Sentimentos em dose dupla

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Shoto se sentia enojado. Mal havia acordado da sua soneca de tarde, e seu pai já estava o dando nos nervos, o ligando e falando sobre o maldito jantar, e a populosa família Yaoyorozu.

Shoto tava pouco se fodendo para aquela família, tudo que ele queria era voltar para Nova York, e ver Izuku. Mas nada funcionava assim, como ele queria, e o bicolor sabia muito bem disso.

Suspirando, ele se levantou da cama, e pegou uma toalha limpa no armário do hotel, não demorando muito para seguir até o banheiro após retirar toda a roupa, e se enrolar na toalha recém pega.

Ele trancou a porta - mesmo sabendo que estaria sozinho no quarto -, e se olhou um pouco no espelho. Shoto era bonito, ele sabia disso, mas aquela cicatriz em seu rosto parecia ser tão… ruim.

Tocando de leve a carne queimada e avermelhada, ele mordeu o lábio inferior, tudo que queria era ter o rosto normal. Aquela marca era bem mais que apenas uma cicatriz, era a marca de seus traumas, medos e inseguranças.

Sabendo que se demorasse muito ali, provavelmente ficaria paranóico pensando no passado, ele retirou a toalha e entrou no box. A água quente não tardou em cair sob os cabelos coloridos, o fazendo relaxar os músculos imediatamente. Com o braço apoiado na parede fria, e a cabeça apoiada nele, Todoroki parou para pensar um pouco.

Ele se sentia culpado por não ter falado nada sobre o jantar, e ainda por cima, ter mentido para Izuku sobre a viagem. Tudo que sua mente conseguia pensar era se o baixinho ficaria com raiva de si quando contasse a verdade.

Provavelmente não, Izuku tinha um coração puro, e o esverdeado sabe muito bem que seus sentimentos por ele são verdadeiros. O relacionamento deles era bom, eles já haviam passado por tanta coisa, que Shoto se sentia orgulhoso de ter escolhido Midoriya como seu companheiro.

Com um breve sorriso, ele passou a se banhar para enfrentar tudo logo, e dizer um grande não com a proposta idiota de seu pai.

[...]

Após o banho, Todoroki se secou e saiu do banheiro enrolado na toalha. Assim que viu o que havia ali para si, ele revirou os olhos. Andando a passos lentos até a cama onde tinha uma capa preta repousada - o que ele sugeriu ser a capa de um terno.

Franzindo o cenho, ele pegou o cartão que havia ali.

"Esteja pronto às 17h em ponto. Como sei que você é irresponsável, arrumei uma roupa digna para você. Não me envergonhe, Shoto. Muito menos o nome da minha família.

Enji Todoroki."

Deus, ele odiava o seu pai.

Amassando o bilhete, e o jogando pelo quarto mesmo, porém longe de si, ele pegou a capa preta e a abriu pelo zíper vendo então o terno branco.

A camisa social azul fazia parte do traje, e por último, uma gravata vermelha. Não era feio, ele tinha que admitir, mas mesmo assim, ele odiava usar roupas formais demais.

Sabendo que não poderia se atrasar, ele passou a se vestir. Logo após foi para o banheiro, e deu uma leve secada nos cabelos cumpridos, e por último passou o perfume que tanto gostava.

Se olhando no espelho do quarto, Shoto respirou fundo antes de pegar seu celular, apagar as luzes, e sair do quarto.

Já na recepção ele encontrou seu pai. O Todoroki mais velho vestia um terno preto, com uma blusa social vinho por baixo e uma gravata branca.

— O terno ficou bem em você — O ruivo falou, assim que Shoto entrou no alcance de sua vista.

— Tsc. Não me elogie, eu não pedi terno nenhum. — Resmungou, saindo do hotel sem se importar com a resposta de seu pai.

Segunda chance - BakudekuOnde histórias criam vida. Descubra agora