Verdades expostas

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Anime: The owl house

Clara olhava pela janela, a mudança de ambientes era gritante. Os prédios e casas da cidade davam lugar a árvores e plantações de soja na beira da rodovia.

A garota de pele parda ainda lembrava da cena de mais cedo, ela finalmente havia se confessado, colocado para fora um sentimento de anos e não teve coragem de ouvir a resposta ou ver a reação da sua amiga. Aquilo iria ser um arrependimento que duraria sua vida toda, mas se Amanda a rejeitasse, ela sofreria ainda mais.

Clara levou um susto ao sentir alguém chutar a parte de trás do banco do carro onde ela estava sentada.

— Para de puxar o meu cabelo! — Ouviu um grito do banco de trás, era Diana, a irmã mais nova de Clara.

— Eu não fiz nada! — Foi a vez de Diego gritar.

Os dois eram gêmeos, com 9 anos. Viviam brigando, mas se uniam quando o assunto era aprontar e atazanar a vida da mais velha.

— Parem de gritar! — A mãe dos garotos brigou, sem tirar os olhos da estrada. — Vocês querem acordar o Carlos?

Carlos era o caçula da família, tendo apenas 2 anos de idade.

Clara suspirou ouvindo as crianças continuarem a discutir. Eles podiam não demonstrar, mas também não estavam felizes com a mudança.

A garota olhou novamente pela janela, agora estavam passando por um vilarejo que ficava na beira da estrada, sua mãe acabou parando o carro em uma vendinha para comprar algo para os mais novos que pediam para comer um doce.

As casinhas coloridas e as hortas de alface a entreteram e isso fez com que ela tomasse um susto ao sentir seu celular vibrar no bolso, devia ser alguma mensagem perdida que chegou graças a antena da operadora que deve ter pegado naquele lugar.

Ela lentamente pegou o celular do bolso. Seu coração errou uma batida ao ver que a mensagem que havia chegado era de Amanda. O nervosismo na garota cresceu, suas mãos tremiam levemente. Ela tinha medo de ver o que a amiga havia lhe escrito.

Clara cogitou a ideia de não ver a mensagem, pensar no pior fazia com que um nó se formasse na sua garganta, mas mesmo assim ela abriu. O nó na garganta aumentou ao ponto de ela dar apenas um soluço desesperado antes de começar a chorar em silêncio. A garota nunca pensou que uma simples mensagem de menos de uma linha a faria se sentir daquele jeito. Uma idiota, era assim que ela se sentia.

— A Clara tá chorando. — A garotinha no banco de trás disse apressada ao olhar para a irmã.

— O que aconteceu? — Diego também se esmagou contra os bancos para olhar a mais velha. — Não chora, você sabe que quando alguém chora perto da Diana ela também chora.

Clara encarou a irmã mais nova que lhe olhava de volta, os olhos dela começaram a se encher de lágrimas.

Antes que a pequena abrisse o berreiro, a mãe deles abriu a porta do carro.

— Trouxe uma caixa de chocolate, dividam ent- — Ela parou de falar ao ver o que estava acontecendo ali. — O que aconteceu?

— A Clara começou a chorar do nada. — Diego falou rapidamente.

— O que foi, Clara? — A mulher encarou a filha.

A garota apenas desviou o olhar, mostrando a tela do celular para a mãe, ainda aberto na conversa com Amanda. Havia uma última mensagem dela:

"Eu também amo você"

— Então é isso… — A mulher falou em tom triste. — Sinto muito. — Ela puxou Clara em um abraço, vendo a garota desabar em lágrimas no seu ombro.

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