29 de Agosto de 1991
"Visitante incomum"
A Privet Drive número quatro era famosa. Não por seus – falsamente – gentis donos, ou pelo querido e adorável – e esnobe – Dudley. O senhor Dursley era diretor de uma firma chamada Grunnings, que fazia perfurações, ele era um homem alto, corpulento, e quase sem pescoço, embora tivesse enormes bigodes. E não, não era famoso pelo seu negócio "inovador".
A senhora Dursley era magra e loira e tinha um pescoço quase duas vezes mais comprido que o normal, o que era extremamente útil porque ela passava grande parte do seu tempo espichando-o por cima da cerca do jardim para espiar os vizinhos. E apesar de ser famosa por ser uma tremenda bisbilhoteira, não era tão conhecida por isso.
Os Dursley tinham um filhinho chamado Dudley, o Duda, e em sua opinião não havia garoto melhor em nenhum lugar do mundo. Tinha um rosto redondo e vermelho, um pescoço minúsculo e um cabelo loiro sem graça. Tia petúnia o comparava com um pequeno anjinho, Harry sempre o comparava com um porco gordo de peruca. Duda era encrenqueiro, esnobe, mimado e insuportável. Bem conhecido por bater nas crianças mais novas e esmagar as plantas da velhinha que morava na casa número cinco, mas ele não era tão afamado por ser um vândalo mirim.
Se você perguntasse a qualquer um dos três, eles eram uma família feliz, perfeitamente normal e sem nenhum tipo de segredo.
Os vizinhos discordavam fielmente.
O que tornavam os Dursley famosos eram os boatos rondavam a rua dos Alfeneiros. Boatos sobre a casa número quatro na Private Drive. Barulhos estranhos, uivos altos, sons de garras arranhando, estrondo de coisas quebrando, choros baixinhos e às vezes gritos altos.
Fofocas que a casa era mal assombrada.
Mas, os vizinhos nunca sequer imaginariam que o causador de todos os barulhos era o pequeno Harry. Não que conhecessem bem o garotinho, longe disso. Harry era proibido de sair por mais tempo que o necessário e mais proibido ainda de socializar com as pessoas, mas geralmente trocava uma ou duas palavras com os moradores quando cuidava do jardim ou estava lavando a louça e uma senhorinha acenava para ele por o ver através da janela de vidro.
Durante o passar dos anos, os barulhos começaram a ficar ensurdecedores e as reclamações vinham sendo gritadas aos berros ou por manuscritos enormes enviados por inúmeras cartas. Diziam para Petúnia e Válter se livrarem do cachorro barulhento deles ou teriam que ser obrigados a se retirarem do condomínio.
Os sons agonizantes acabaram, mas em compensação, o pequeno e doce Harry não era mais visto com tanta frequência.
— O mandamos para uma escola para delinquentes... o menino é descontrolado, quase um monstro! – Exclamava Petúnia, para quem quer que quisesse ouvir e, principalmente, para as vizinhas que eram tão fofoqueiras quanto ela.
Bem, as velhinhas que "conversavam" com Harry não acreditavam muito, mas quando ele começou a voltar para os Dursley no período das férias, parecia cada vez mais um delinquente, com cicatrizes na pele e os olhares meigos sendo trocados por olhadas firmes e frias, apesar de sempre sorrir um pouco quando alguém falava com ele.
Harry grunhiu, esfregando os olhos e esticando os braços para tatear seus óculos pelo chão. Piscou diversas vezes e sentiu seu nariz coçando por conta da poeira acumulada no ambiente.
Não sabia bem qual lugar era pior: A casa dos seus tios ou a escola Crunchem Hall.
Talvez os dois entrassem em um empate.
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Full Moons - Primeiro Livro
FanfictionMonstro. Harry se habituou a ser chamado assim, ouviu tantas vezes que era até fácil assumir que ele realmente era um. Sanguinário, monstro, desprezível, e asqueroso. Algo sobre a força que aquelas palavras tão ásperas, e que já não tinham o efeito...