ᴠɪɴᴛᴇ ᴘʀᴀᴛᴀs

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Eles indo pro rolê tão piticos

No mesmo instante, fico decepcionado.

— Você se chama Arthur? — pergunta  garota.

Ela está usando um crachá, Ana tem um crachá da Pinkberry. Como é que ela sabe meu nome?

— É. Meu nome é Arthur.

Ela suspira e aponta para o crachá.

— Eu trabalho aqui na rua. Tem uma garota no telefone lá dizendo que é uma emergência.

Carolina!

Fico impressionado com a rapidez com que saio da mesa e passo pela porta. Saio correndo pela rua até chegar à Pinkberry e abro a porta. O cara atrás do balcão me olha estranho e recua um passo. Estou sem fôlego e ofegante, mas aponto para o telefone atrás dele.

— Tem alguém me aguardando na linha?

Ele pega o aparelho, aperta um botão e me entrega.

— Alô? Carol? Você está bem?

Não ouço logo sua voz, mas sei que é ela, só pelo suspiro.

— Arthur! Ah, graças a Deus você ainda estava lá. Desculpe mesmo. Meu voo atrasou e tentei ligar para o restaurante, mas o número deles foi cortado, depois tive de embarcar. Consegui finalmente o número quando pousei e tentei ligar várias vezes, mas só dava ocupado, então eu não sabia mais o que fazer. Agora estou num táxi e peço desculpas de verdade por estar tão atrasada, mas não tive como entrar em contato com você.

Eu não sabia que meus pulmões conseguiam prender tanto ar. Exalo, aliviado e decepcionado por ela, mas completamente eufórico que tenha vindo mesmo. Ela se lembrou, veio e vamos fazer isto de verdade. Pouco importa que agora ela saiba que passei as últimas duas horas esperando no restaurante.

— Arthur?

— Estou aqui — digo. — Está tudo bem, que bom que você conseguio. Mas deve ser mais rápido você me encontrar na minha casa. O trânsito está um pessadelo por aqui.

Ela pede o endereço e eu dou.

— Tudo bem. — Ela parece nervosa — Vejo você daqui a pouco

— Tá, estarei lá.

— Ah, espere! Arthur? Hum... Eu meio que disse à garota que atendeu ao telefone que você pagaria vinte pratas se ela desse o recado. Desculpe por isso. Ela me passou a impressão de que não ia fazer, então tive que subornar.

Eu rio.

— Não tem problema. Vejo você daqui a pouco.

Ela se despede de mim e entrego o telefone a Ana, que agora está atrás da caixa registradora. Ela estende a mão para vinte dólares. Pego a carteira e entrego a nota.

— Eu poderia pagar dez vezes mais pelo telefonema dela.

[...]

Ando de um lado para outro na entrada.

O que estou fazendo?

Tem tanta coisa errada nisso. Sequer conheço essa garota direito. Passei algumas horas com ela e estou me comprometendo a escrever um livro sobre ela? Sobre nós? E se desta vez nem mesmo tivermos alguma sintonia? Talvez eu estivesse num período tarado no ano passado e estava apenas num estado de espirito excepcionalmente receptivo e generoso. Talvez ela nem seja engraçada. Pode ser uma escrota. Pode estar estressada por causa do voo atrasado e talvez nem queira estar aqui.

The Date~Volsher Adaptation~Onde histórias criam vida. Descubra agora