Capítulo 24

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Seth apareceu na porta de noite, sem avisos.

- O que aconteceu? – perguntei, preocupada. Ele tá parado, de lado, parecendo meio perdido. – Entra – saí da frente e ele me seguiu, de cabeça baixa.

Apenas quando a gente chegou na cozinha que eu consegui ver o seu estado. Senti o peso no meu estômago quando vi a marca já meio arroxeada em seu rosto.

Segurei sua mão e o fiz sentar à mesa e depois peguei um saco de compressa e coloquei gelo, colocando cuidadosamente sobre o local.

Reparei também que seu lábio tá cortado e sua camisa tá suja de sangue. Tentei controlar a raiva e a culpa que eu estava sentindo. Parece que ele finalmente contou aos pais dele que tá namorando comigo...

Apoiei minha testa a dele, seus olhos vagos me fitaram de volta, mas ele não parecia estar aqui de fato.

- Você tá bem? – perguntei baixinho. Eu sei que ele não tá bem. Não tem como ele estar bem!

Seth me abraçou com força, me fazendo sentar em seu colo e apoiou sua testa no meu ombro. Senti seu corpo tremer, como se ele estivesse chorando.

Rodeei seu corpo com meus braços da melhor forma que eu consegui e esperei. Esperei até ele se sentir confiante o suficiente para falar novamente, ou até a dor de seja lá o que falaram para ele diminuir um pouquinho.

Ficamos nessa posição por muito tempo. Tempo o suficiente para os meus braços ficarem dormentes.

- Desculpa – ele murmurou contra a minha pele. – Eu tô bem. Eu só precisava de um tempo para colocar a cabeça no lugar, e o seu cheiro ajuda a me acalmar.

- O que aconteceu?

- Meu pai não reagiu tão bem, como eu imaginei que ele faria... Mas vou ter que admitir que eu nunca achei que ele fosse me bater – sorriu um pouquinho, fazendo uma careta de dor. Me levantei de seu colo e fui até o banheiro social pegar o kit de primeiros socorros.

Limpei o corte em sua boca, calada, e depois entreguei o saco de compressa para ele colocar novamente no rosto.

- Eles querem te conhecer – falou. – Eles já gastaram toda a raiva deles em mim, então eu não acho que você corre algum perigo. Mas eles pareceram curiosos sobre como você seria... – revirou os olhos. – Eu acho que na cabeça deles, você é um cara que gosta de usar saia – ri. Não é incomum esse tipo de confusão ou pensamento preconceituoso.

- Quando? – perguntei. Se eu falar que eu não estou apreensiva, é mentira. Ser chamada para conhecer os pais do meu namorado que acabou de ser agredido por eles é meio...

- Eles querem que você vá lá em casa depois de amanhã após o treino.

- Eu devo me preocupar?

Ele suspirou.

- Eu estou realmente esperando que não. Mas eu não acho que eles vão tentar fazer alguma coisa com você... Apesar de não parecer e eles serem absurdamente preconceituosos, eles não são o tipo de religioso que tenta enfiar as crenças deles goela abaixo dos outros... bom, só na minha, mas eles acham que têm esse direito porque são meus pais...

Concordei com a cabeça e segurei sua mão, levando ele para o meu quarto.

- Você quer dormir aqui hoje?

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