CONEXÃO ☾

528 60 15
                                    

Narrador

No céu a Lua parecia brilhar como nunca. Iluminava não só quem apreciava sua beleza das janelas, das ruas, dos seus esconderijos, jogados na grama ou de qualquer outra forma; mas também parecia iluminar os pensamentos de uma mineira e de uma capixaba que, mesmo separadas, relembravam os momentos em que já estiveram juntas.

Todos os seus momentos eram como cenas de um filme clichê em que tudo parece perfeito e distante demais da realidade. Eram como os sonhos mais belos de que nunca queremos acordar, poderiam até lembrar aqueles romances que só acreditamos encontrar em livros fantasiosos. Seus momentos eram únicos e sabiam disso. 

A cada nova taça, Rafaella involuntariamente se pegava pensando em um par de olhos castanhos que mexiam com ela mesmo que a milhas de distância. Apesar de estarem longe ela podia senti-la ao seu lado, sentia as mesmas sensações de quando estavam juntas, era incrível mas também muito diferente do que estava acostumada. Gizelly trouxe para sua vida uma intensidade que antes lhe era desconhecida. Para lidar com seus sentimentos, tinha que explorar um lado turbulento de uma pessoa que conhecia pouco e isso era um desafio e tanto.

Gizelly era intensidade, era o agir sem pensar, era um milhão de momentos em um só, era o desafio mais difícil e perigoso que a cada momento estava mais disposta a tentar. A capixaba não sabia mas a cada dia, mesmo distante, Rafaella aprendia diversas lições com tudo que acontecera. Sentia falta de Gizelly, isso era inegável, mas tinha noção que a tinha magoado com suas palavras e com seus erros constantes. Queria tentar mais uma vez, apenas precisava de uma nova chance. Dessa vez estava disposta a tudo sem qualquer medo, sem suas inseguranças, sem medo das consequências. Queria apenas viver o amor delas.

Em meio aos pensamentos Rafaella continuava a beber o delicioso vinho tinto. Olhava a lua com a taça em mãos e suspirava com as lembranças que a rodeavam. Era muito difícil admitir que havia errado ao ponto de perder Gizelly para um outro alguém. Era horrível pensar que poderia perdê-la para sempre, e isso a atormentava. Queria tentar mas tinha medo de acabar magoando Gizelly ainda mais. Talvez doeria mais nela do que na outra.

— Só queria você aqui Princesa — enquanto mirava o vinho de forma distraída, a mineira lembrava do apelido que tinha dado a advogada. Lembrava de chamá-la assim quando ainda estavam na casa do BBB, mas também quando passou a chamá-la sempre depois do primeiro reencontro entre elas.

— Eu gosto de te chamar de princesa, não posso? — riu enquanto a outra tentou segurar um sorriso que teimava sair de seus lábios. É tão bela quanto uma. Só lhe falta a coroa — sorriu e buscou pelos olhos castanhos.

Entre as lembranças sobre o que passou com Gizelly, Rafaella sentia um frio na barriga e um vazio enorme que a cobria por inteiro. Os momentos bons que compartilharam traziam muitas sensações incríveis, era como pensar em uma realidade distante que nem ela mesma acreditava que um dia chegou a acontecer. Porém o que pesava mais não eram exatamente os momentos ruins, eram a ausência deles.

Era difícil até mesmo para Rafaella entender. Talvez ela preferisse que tivessem momentos ruins, como qualquer outro casal, do que um afastamento total que ela mesma acabou fazendo acontecer. Suas brigas eram raras, e quando as tinham, as resolviam facilmente. Não ter momentos com Gizelly, sejam eles divertidos ou até mesmo com pequenas desavenças, parecia trazer a ela a sensação de um vazio que nunca se preenchia. Era extraordinário o quanto a sua ausência pesava para Rafaella.

Com o tempo, Rafaella começou a entender um pouco mais de si. Gradativamente ia se aceitando, algumas vezes chegou a ter conflitos consigo mesma por tentar acelerar demais esse processo, mas nunca deixou de tentar. Era paciente quanto a isso mas às vezes queria que tudo acontecesse de uma vez. Entender o que queria a renovava, sentia que poderia lutar contra um mundo inteiro sem abalar qualquer uma de sua suas certezas. No fundo algo a fazia acreditar no contrário, que não tinha forças para lutar, que não era nada diante de um mundo inteiro. Mas não dava ouvidos a isso. Queria lutar, queria vencer, mas nunca (mais) tentaria fazer as coisas sem pensar em suas consequências.

The Moon || GiRafaOnde histórias criam vida. Descubra agora