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  Fletcher suava durante o ato, e os grunhidos que ele permitia escapar por sua boca, eram sinal de total satisfação. Sylva tocava-lhe o ombro, como se o  instigasse a prosseguir. O jovem lorde, tomado pela satisfação, se permitiu cair, quando ele finalmente conseguiu conjurar mais um demônio para o seu rol. Ele havia recebido um canídeo de presente, por parte de Arcturo e Lovett, que sabiam que o rapaz tinha um certo carinho por Sacarissa. Seu canídeo, era tão branco quanto o brilho das estrelas, tendo seus olhos de cor âmbar, reluzindo em seu pêlo brilhoso. Sylva permitia que o rapaz deitasse em seu colo enquanto tentava se recompor do esforço recém feito, sabendo que agora, seu noivo possuía três demônios.
  Porém, não existia inveja pelo lado de Sylva. Ela recebera um demônio do Rei Harold, como uma forma de compensar a perda de Sariel, um felídeo, de pelos cinza-azulado, com olhos tão verdes, que pareciam uma parte da floresta do éter. E agora, ela havia recebido mais um, e estava na sua vez de conjurar seu novo companheiro. Fletcher que permanecia deitado, por conta de choque de ter adicionado um novo demônio em seu rol, nem mesmo se importou quando sua noiva começou a conjuração. As palavras ecoavam pela sala, quando a luz de um orbe arroxeado deixava o pentagrama entalhado no couro, e tinha o poder de chegar qualquer um que chegasse naquele momento.
  Conforme os minutos se passavam e a preocupação de Fletcher começava a ser iminente, pelo fato do demônio de Sylva estar demorando a ser conjurado, ele se levantou e observou o demônio que estava fluindo atrás do orbe. Era um demônio que requeria tempo de qualquer conjurador que o colocasse em seu rol. Era um anubídeo. Uma espécie que apenas dois conjuradores possuíam, sendo ambos, os Salladin. O demônio era altivo e poderoso, exigindo uma quantia enorme do mana de Sylva. Finalmente, após um período considerável de tempo, o demônio estava completamente conjurado, e Sylva se permitiu cair nos braços de Fletcher, conforme ele observava a elfa cansada. Havia um sorriso estonteante no rosto de Sylva, que foi recebido carinhosamente por um beijo de Fletcher, que se permitiu sorrir conforme via a felicidade exibida no rosto de sua amada.
  Após longos minutos de recuperação, Fletcher e Sylva se permitiram levantar, caminhando amistosamente por sobre os corredores. Eles conversavam tranquilamente, quando viram um servo apressado vindo em sua direção... Algo estava acontecendo — Milorde, perdoe-me a intromissão, porém, o oficial Otelo e sua esposa Cress, chamam pelo senhor - o jovem rapaz fez uma mesura apressada enquanto falava — Parece que os bebês anões estão para nascer - ao dizer isso, Fletcher e Sylva saíram em disparada para onde o servo havia dito que os anões estariam. Eles chegaram a uma sala na mansão de Fletcher, que era utilizada para os partos, independente da classe social da pessoa. Ao entrarem na sala, eles viram Otelo andando de um lado ao outro enquanto esperava por notícias dos médicos, que estavam sala adentro. — Fletcher! Sylva! - o anão, suado, falava ansiosamente — Que bom que chegaram. Cress entrou em trabalho de parto agora. Sylva, acha que pode ir lá dentro com Cress? Acho que seria muito bom para ela - o anão observava a elfa com expectativa, e agradeceu silenciosamente quando a mesma acenou e adentrou a sala, dando aos dois, um leve deslumbre do que estava ocorrendo lá dentro.
  Servos apressados corriam de um lado ao outro, trazendo panos e água, enquanto Otelo e Fletcher esperavam do lado de fora.
  Otelo, que estava ofegando de ansiedade, relaxou quando foi tocado no ombro, por Fletcher, que o olhava solenemente, dizendo que tudo ia ficar bem.
  Até que, repentinamente, um servo apareceu a porta — Milorde, oficial Otelo - ele fez uma pequena reverência ao chamar ambos — Vocês podem entrar na sala. O parto já terminou. Porém, tentem fazer o mínimo possível de barulho, os bebês e sua esposa estão dormindo - ele dizia com um sorriso no rosto, conforme passava as pequenas instruções.
  Ao adentrarem o local, Fletcher foi capaz de observar o cenário com uma grande cautela, evitando ao máximo, qualquer barulho que pudesse acordar os bebês e Cress.
  Foi quando eles conseguiram observar, no centro da sala, que Sylva possuía algo em seus braços, e balançava lentamente, apenas para garantir que ambos os bebês estavam dormindo tranquilamente. Otelo, tomado pela emoção, caminhou rápida mas silenciosamente até a elfa, tomando dos braços da mesma, os bebês recém nascidos. Seus olhos, que estavam tomados pelo medo e angústia enquanto esperava, receberam as lágrimas quentes de um pai, que observava suas crianças com todo o carinho e cautela que poderia existir — Obrigada Sylva, por ajudar Cress e.. por todo o resto - ele já não conseguia segurar, e as lágrimas brotavam por seus olhos e deixavam os mesmo na mesma velocidade. Fletcher, que estava quieto observando a cena um pouco mais longe, para evitar qualquer possível barulho, foi chamado pelo amigo anão — Você quer segurar um deles Fletcher?? - Otelo perguntou ao amigo, que sorria com a cena, ao ver seus amigos realizando seus sonhos — Por favor, você mais do que ninguém, precisa segurá-los. - Fletcher ouvia seu amigo dizer tais palavras, com extremo carinho pelo amigo, e após alguns instantes de hesitação, caminhou lentamente até o mesmo, tomando um dos bebês em seus braços — Eles são lindos Otelo! - sua voz não passava de um sussurro, conforme observava atentamente os detalhes do bebê anão em seus braços — Fico extremamente feliz por você e Cress. Vocês, merecem todo o amor que esses pequenos podem dar - e foi com essas palavras, que Fletcher observou na direção do amigo, que estava extasiado demais para ter alguma reação. O rapaz observou seu amigo colocar o bebê no berço, e fez o mesmo, tendo o cuidado para não acordar nenhum deles — Deixaremos você e Cress descansarem - a voz de Sylva, embora fosse um pouco mais que um sussurro, soava orgulhosa por seus amigos - E quando ela acordar, viremos visitar vocês - após dizer essas palavras, ela caminhou até Fletcher e segurou delicadamente a mão do rapaz, puxando-o para fora do local.
  Ao deixarem a sala, eles caminharam silenciosamente por alguns segundos, até que Sylva pôde ouvir um suspiro de felicidade deixar Fletcher e um sorriso deixou seu rosto, no mesmo instante.
  Eles ajudariam seus amigos a proteger os bebês — Minha família cresceu - disse Fletcher sobre um sussurro, e não conteve um sorriso ao observar Sylva, que estava estonteante após o parto da amiga. A elfa parou lentamente, e puxou Fletcher para o quarto do mesmo. O rapaz, mesmo que sem entender a situação, foi atrás de sua amada sem questionar, e observou ela caminhar até a sacada do quarto, respirando profundamente — Sylva? Está tudo bem? Alguma coisa aconteceu? - a preocupação visível na voz de Fletcher, fez a mesma se virar para observá-lo. Ela foi até a cama, se sentando sobre a mesma, baixando a cabeça, como se estivesse com medo de alguma coisa. Suas orelhas e pescoço denunciavam a elfa, que levantou a cabeça, ao sentir a mão de Fletcher puxando-a para seu colo. Ela, sem hesitar, aceita a mão de bom grado, e começa a mexer no cabelo de seu amado, como se estivesse escondendo alguma coisa — Ei? Sylva.. o que houve? - Fletcher, que estava preocupado, fez que ela olhasse em seus olhos e após alguns segundos de silêncio, Sylva se permitiu falar — Fletcher.. eu... - parecia que ela não conseguiria terminar a frase — Você o que, querida? - a voz de Fletcher, continha dúvida, até mesmo um quê de medo — Eu estou grávida... - e foi com essas palavras, que Sylva olhou para Fletcher, que sem entender, olhava para ela.

Conjurador: A Família RaleighOnde histórias criam vida. Descubra agora