Férias.
Se eu estava ansiosa para que esse momento chegasse? Depende.
As aulas não vão mais acontecer, mas agora a quantidade de horas dedicadas ao vôlei vai ser insana. Treino de manhã até praticamente de noite.
Às vezes me questiono se todo esse esforço vai compensar, embora eu também saiba que sequer tentar vai acabar sendo ainda pior, porque sempre vai existir aquele sabor agridoce no fundo da minha memória. Aquele leve arrependimento de não tentar dar um passo a mais.
Dito isso, nesse momento eu estou absolutamente revoltada com o celular que não para de despertar e que eu não consigo alcançar porque Seth simplesmente se recusa a me deixar levantar.
Bufei provavelmente pela milésima vez nesse pouco tempo em que estou acordada.
- Seth, é sério, se você não me soltar eu vou te derrubar da cama – ameacei, mesmo sabendo que é inútil porque ele está praticamente desmaiado.
Alisei o rosto com a mão, tentando, em vão, não me irritar.
Cutuquei a costela de Seth, testando sua reação. Seu corpo estremeceu levemente e ele se encolheu. Sorri um pouquinho enquanto o cutucava novamente. Desistindo de fazer ele acordar por bem, lancei um pequeno ataque de cócegas nele, fazendo ele me soltar e se encolher no mesmo instante para se proteger.
Me levantei rapidamente da cama e desliguei o despertador.
- Você sempre precisa inovar na maneira de me acordar? – perguntou, levemente irritado. Fiz cara feia e joguei o celular para ele ver a hora e entrei no banheiro sem falar mais nada.
O celular ficou quase 20min despertando até eu conseguir desligar. Não sei que milagre minha mãe não entrou no quarto para nos chutar, puta de raiva porque foi acordada também.
Quando voltei para o quarto, ele também já tinha terminado o banho e já estava me esperando lá.
Peguei a roupa que uso para as atividades do clube e enfiei na mochila e saí do quarto, ainda sem falar nada. Ele me seguiu, um pouco distante.
Peguei um pacote de biscoito salgado no armário e joguei pra ele e depois peguei a chave do carro dele e saí de casa. Seth arqueou a sobrancelha quando eu entrei no lado do motorista, mas não argumentou.
- Você tá tão irritada assim comigo que prefere ir dirigindo só pra poder ter alguma coisa pra fazer no caminho? – perguntou por fim.
Suspirei.
- Eu só queria saber como você consegue ter um sono tão pesado... – ele deu de ombros e abriu o pacote de biscoito e começou a comer. Ele pegou um e colocou na minha boca, sorrindo charmosamente. Ri. – Droga!
- Eu sabia! Você não consegue ficar irritada comigo – falou de forma arrogante.
- Claro, claro. Nem um pouco convencido da sua parte, não é?
- Estou errado?
- Eu não testaria essa teoria se eu fosse você – falei, ainda sem olhar para ele. – Eu estou irritada.
Ele deu de ombros.
- Pode até ser, mas eu ainda acho que você não está irritada comigo.
- Esquece – falei. Me estiquei para pegar mais biscoitos, mas ele puxou o saco. Olhei para ele de cara feia e ele riu.
- Você não pode comer enquanto dirige. É crime – debochou e eu estreitei os olhos em sua direção.
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Transições
RomanceSam é uma garota com um passado complicado e marcado por traumas familiares e pessoais, que foi obrigada a virar as costas para toda uma vida e começar tudo de novo ao precisar se mudar para um lugar completamente novo. Movida pela paixão por esport...