Seven

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Gabrielly está me beijando.
Nas ruas de Nova York.
Pressionando os lábios dela nos meus.
O beijo dela tem um gosto fantástico!
Como creme e açúcar e café e doçura.
Como todas as coisa boas que existem no mundo.

A boca de Any tem o gosto que eu imaginava que tivesse. Não que eu estivesse planejando beijar a minha melhor amiga. Mas veja bem, um cara não consegue evitar quando sua mente resolve viajar por aí. Todo homem que é amigo de uma mulher acaba dando asas à imaginação e fantasiando com ela os beijos mais loucos e as transas mais incríveis.

O fato é que eu não vou poder responder por mim se os lábios dela continuarem massageando os meus nesse beijo palpitante e vagaroso.

Porque está ficando difícil pensar em outra coisa a não ser aumentar a intensidade desse toque.

Aumentar muito mais.

Ela deixa escapar um ruído quase inaudível - algo parecido com um suspiro, ou um ofego, ou uma espécie de gemido.

Se ela fizer isso de novo, vou precisar empurrá-la contra o muro de tijolos cinzas de seu prédio, prendê-la nos meus braços e lhe mostrar como se beija para valer.

Porque ela é sexy demais para ser verdade. Ela abusa do direito de ser sexy!

Por fim, ela separa seus lábios dos meus. Só que o meu grande amigo lá embaixo não capta a mensagem para voltar à posição de descanso. Ele ainda está apontando na direção dela, querendo mais.

Preciso de uma imagem bem deprimente para apagar esse fogo, então me concentro e imagino jogadores de basquete suados. Isso nunca falha.

Gaby agora castiga Henrique, exibindo para ele um enorme e pecaminoso sorriso de satisfação.

Enquanto ela estava ocupada me engolindo em plena Lexington Avenue, Henrique havia ficado com a boca tão aberta de horror, que pensei que o queixo dele se soltaria da cabeça e cairia no chão.

Excelente.

- Nós ficamos noivos ontem à noite e eu estou mais feliz do que nunca. - ela diz, encostando-se em mim e passando um braço em torno da minha cintura.

Henrique tenta falar, mas só o que consegue é mexer um pouco a boca ainda aberta.

Ah, que momento memorável. Disfarço e fico olhando o chão. Não estou rindo. Juro que não vou colocar um sorrisão sacana em meu rosto. Sou apenas um espectador inocente, que foi atacado pela beldade.

- Henrique, eu adoraria que você parasse de me perturbar com balões, ursos de pelúcia e bombons com licor de cereja - ela diz, e eu faço uma careta de desgosto. Gabrielly não suporta bombons com licor de cereja. Como é possível que ele não saiba disso? - Aliás, eu odeio esses bombons. - ela continua, enquanto seus dedos exploram a região da minha cintura.

Eles pressionam tanto, que por uma fração de segundo tenho a impressão de que... de que ela está apalpando meus músculos abdominais!

Tudo bem. Não vejo problema nenhum nisso, absolutamente nenhum. Esse abdome sarado está à sua disposição, madame.

- Eu não fazia ideia de que vocês dois estavam juntos - Henrique diz. Ergo o rosto e olho para ele. Até consigo ver as engrenagens se movendo em sua cabeça. - Sempre estiveram, não é?

- O que foi que você disse? - O semblante de Gabrielly se tornou um misto de indignação e espanto.

Ele agora foi longe demais.

Dizer algo assim é muito baixo, até mesmo para ele. Não... pensando bem, nada pode ser baixo demais para Henrique, o Rei dos Babacas.

Hora de me meter.

Just Friends | ᵇᵉᵃᵘᵃⁿʸ.Onde histórias criam vida. Descubra agora