hajima

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estava escurecendo, quase na completa noite. ju haknyeon estava andando apressadamente abaixo das estrelas que começavam a brilhar no céu, junto do sol que lentamente desaparecia dentre os prédios de Seul. a touca do moletom azul atrapalhava um pouco sua visão, caindo sobre os olhos vermelhos pelas lágrimas que ainda insistiam em cair. o cigarro de blueberry ja estava pela metade, e ele de repente se perguntou como havia fumado aquilo tão rápido.

alguns passos depois, haknyeon parou. recuperando o fôlego tomado pela caminhada longa e jogando a bituca acesa do cigarro abaixo de seus pés.

— merda — ele sussurrou, assistindo o resto do sol no horizonte desaparecer. de repente ele se sentiu cansado, parecia incapaz de dar até mesmo um passo que fosse. até porque a casa de kim sunwoo era fodidamente longe da sua — sunwoo, seu desgraçado.

haknyeon queria gritar de frustração iminente, mas em vez disso apenas ascendeu outro cigarro.

perdeu duas horas de seu dia indo para a casa naquele bairro ridículo de classe-alta onde kim sunwoo morava, mais meia hora discutindo com o garoto imaturo que um dia ele teve coragem de dizer que amava e mais um maço de cigarros que ele imprudentemente fumou no caminho de volta. agora, seus pés doíam, seus cigarros haviam acabado e ele tinha mais a porra de um coração partido para lidar.

— moleque idiota – riu descrente, lembrando-se da discussão de minutos atrás – ele realmente achou que eu ia cair na dele de novo?

não sendo irônico, haknyeon quase caiu. quase. talvez se tivesse sido a primeira vez, ele teria voltado para o abraço com cheiro de perfume caro de kim sunwoo. se fosse a primeira vez, ele correria de volta para ele como se o mundo todo o pertencesse, como de sunwoo fosse só dele. mas aquela não era a primeira vez. e haknyeon estava cansado de toda aquela merda.

ele sabia que era um fodido, e sabia que agora estava sozinho no meio de toda a merda que vivia diariamente. mas haknyeon não se deixaria cair naquela mais uma vez.

ele achava irônico o jeito como a vida estava sempre tentando lhe surpreender de um jeito diferente, dentre todas as piores opções possíveis. sexo, dinheiro, assassinato. o mundo estava constantemente tentando vicia-lo em coisas que o matariam, mas adivinha? haknyeon já estava no fim do mundo há tempos.

haknyeon já estava no limite de sua própria vida, então já não importava mais as palavras de sunwoo ou os cigarros que haviam acabado no caminho para casa, a vida continuaria sendo uma vadia de qualquer jeito. e ele teria que lidar com aquilo sozinho, como sempre, de qualquer jeito.

antes que pudesse virar as costas e sair dali com o resto de seu último cigarro, haknyeon abriu suas mensagens e mandou um "vai se foder" para kim sunwoo antes de bloqueá-lo. guardou o celular no bolso da calça jeans rasgada e voltou a caminhar abaixo do céu que agora já havia escurecido.

porque de uma coisa haknyeon tinha certeza; ele se surpreenderia com a vida quantas vezes precisasse, mais nunca mais se surpreenderia com kim sunwoo.

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