Capítulo 7

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Capítulo 7

Otávio

Na terceira vez que meu orientador chamou meu nome e eu não lembrava do que diabos ele estava falando; sabia que seria um dia daqueles. No momento em fechei o escritório no departamento de Literatura Inglesa; me arrastei para o apartamento e entrei no chuveiro, pronto para lavar o dia todo. O cheiro de mofo sempre se agarrava a você, mas eu descobri a combinação certa de sabão para pelo menos tirar isso de mim um pouquinho. Chuveiro? Confere. Roupas limpas? Confere. Até me vesti no banheiro desta vez para evitar qualquer desentendimento com Léo.

Eu gostei da sensação do seu olhar na minha pele um pouco demais, mesmo que eu estivesse constantemente preocupado que ele estivesse me julgando. Mas então, isso não era novidade. Eu sempre tive medo de que ele estivesse olhando para mim e pensando que eu nunca seria bom o suficiente.

Eu estava naquele espaço estranho onde meu corpo estava exausto, mas minha mente estava acelerada e não estava pronto para ir para a cama. Eu estava inquieto, no entanto, e não sentia vontade de fazer muita coisa. Hesitei, olhando para a porta de Leonardo enquanto ia para o sofá. A luz ainda estava acesa e olhei para ela por um momento. Eu lambi meus lábios, querendo fazer algum tipo de abertura, mas eu não sabia o que. Sempre foi complicado, e mesmo que tudo tivesse corrido bem na casa dos seus pais e estivéssemos nos dando bem, isso não significava necessariamente nada.

Bem. Seria bom ter certeza de que ele estava seguro, certo? Ele não parecia saber o que estava fazendo com o plug, e era justo que eu perguntasse qual era o progresso dele.

Eu hesitei novamente, então bati na porta, meio que esperando que ele não respondesse.

Ele respondeu.

Leonardo abriu a porta alguns centímetros, não o suficiente para ser acolhedor, mas o suficiente para eu ver que ele só usava calças de algodão e não muito mais do que isso. Ótimo.

— Oi. — Seu tom era cauteloso, como se ele não tivesse certeza de como reagir. — Como foi o trabalho? Tudo bem? — Eu tentei não olhar para o peito dele. Porra, eu era tão pervertido. Eu acho que foi em parte porque eu não senti que conhecia meu colega muito bem, então ele poderia muito bem ser um estranho.

Certo. Eu continuo dizendo a mim mesmo isso.

— Sim, estava tudo bem, — eu disse sem jeito, limpando uma gota de água enquanto deslizava para baixo do meu cabelo ainda úmido. — Eu só queria... você sabe, verificar você.

Léo piscou para mim e demorou alguns segundos antes de responder. —Estou bem?

Isso era uma pergunta?

— Você sabe, o projeto...

Ele finalmente olhou para o chão, incapaz de encontrar o meu olhar. — Eu estou... é... bem... Sim, tudo bem.

— Você sabe, isso seria mais convincente se você pudesse dizer isso e me olhar nos olhos.

Sua cabeça subiu um pouco. — Está bem?

Que porra é essa?

— Certo. E é por isso que de repente você percebeu que o chão é velho pra caralho e parece que precisa de uma faxina total, — eu disse, tentando manter minha voz seca, mas as palavras eram meio indiferentes. Eu não queria empurrá-lo, mas eu não queria perder o pouco chão que ganhamos também.

Leonardo franziu a testa e olhou de volta para o chão, naquele momento com um olhar intrigado no rosto. — Eu não sei como limpar carpete. Você sabe?

— Esse não é o ponto.

— Eu... hum... eu não fiz mais nenhum avanço no projeto. É... Vai ficar tudo bem. — Ele balançou a cabeça e olhou para cima do tapete. — Eu tenho mais tempo. Eu vou fazer isso.

Aprendendo a ser um cachorrinho (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora