Capítulo 17

919 103 51
                                    

Pov. Carol

Dayane sempre cuidou muito bem de mim e eu dela, mas com o tempo todo esse carinho uma com a outra foi redirecionado para os nossos filhos. Mesmo assim eu tentava cuidar dela o máximo que eu podia e ela tentava fazer a mesma coisa.

- Está gostoso? - Day perguntou depois de colocar uma colher de sopa na minha boca.

- Sim, mas eu disse que não queria sopa. - bufei.

- Eu pedi para eles fazerem do jeito que você gosta, amor. - ela falou me dando mais uma colherada e Calil entrou no quarto.

- Como está minha paciente favorita? - ele perguntou pegando o prontuário e eu sorri fraco.

- Me acostumando com essa dor de cabeça que não passa nunca.

- Vou mudar seu medicamento e talvez você se sinta melhor. Day, você quer um remédio para dormir? Eu te amo, mas você está horrível. - Calil falou olhando para a minha esposa.

- Eu não posso tomar nenhum remédio. Estou em fase de abstinência, então qualquer coisa desse tipo pode acabar me viciando. - Dayane falou baixo.

- Você tem comido direito?

- Não. Minha esposa está indisposta. - ela falou rindo e eu dei um tapa no seu ombro.

- Não estou brincando, Day. Você emagreceu bastante. - Calil falou sério.

Me senti culpada por não reparar se ela estava comendo ou não, eu me sentia um pouco perdida na maioria das vezes. Eu tinha esquecido completamente que Dayane ainda estava em fase de abstinência e precisava de atenção.

- Você já terminou a sopa? - Day perguntou baixo e reparei que ela parecia abatida.

- Sim. Desce lá na lanchonete e come algo, o Calil vai com você.

- Posso trazer aqui se quiser. - Calil falou ao meu lado e ela negou.

- Estou sem fome.

- Day... - tentei falar, mas ela levantou e caminhou até a porta do quarto.

- Preciso de ar, eu já volto. - Dayane falou saindo do quarto e eu encolhi os ombros.

- Ela se sente meio sufocada aqui dentro. - Calil murmurou e eu apenas deitei minha cabeça no travesseiro. - Amanhã você vai fazer uma série de exames e se estiver tudo certo, eu vou te dar alta.

- Finalmente. - respirei aliviada. - Não sei se vou conseguir cuidar das crianças direito. Não estou conseguindo nem cuidar da minha mulher. - fechei os olhos.

- Vai ser um pouco complicado, mas logo as coisas voltam ao normal. Durma, amanhã o dia vai ser longo.

Me deixei levar pelo cansaço que eu sentia e logo peguei no sono. Acordei em algum momento com Day e Calil conversando.

- São as regras do hospital.

- Também está nas regras que precisa ter uma enfermeira aqui com ela, mas não tem. - Day falou parecendo cansada. - Por favor, eu não durmo há dias.

- Você pode acabar machucando ela...

- Eu não vou. - Day insistiu e eu franzi o cenho.

- Não. - Calil respondeu ríspido e segurei minha vontade de me virar para ver o que estava acontecendo.

- Obrigada, você é um ótimo amigo. - ela falou irônica e deitou ao meu lado.

- Day, eu disse não.

- Foda-se. - ela sussurrou e abraçou minha cintura. - Pelo amor de Deus, me deixe dormir.

- Tudo bem. Qualquer coisa me liga. - ouvi a porta do quarto se fechar e Day respirou aliviada.

Certa para você - Parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora