Cor-de-rosa não

Por que cor-de-rosa?

   Querido diário, meu nome é Luciana mas prefiro ser chamada de Lucy, tenho 14 anos, eu cresci sem minha mãe, ela faleceu quando eu tinha apenas 7 anos de idade meu pai tem uma certa deficiência visual, mas pra ser sincera tenho serias duvidas sobre isso, eu passo caladinha e ele sempre sabe que estou perto, é incrível. Como somos só eu e meu pai dividimos as tarefas, eu lavando a louça, varrendo a casa, e outras coisinhas mais e ele sempre fazendo o que esta ao alcance dele para me ajudar, infelizmente minha madrinha Jheinny está sempre por perto para ''cuidar" de mim e me ensinar a gostar de ''coisas de meninas''.

        Ontem eu estava jogando bola com meu melhor amigo o TJ e quando cheguei em casa ela estava lá, com uma sacola rosa e então fingindo que não há vi subi as escadas diretamente para o meu quarto, fui tomar um banho, e ela como sempre entrou em meu quarto e esperou que eu terminasse para vir me dando a mesma bronca de sempre - Nossa como você consegui ficar correndo de um lado para o outro? e eu como sempre lhe respondia - Do mesmo jeito que a senhora só sabe comprar coisas rosas e essas bobeiras, ela sorriu e me entregou o vestido e disse. - Na sexta-feira a noite você vai usa-lo no jantar em família junto com o salto que a dinha te deu, tudo bem? Pode fazer isso por mim? Para agrada-la eu disse que sim, más odiava ter que usar essas frescuras de menininhas, as vezes eu gostaria de ter nascido homem e imagino que tudo seria bem mais fácil.

        No dia 18/11/1998 um dia antes do tal jantar em família, estava a caminho do campinho de futebol que eu jogava bola com o TJ, e então vi o novo morador da casa ao lado da minha, a famosa casa 22A, um garoto de cabelos negros com cachinhos, de olhos claros, pele branquinha, parecia um anjo de tão lindo que era, não sei bem o que aconteceu comigo naquele momento, meu coração disparou como nunca havia desparado antes, eu simplismente não tinha reação nenhuma, derrepente o tempo fecha e a chuva começa, entao TJ e eu voltamos correndo para minha casa e chegando lá comecei a converssar com meu amigo querendo saber mais sobre o menino da casa ao lado (22A), então TJ me disse que ele era seu primo, não consegui acreditar nisso e só eu queria descobrir mais sobre aquele garoto tão perfeito que apareceu em minha frente.

        Naquela noite fiz o que me era de costume, fiz o jantar para mim e meu pai, e fiz todos os meus a-fazeres e fui me deitar e tentei dormir mas foi impossível, não conseguia parar de pensar nele então me levantei para tomar um copo de leite para tentar dormir entao vejo meu pai sentado na sofá da sala ouvindo o radío e pergunto a ele se ele sabia o nome do novo vizinho e ele disse que era Caio e me perguntou o por que do interesse e respondi que era apenas curiosidade, eu não podia dizer ao meu pai porque de algo que nem eu mesma sabia, então voltei ao meu quarto e com muito custo consegui dormir.

        Chegou a tão desagradavel, sexta feira do jantar em familia, até hoje não compreendo pra que fingimos ser o que nao somos somente para nos tornamos superiores uns aos outros, mas enfim, foi exatamente neste dia que eu descobri o que estava acontecendo comigo, indo para o mercado junto com o TJ esbarrei com o Caio, eu quase cai se nao fosse ele para me segurar eu poderia ter me esborrachado, nossa fiquei morrendo de vergonha disso, e foi entao que ele e TJ começaram a converssar e pela primeira vez escutei a voz dele, foi um simples - oi primo e oi amiga do meu primo.

        Poxa, o meu anjinho é primo do meu melhor amigo? Neste momento fiquei totalmente sem reação, como eu poderia imaginar que ele seria primo do meu melhor amigo, foi totalmente surpreendente, TJ me perguntou se eu estava apaixonada pelo seu primo Caio e rapidamente lhe disse que não e completei, dizendo que eu nunca iria me apaixonar por garoto algum.

Chegando em casa logo depois do jantar, me deitei no sofá e a única coisa que queria era tirar a porcaria que era aquele salto então pego meu celular e havia uma mensagem de um numero desconhecido que dizia boa noite princesa. Fiquei boba, quem poderia ter me mandado aquilo pensei nisso a noite toda e acabei pegando no sono ali no sofá mesmo.