LilyOnde histórias criam vida. Descubra agora